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Procon promete intensificar vistorias em restaurantes

Numa fiscalização recente a 23 estabelecimento renomados da cidade,  a entidade encontrou alimentos fora do prazo de validade em sete locais

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 jan 2022, 09h49 - Publicado em 21 jun 2017, 14h24

Nos dias 8, 9, 12 e 13 de junho, 23 restaurantes paulistanos foram visitados, sem aviso prévio, por catorze fiscais da Fundação Procon SP. Sempre em dupla, os inspetores checaram prateleiras, estoques e geladeiras para conferir se tudo estava etiquetado e com a data de validade em dia. “Todos os restaurantes são fiscalizados, do pequeno ao maior”, garante Paulo Miguel, diretor-executivo do órgão. Para essa primeira grande operação de 2017, apelidada de Cupido, os eleitos foram endereços badalados da gastronomia paulistana. “Essas operações serão mais frequentes a partir de agora”, avisa Miguel.

Sete das casas vistoriadas abrigavam produtos fora do prazo da validade nos estoques, devidamente fotografados pela equipe de fiscais. A multa da autuação pode variar de 608,23 reais a 9 milhões, a depender do faturamento do local.

A maioria dos estabelecimentos que serão autuados não contesta a inspeção e garante que os produtos não seriam utilizados em suas receitas. Segundo o diretor, nenhum dos restaurantes que apresentaram o problema é reincidente.

No megaempório Eataly, no Itaim Bibi, que conta com seis restaurantes e comercializa mais de 9000 produtos, foram encontrados 12,8 quilos de massas e 130 quilos de creme de cacau, entre outras mercadorias, passados da data de vencimento. “Os produtos estavam em uma área específica do depósito onde fica estoque para destruição. Naquele momento, não estavam com identificação”, afirma Victor Leal, um dos executivos responsáveis pela operação do Eataly no país.  Perguntado se irá recorrer, Leal afirma que sim. “Estava evidente que os produtos estavam em área para destruição.”

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Toninho Buonerba, do Jardim di Napoli: “deveriam fiscalizar barraquinha de rua” (Ricardo D'Angelo/Veja SP)

O Paris 6 Classique, no Jardim Paulista, guardava na câmara fria dois pacotes de linguiça também fora do prazo de validade. Segundo o proprietário Isaac Azar, o embutido deveria ser testado por ele, que planejava trocar de fornecedor. “Eu estava fora do país e acabei não provando. E, como estava em meu nome, não descartaram”, afirma.

O Amadeus, também nos Jardins, tinha uma porção de molho de tomate que havia sobrado da noite anterior e que ficara na geladeira. “Da forma que estão noticiando, parece que o alimento era impróprio para consumo, o que é muito injusto”, protesta a sócia e chef Bella Masano.

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Em Higienópolis, a cantina Jardim di Napoli será autuada por causa de dois pacotes de massa de fabricação própria vencidos e uma panela de molho sem identificação da data de produção. “A população come em barraquinha no meio da rua, sem garantia de procedência, nada. Isso é que devia ser fiscalizado”, reclama o proprietário Toninho Buonerba.

A pizzaria Dona Firmina, em Moema, tinha em seu estoque uma caixa de ovos de codorna e um pacote suspiro fora da data de validade. De acordo com o sócio Paulo Martinho, os dois produtos foram utilizados para testes e seriam descartados por não terem a qualidade esperada. “Agora vamos triplicar o cuidado”, garante.

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Produtos como feijão e lombo de bacalhau foram fotografados pelos fiscais no Fogo de Chão de Moema fora da data recomendada de consumo. Em nota encaminhada à VEJA SÃO PAULO, o grupo afirma que se tratam de “amostras recebidas de fornecedores diversos e que estavam segregadas para descarte”. Sobre as costelas temperadas e tortilhas de milho achadas no Outback do mesmo bairro, a rede se reserva a dizer que “prestará os devidos esclarecimentos ao Procon”.

O megaempório Eataly: massas e pasta de cacau fora do prazo (Mario Rodrigues/Veja SP)

A blitz também constatou outras irregularidades menores entre os 23 endereços, a exemplo de ingredientes sem informação etiquetadas com a data de abertura da embalagem. Na unidade do Itaim do Rubaiyat, por exemplo, foi localizado um saco de açúcar que acabara de ser aberto para preparar uma tarte tatin, sem a devida etiqueta. “Revisaram de cabo a rabo o restaurante” , diz o proprietário Belarmino Iglesias Filho, que reconhece o valor desse tipo de ação. “Acho superimportante fazer a fiscalização. Obriga a investir na qualidade do setor, ter nutricionistas, a melhorar.”

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Dos 23 endereços analisados, apenas três deles passaram 100% incólumes, todos no Itaim Bibi: o Ráscal, de comida rápida, o italiano Nino Cucina, que tem como sócio o chef do ano por VEJA COMER & BEBER, Rodolfo De Santis, e o especializado em carnes Le Bife. Casa com as cinco-estrelas máximas atribuídas pela edição especial, o D.O.M., do chef Alex Atala, tinha cozinha “impecável”, de acordo com os fiscais, mas o valet não apresentava “preço ostensivo”, ou seja, em número em tamanho grande e com detalhes, conforme a inspeção.

Embora apoiem a blitz do Procon, os chefs e proprietários dos estabelecimentos afirmam que há ainda muito ruído de informação. “Gostaria que houvesse cada vez mais uma proximidade maior entre os órgãos e os estabelecimentos”, defende Bella Masano. “Deveriam fazer cursos explicando essas normas”, acrescenta Belarmino.

Em abril, o Procon fez uma revista parecida em salões de beleza de bairros nobres, e todos os 34 endereços visitados apresentavam produtos vencidos. Esse tipo de operação nos restaurantes se soma à vistoria da Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde), que aparece nos estabelecimentos tanto para “serviços rotineiros de fiscalização” quanto a partir de denúncias.

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[colaboraram Arnaldo Lorençato e Fábio Galib]

 

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