Comer & Beber 2020: ensaio mostra dez casas que resistem ao tempo
Restaurantes, bares e empórios com pelo menos 40 anos de contribuição para a gastronomia paulistana fazem parte dessa deliciosa viagem pelas décadas
Das 24 edições de VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER, foram pinçados pelo menos cinquenta estabelecimentos com mais de quarenta anos que enfrentaram a pandemia e persistem, com resiliência, a oferecer a boa mesa. Parte deles continua a ser publicada na revista, do mais antigo de todos em atividade ininterrupta, a pizzaria Castelões, que teria surgido em 1924, aos caçulinhas quarentões Martín Fierro, Famiglia Mancini e Zur Alten Mühle. Dez deles foram escolhidos para ilustrar o ensaio nas páginas a seguir. É uma deliciosa viagem no tempo, um deleite!
Como outros endereços árabes de sucesso, surgiu no centro. O ano era 1950. Com o correr do tempo, acabou espalhando-se por shoppings, onde ajudou a difundir a culinária do Oriente Médio. Sua unidade mais antiga ainda em atividade é uma belezura modernista. Ocupa o imóvel original do Bar Arpège, no centro, e é ali que serve quibes, esfirras e outras delícias típicas. Ao fundo, há um mural no qual desfila uma caravana com beduínos.
A casa ficou famosa pelos produtos importados e pelas cestas de presente que fazia sob encomenda e também nos finais do ano, num período de muitas glórias do centro. Hoje, a fama vem das deliciosas empadas, que continua a servir na Rua Líbero Badaró, onde está desde a década de 20, no térreo do Edifício Sampaio Moreira, o primeiro arranha-céu de São Paulo, desenhado por Christiano Stockler e Samuel das Neves. O empório de secos e molhados surgiu antes. Foi aberto pelo lusitano José Maria Godinho em 1888 na Praça da Sé. Sócio desde 1995, o paulistano Miguel Romano só assumiu o comando em 2001.
Antes comuns na cidade, sobretudo na Zona Sul, as tabernas germânicas foram desaparecendo. Esta autêntica representante fundada pelo imigrante Willy Heying (1927-2001) em 1980 segue firme, com seus móveis de madeira escura, sob a batuta dos filhos Werner e Carlos. Bons canapés e canecas de chope continuam a fazer a alegria do público.
É quase centenária a pizzaria mais antiga da capital, que ocupa o mesmo imóvel desde a fundação, no Brás, por Ettore Siniscalchi. Com muitas modificações, é claro. Apaixonado pelo Rio de Janeiro desde que viu um jogo do Palmeiras na antiga capital da República, o proprietário passou a casa a Vicente Donato, hoje tocada pelo neto dele, Fabio Donato. O que não muda é o forno de pizza, onde são assados discos de bordas generosas como o de calabresa.
Melhor cartão de visita gastronômico do centro, o charmoso La Casserole foi fundado pelo casal Fortunée e Roger Henry, espelhado com o Mercado de Flores, em 1954. E permanece no mesmo ponto, mas sob a direção segura da filha deles, Marie France, e o caçula dela, Leo. No cardápio estão clássicos eternos, como o filé au poivre, preparados com um vigor que faz do restaurante uma referência da culinária francesa na cidade.
A cantina nasceu em um barracão improvisado na casa dos fundadores, o casal de italianos Maria Prezzioso e Francesco Buonerba. Instalada no mesmo endereço de Higienópolis desde 1968, depois de atender na Bela Vista desde 1949, sempre viu multidões bater à sua porta por causa de uma receita criada cinco décadas atrás pelo filho deles, Toninho Buonerba (1939-2018). É o famoso polpettone, um bolo de carne recheado de muçarela e copiado Brasil afora. Ah! O salão passou por um lifting recente e está com cores mais claras. É claro que as garrafas estilizadas de chianti não desapareceram da decoração. Nem podem.
Em maio fez cinquenta anos que o casal Luiz e Idalina Fernandes transformou um velho armazém em um ótimo botequim. Pouco a pouco, o espaço original foi ganhando anexos nos imóveis vizinhos e se tornou um festivo ponto de encontro no Mandaqui, onde se comem deliciosos petiscos. Atualmente está sob a batuta de Luiz Eduardo, um dos filhos do casal, e das netas Catarina, Carolina e Clara.
Aberta pelo casal de italianos Speranza e Francesco Tarallo em 1957, ficava no Morumbi e se chamava Esperança, assim em português. Foi só em 1961 que migrou para o Bixiga, onde parece ter nascido e foi rebatizada com a grafia original do nome da fundadora. Durante anos, não funcionou só como pizzaria, mas também era a residência da família. Em 1977, os Tarallos ergueram o prédio onde a segunda geração mora até hoje, em Moema. No térreo, montaram, em 1979, a única filial que a casa clássica tem.
A casa de grelhados nasceu em 1957 na então elegante Rua Vieira de Carvalho, no centro. Para estimular o consumo de um corte com nome em inglês, entre os tantos que foram lançados e copiados pela concorrência, por décadas incorporou baby beef ao nome. Hoje, concentra-se em um único endereço, além do majestoso irmão A Figueira Rubaiyat, mas chegou a ter três unidades na capital. Desde 1977, as carnes de qualidade podem ser saboreadas neste amplo espaço na Avenida Brigadeiro Faria Lima.
Não acredite nesta aparência de supermercado da Casa Santa Luzia. Fundada como um empório pelo português Daniel Lopes na Rua Augusta, a casa é uma espécie de department store de iguarias e vinhos, com um enorme vitral no qual se desenham pontos turísticos paulistanos. Fixou-se no atual endereço da Alameda Lorena em 1981 e desde então recebe um público interessado em comprar do essencial álcool 70º a delícias elaboradas em sua rotisseria.
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