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O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também comanda o Cozinha do Lorençato, um programa de entrevistas e receitas no YouTube. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie

Os bastidores do ‘MasterChef’: acompanhei a primeira gravação do reality

Rodrigo Oliveira substitui Henrique Fogaça na décima temporada do programa, que estreia em 2 de maio

Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 abr 2023, 12h11 - Publicado em 21 abr 2023, 06h00
Homem veste camisa azul e segura peixe sem pele
Aula de mestre: como porcionar uma pescada-amarela (Melissa Haidar/Band/Divulgação)
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O mais comentado e competitivo reality culinário da TV brasileira, o MasterChef Brasil, chega à sua décima temporada para amadores cheio de novidades, muitas delas nostálgicas, para relembrar o que rolou ao longo do período — sim, parecem que foram muito mais edições, já que, em quase uma década, houve ainda versões especiais para profissionais, crianças, idosos, famosos… Esta temporada terá vinte episódios, com estreia na Band marcada para 2 de maio, às 22h30.

Rodrigo Oliveira no palco com os colegas Helena, Jacquin e Ana Paula
Rodrigo Oliveira no palco com os colegas Helena, Jacquin e Ana Paula: vibração (Melissa Haidar/Band/Divulgação)

A principal alteração, porém, é bem recente e está no elenco, sempre muito azeitado. Trata-se da presença do quinto jurado, Rodrigo Oliveira, do Mocotó, na Vila Medeiros e na Vila Leopoldina, e do Balaio IMS, na Consolação, no time de avaliadores. Ele ocupa o lugar de Henrique Fogaça, do Sal Gastronomia, que se distanciou do MasterChef para resolver problemas pessoais. Sobre ficar com o posto do dono do bordão “sentar na graxa”, Rodrigo disse em entrevista exclusiva à Vejinha: “São botas difíceis de calçar. O Fogaça é sinônimo desse programa”.

Rodrigo Oliveira na primeira avaliação no programa
Rodrigo Oliveira na primeira avaliação no programa (Arnaldo Lorençato/Veja SP)

Mudanças como essa geram expectativa, uma vez que o novo integrante precisa ser aceito pelo público. Não é, porém, a primeira vez que isso acontece no reality. Quando Paola Carosella, do Arturito, em Pinheiros, e da rede La Guapa Empanadas, deixou a produção em 2020 e foi substituída por Helena Rizzo, do Maní, no Jardim Paulistano, o que poderia ser um desastre mostrou- se um tiro certeiro, uma vez que os espectadores caíram de amores pela bem- humorada novata.

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O novo integrante de agora recebeu as bênçãos da diretora do reality, Marisa Mestiço. “Quis cuidar de perto da escolha da pessoa que substituiria o Fogaça e resolvi apostar tudo no Rodrigo”, explica ela, que, junto com a apresentadora Ana Paula Padrão, é a profissional mais antiga ligada ao reality. “Desde a troca da Paola pela Helena, sempre estou de olho em outros chefs.” O que encantou Marisa foi trazer para a competição um representante da culinária nordestina. “Muita gente tem preconceito, pensa que é pesada, gordurenta, de sustança.” O cozinheiro paulistano de ascendência pernambucana chega ao MasterChef em um momento particularmente agitado de sua vida. Acaba de abrir a primeira filial do Mocotó na Vila Leopoldina. Todo o processo de finalização da reforma da nova unidade estava rolando quando ele recebeu o convite. “Não havia como dizer não para Marisa”, lembra. O novo Mocotó começou a funcionar no último dia 13 e, segundo os cálculos do cozinheiro, consumiu um investimento de pouco mais de 900 000 reais. Nesse endereço, encontram- se pratos exclusivos como deliciosos cuscuz que tive a oportunidade de provar — quem sabe não se tornam tema de uma prova comandada pelo chef.

