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Lei da gorjeta: estabelecimentos aumentam taxa de serviço

Alguns restaurantes e bares da capital já aplicam o valor; entenda a mudança

Por Gabrielli Menezes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 jan 2022, 10h23 - Publicado em 2 jun 2017, 19h10
Taberna da Esquina: o endereço de Edrey Momo implementou o aumento no dia 23 (Mario Rodrigues/Veja SP)
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Muitos dos habitués que saboreiam clássicos no La Casserole, uma instituição francesa no centro, talvez nem reparem na novidade. Os mais atentos, porém, podem ter uma surpresa ao receber a conta: o preço da refeição, que ali dificilmente sai por menos de 130 reais por pessoa, está um pouco mais salgado. A razão não é o aumento do valor dos pratos, mas sim a nova taxa de serviço, que o restaurante começou a aplicar em 1º de junho. Em vez dos costumeiros 10%, agora são adicionados 13% ao total da nota.

O motivo da pequena dentada no cliente é a Lei da Gorjeta, ou número 13.419, em vigor desde 13 de maio. O texto regulamenta a distribuição da caixinha entre os empregados e estabelece que esse valor seja registrado na Carteira de Trabalho, na Previdência Social e no contracheque. Com a mudança, os patrões podem reter até 33% da gratificação com a intenção de saldar os impostos aplicados. Para evitarem que os funcionários recebam menos, donos de restaurante recorrem ao artifício de fazer o acréscimo nos 10%.

Interior da Cervejaria Nacional, em Pinheiros.
Cervejaria Nacional: aumento na conta final (Mario Rodrigues/Veja SP)

A tarifa ampliada já vale nas casas badaladas do Grupo Maní — o contemporâneo Maní, o variado Manioca e a Padoca do Maní. Lugares com tíquete menor, como a Cervejaria Nacional, também aderiram. Em alguns casos, o porcentual a ser pago chega a 15%, como no D.O.M., do chef Alex Atala. Lá, a gorjeta já estava em 13%, rotina em alguns endereços estrelados da cidade. “A quantia não é exatamente um valor absurdo, e é, ao mesmo tempo, suficiente para fazer diferença para o trabalhador”, defende o restaurateur Edrey Momo, que adotou a cobrança na Tasca, na Taberna e na Padaria da Esquina.

Antes disso, a maior parte da brigada recebia os 10% no fim do mês, livres de qualquer imposto. A prática gerou muitos problemas na Justiça do Trabalho, quando ex-funcionários entravam com ações incorporando a caixinha ao salário. A nova legislação foi criada para tentar resolver o problema. Essa alteração vem rendendo alguns desentendimentos.

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Um episódio pitoresco ocorreu em 20 de maio no sempre lotado boteco Veloso, na Vila Mariana. Seis funcionários de um total de setenta não engoliram bem a notícia do desconto dos impostos na gratificação e faltaram no dia seguinte à introdução da mudança. “Para acalmar os ânimos, expliquei que, embora o valor líquido fosse diminuir, eles ganhariam em outros benefícios”, afirma Otávio Canecchio, dono do estabelecimento.

Restaurante La Casserole
La Casserole: cobrança de 13% no total da conta desde a semana passada (Mario Rodrigues/Veja SP)

Ele ainda não definiu se e quando aumentará a taxa de serviço. “Para que haja concorrência justa, é possível que todos os restaurantes passem, aos poucos, a cobrar 13%”, afirma Rubens Fernandes, diretor executivo de negociação do Sinthoresp, sindicato dos trabalhadores de restaurantes e bares.

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Na prática, o pagamento continua opcional para o cliente. “Nem percebi os 13%”, diz o advogado Rodrigo Araújo, que almoçou no Taberna da Esquina no dia 30. “Mas não negaria o pagamento, pois não vejo razão para prejudicar o garçom.” Os proprietários de estabelecimentos conseguem enxergar uma vantagem nesse repasse. Alguns acreditam que haverá uma melhora da mão de obra.

“O atendimento vai ter de ficar sensacional para que o cliente desembolse tanto”, acredita Ina de Abreu, do Mestiço. A empresária pretende introduzir os 3% a mais possivelmente em agosto. No trio de casas Due Cuochi Cucina, de Ida Maria Frank, a alteração também será implementada no segundo semestre.

 

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