Mocotó em versão 2.0
O Mocotó, localizado num dos extremos da Zona Norte de São Paulo, passará por uma tremenda mudança. Não no cardápio, mas no visual. O chef Rodrigo Oliveira associou-se a três investidores e promoverá uma reformulação geral do salão e da cozinha. “Devemos começar em dezembro, no máximo em janeiro”, adianta o chef, que não se […]
O Mocotó, localizado num dos extremos da Zona Norte de São Paulo, passará por uma tremenda mudança. Não no cardápio, mas no visual. O chef Rodrigo Oliveira associou-se a três investidores e promoverá uma reformulação geral do salão e da cozinha.
“Devemos começar em dezembro, no máximo em janeiro”, adianta o chef, que não se incomoda de trabalhar em meio a obras.
“Tínhamos problemas estruturais, resultado de reformas feitas sem planejamento”, diz. Desta vez, ele conta com projeto bacana, feito pela Lab. Haverá uma cozinha maior e um salão mais confortável, com novos banheiros e acessibilidade em todos os espaços.
“Só os preços não vão mudar”, garante Rodrigo.
As novidades não param na reforma. Rodrigo, que já tinha criado o espaço de culinária Engenho Mocotó na parte superior do restaurante, finaliza a compra do ponto da padaria Rainha de Vila Medeiros, no imóvel vizinho, que fica na esquina.
Em 2012, o local será ocupado pelo Mocotó Café. “Não é uma réplica do Mocotó”, explica. Terá cardápio e estilo de funcionamento diferentes. Começa com o café da manhã nordestino, um banquete composto de cuscuz de milho no vapor, tapiocas, raízes cozidas (mandioca e inhame, por exemplo), ovos (mexidos e moles), queijo de manteiga (o requeijão do Norte) e queijo de coalho, além de bolos como o de rolo e o souza leão (a massa base de mandioca fermentada vem do Nordeste). Como Rodrigo batizou essa mudança geral, surgirá o Mocotó 2.0.
Da Casa do Norte ao Mocotó cult
O Mocotó passou por uma revolução desde que Rodrigo Oliveira começou a pilotar, em 2004, os fogões do restaurante aberto por seu pai, José Oliveira de Almeida, dezenove anos antes, como um empório de produtos nordestinos, a Casa do Norte.
No ambiente com a simplicidade de um botequim, torresmos graúdos, como não há outros na cidade, e a mocofava, um cozido de fava com mocotó, assumiram um status gourmet que comida nordestina nunca teve. A qualidade tem atraído gente de todos os cantos da cidade para a Vila Medeiros, que nunca antes nesta cidade tinha integrado o circuito gourmet. O restaurante virou cult.
São méritos do cozinheiro que trouxe para o negócio técnicas culinárias aprendidas na faculdade de gastronomia. Também contaram a simpatia de Rodrigo, bem como seu azeitado marketing pessoal.
Rodrigo embarcou hoje para a Espanha. No País Basco, ele participa do fórum culinário Gastronomika 2011, de San Sebastián. Falará justamente sobre torresmos e mocofava na segunda (21) para a seleta plateia, em especial de jornalistas de gastronomia do mundo todo. É o caçula do Brasil na turma que reúne Alex Atala, Roberta Sudbrack, Helena Rizzo e seu marido, o espanhol Daniel Redondo, e o francês Claude Troisgros.
“Estou com frio na barriga. Me apresentarei ao lado de caras como o Andoni e Heston. É muita responsabilidade”, ele disse nas conversas que tivemos nesta semana. Leia-se aí Andoni Luis Aduriz, do espanhol Mugaritz, e Heston Blumenthal, do londrino Fat Duck, ambos a frente de restaurantes estrelados e eleitos entre os melhores do mundo pela revista britânica “Restaurant”.
Quarenta quilos de ingredientes sertanejos vão na bagagem de Rodrigo. Os projetos de reforma do restaurante, o chef põe em andamento na volta.