Muitas pessoas reunidas em frente ao Pacaembu
Os competidores da primeira temporada reunidos no Estádio do Pacaembu (Rodrigo Belentani/Divulgação)

Pude acompanhar a primeira prova desta temporada e ver de perto Rodrigo ao lado dos colegas Helena, Erick Jacquin e Ana Paula. Sem abandonar sua rotineira tranquilidade, subiu ao palco vibrante e com essa mesma energia avaliou sua primeira candidata, Marina. Ela era um dos noventa candidatos iniciais que se inscreveram e foram fazer a prova no magnífico polo cinematográfico Vera Cruz, onde são feitas as gravações depois da estreia do Faustão, que passou a ocupar o maior estúdio na Band. Todos levaram ingredientes de casa e montaram os pratos diante dos jurados, em geral, receitas frias. Estavam todos acompanhados de suas famílias ou de amigos, responsáveis pela torcida.

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Num revival da primeira edição, de 2014, em frente ao Estádio do Pacaembu, os espectadores verão uma prova da colher de pau com o emblema MasterChef. É preciso ganhar uma delas para seguir em frente. As provas vão se afunilando de noventa para 35 participantes para finalmente chegar aos dezoito competidores que poderão disputar o tão cobiçado troféu MasterChef.

Jacquin avalia o prato de Elisa na estreia da primeira temporada do Masterchef Amadores
Jacquin avalia o prato de Elisa na estreia da primeira temporada do Masterchef Amadores (Rodrigo Belentani/Divulgação)

Rodrigo será visto ainda muito à vontade em cena. “Pretendo contar um pouco de onde venho, quem eu sou.” Entre outras coisas, ele fará uma demonstração de como filetar e porcionar uma pescada-amarela. Quando perguntei a ele se houve uma preparação especial para entrar em cena, recebi a seguinte resposta: “Quando fui convidado, falei vou ligar para uma fonoaudióloga, falar com um preparador de atores… Mas passou tão rápido que fiz um encontro com um preparador para entender como me posicionar na frente das câmeras. Mas pretendo, nesses poucos intervalos que há, trabalhar para me comunicar bem”. Pelo pouco que se viu em cena, Rodrigo vai longe.

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Ana Paula Padrão, Marisa Mestiço e Luiza, filha da diretora, em 2015
Ana Paula Padrão, Marisa Mestiço e Luiza, filha da diretora, em 2015 (Arquivo pessoal/Divulgação)

Nove temporadas na memória

Ao longo de quase uma década, o MasterChef para amadores reuniu nada menos que 347 competidores. Talvez a mais emocionante das temporadas tenha sido a primeira. Contava com uma equipe enxuta ante os hoje 160 profissionais que dão duro para pôr um episódio no ar toda terça a partir da estreia. Tinha como primeiro diretor Patricio Diaz, o Pato, e a assistente de ofício era Marisa Mestiço, que assumiu o comando na saída dele, em 2019. A primeira seleção rolou com uma multidão em frente ao Estádio do Pacaembu e é esse clima que se pretende emular na abertura da décima temporada. Todos estavam ali em busca de um sonho: mostrar que sabiam encarar o fogão e preparar pratos de qualidade. Entre os ganhadores da colher de pau, que dava acesso ao programa, estava Elisa Fernandes, que teve de enfrentar o rigor do mais técnico dos jurados: o francês Erick Jacquin. Ela, que disputou uma final apertada com Helena Manosso (1970-2021), hoje é sócia e chef do Clos Wine Bar, na Vila Madalena, premiado como melhor cozinha de bar por VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER em 2020. Quem também venceu o programa e ingressou na gastronomia profissional é o ex-modelo Leo Young. Ele atua como uma espécie de relações-públicas gastronômico do restaurante japonês Tata Sushi, no Itaim Bibi.

Sandra salga o petit gâteau
Sandra Matarazzo: sal no petit gâteau (Rodrigo Belentani/Divulgação)
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Alguns dos episódios seriam cômicos se não fossem quase trágicos. Uma das notáveis competidoras da primeira edição era Sandra Matarazzo. Ela tropeçou no petit gâteau, sobremesa que Jacquin ajudou a popularizar no Brasil. Em vez de açúcar, usou sal, o que foi decisivo para que acabasse eliminada. Outras provas, desafios que pareciam intransponíveis, foram suaves. Queridinha do público na segunda temporada, a chinesa Jiang Pu conseguiu preparar um ragu de cabrito desfiando a carne num processador. O molho usado para regar um nhoque agradou tanto os jurados que ela acabou vencendo com louvor sua primeira prova individual. Isso é MasterChef em essência.

Publicado em VEJA São Paulo de 26 de abril de 2023, edição nº 2838

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