Por sucesso nas redes, bartenders apostam em drinques diferentões
Com as criações, o Olívio Bar arrebanhou 20 000 seguidores no Instagram, o que significa mais clientes no balcão da casa
A cena é cada vez mais comum nos bares. O sujeito pede um drinque e o que vem à mesa está longe de ser um simples copo com bebida. No Seu Bibi, se a escolha for o clássico moscow mule (34 reais), a tradicional caneca de metal dá lugar a uma minibanheira de plástico com direito a um pato de borracha boiando na mistura. A despeito da apresentação esquisitona, o coquetel não faz feio no paladar.
O caprichado boom, de rum, maçã verde, abacaxi, espumante e vermute seco (39 reais), do bar., traz uma bexiga com canela em pó que deve ser estourada pelo cliente. Se o the life (38 reais), do The Juniper 44º, chega soltando fumaça, isso não interfere em nada no delicioso mix de uísque irlandês, licor de cassis, amora, grapefruit e bitter.
No Tetto Rooftop Lounge, o agradável carrington (37 reais) é servido em uma esfera de vidro presa a um suporte de metal. Leva gim ao mel de abelha uruçuamarela, hortelã, limão e água tônica.
O sabor da composição é tão importante hoje quanto a ideia de chamar a atenção não só de quem está na mesa ao lado, mas, principalmente, dos usuários das redes sociais. “Investimos no moscow mule na banheira como uma forma de marketing”, justifica Murilo Machado Vaquero, um dos sócios do Seu Bibi. “Tivemos um retorno muito bom. Tanto é que estamos importando novos copos da China para multiplicar a linha de coquetéis de visual diferente.”
Outro estabelecimento que tem apostado nessa área é o Olívio Bar, que em julho aportou na Vila Madalena. Dos mais de sessenta drinques da carta, doze recorrem a estripulias visuais. O resultado? Nesses seis meses de funcionamento, o lugar arrebanhou perto de 20 000 seguidores no Instagram, com fotos de suas misturas despudoradamente exibicionistas — número bem maior que o de bares que oferecem coquetéis mais equilibrados no sabor, como o Guilhotina e o Frank.
No liberté (32 reais), a combinação de gim, rum aromatizado com coco, limão, abacaxi e licor de laranja na taça é enjoativa, mas sua aparência causa impacto: ela chega em uma gaiola. “Vivemos a geração da internet, e com isso precisamos constantemente nos destacar”, diz o sócio João Warzèe, responsável pela carta ao lado do bartender José Roberto Ribeiro, o Argentino.
Um dos expoentes da nova safra de profissionais que invadiram os balcões da cidade, Marcelo Serrano vem desenvolvendo misturas com aspecto inusitado desde que assumiu o extinto MyNY Bar, no Itaim Bibi, em 2009. Hoje é responsável pelos bares do grupo CGC, do empresário Marcos Livi, entre eles o Quintana e o Veríssimo.
Para esse último endereço, ele criou o say my name (35 reais), uma releitura do rabo de galo com cachaça envelhecida, Cynar e toque de licor marasquino, apresentado em duas ampolas e um copo de conhaque com fatia de pepino. “Desse modo, o cliente pode fazer toda uma experiência sensorial ao beber de diferentes recipientes”, explica. “Drinque também se bebe com os olhos.”
bar. Rua Joaquim Antunes, 248, Jardim Paulistano, ☎ 3061-3810.
Olívio Bar. Rua Delfina, 196, Vila Madalena, ☎ 2372-6477.
Seu Bibi. Rua Pedroso Alvarenga, 668, Itaim Bibi, ☎ 3938-4276.
Tetto Rooftop Lounge. Avenida Rebouças, 955, 25º andar (WZ Hotel), Jardim Paulista, ☎ 3062-2851.
The Juniper 44º. Rua Doutor Renato Paes de Barros, 115, Itaim Bibi, ☎ 3078-1540.
Veríssimo. Rua Flórida, 1488, Brooklin, ☎ 5506-6748.