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Notas Etílicas - Por Saulo Yassuda

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O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha há dez anos. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos
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Cadeira de praia e costelinha com a mão? Itaim Bibi está mais descolado

Conheça a nova leva de bares e restaurantes do bairro, conhecido pelos endereços arrumadinhos e até caretas

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Atualizado em 27 jun 2022, 12h37 - Publicado em 24 jun 2022, 06h00
Nora Brass, JuglioOrtiz e Julián Rigo posam em frente ao bar
Nora Brass, Juglio Ortiz e Julián Rigo: à frente do bar Agustín (Ligia Skowronski/Veja SP)
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Bar de ambiente vintage e cadeirinhas de praia. Restaurante com minipratos para compartilhar no centro da mesa. Pizza vendida por pedaço e de comer com a mão. Bem-vindo ao Itaim Bibi. Ou melhor, ao novo Itaim Bibi.

O bairro, conhecido pelos estabelecimentos arrumadinhos e, às vezes, caretas, tem se tornado mais moderno e descontraído gastronomicamente e etilicamente falando (o que não quer dizer que os preços estejam mais baixos). Uma leva de casas, em um movimento não exatamente coeso, vem desenhando essa nova cena contemporânea local.

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Na região até teve tentativas de lugares mais moderninhos no passado, como o Fisherman’s Table, mas eram esporádicas e não prosperaram. “A tendência não é mais a dos bares ‘faraônicos’ ”, acredita o bartender Juglio Ortiz, sócio do Agustín, barzinho tranquilo aberto em setembro na quase escondida Rua Carla.

Tem mobiliário antigo, carta de drinques autorais e cardápio de comidinhas que varia com frequência. Um lugar que teria os requisitos básicos para fazer sucesso em Santa Cecília ou Barra Funda, bairro onde ele e a sócia, a chef Nora Brass, já tiveram um estabelecimento — o chef Julián Rigo completa o trio na afinação do Agustín, de freguesia adulta, acima dos 35 anos.

Fachada do Agustín,com cadeirinhas deveraneio em frente
Agustín, com cadeirinhas de veraneio em frente (Ligia Skowronski/Veja SP)
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“Eu não gostava do Itaim, achava que tinha um público chato, mesquinho”, revela Ortiz, morador do centro. Mas ele pagou a língua. “Hoje, tenho cliente que frequento a casa e que vou até no casamento”, afirma. “É maravilhoso quando vem um CEO ou um diretor de empresa no bar e pede para sentar na cadeira de praia, achando isso o máximo!”

Mas não é sempre assim. Às vezes, os comensais acostumados com os lugares mais pomposos estranham as novidades “descoladas” desse time novato. “Servimos na mesa uma costela suína com osso, numa churrasqueirinha de praia. Ao receber, a cliente perguntou se o garçom não ia servi-la no prato. Ele respondeu que ela poderia comer com a mão. Ela ficou horrorizada!” Quem narra o “causo” é a chef Júlia Tricate, à frente do restaurante variado De*Segunda, onde serve essa receita com purê de broa de milho e outros pratos em parceria com o companheiro e sócio, Gabriel Coelho.

Fachada do De*Segunda
De*Segunda: restaurante descolado (Divulgação/Divulgação)

Agora, com quase um ano de casa aberta, ela diz que a freguesia já entendeu o estilo culinário e de serviço do endereço de paredes descascadas e parcialmente cobertas por azulejos brancos e amarelos. “Temos croquete e sanduíche no cardápio, e a galera come de garfo e faca”, diverte-se.

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Não muito longe, a Paul’s Boutique, nascida em fevereiro, também chama a atenção, mas por dispensar o uso de talheres e vender pizza em pedaço o dia todo num bairro de pizzarias tradicionais como a Camelo e a 1900. “Algumas pessoas não estão acostumadas com nossa proposta e não querem arriscar. Mas, em geral, os mais jovens já vêm conhecer”, conta o sócio e pizzaiolo Paul Cho.

ambiente da pizzaria
Paul’s Boutique: para comer com as mãos (Lígia Skowronski/Veja SP)

Dos empresários com quem Vejinha conversou, apenas Tito Paolone, do italiano Mila, inaugurado em janeiro, tinha a intenção inicial de abrir um negócio na região — outros foram atraídos por propostas de pontos interessantes na busca entre um bairro e outro. O restaurante badalado, instalado no limite com a Vila Nova Conceição, mistura a geografia culinária e pode ter no mesmo prato pappardelle com kimchi, a conserva coreana de acelga fermentada.

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Ousadias de Pedro Pineda, um chef acostumado com o público moderninho do centro — ele cuidava da cozinha do bar de vinhos naturais Beverino, na Vila Buarque. “Nossa ideia é provocar”, costuma dizer Paolone. Ele fala que, no começo, o público do pedaço estranhava o fato de os pratos, menores que o normal, serem pensados para ser partilhados. “A família tradicional paulistana num domingo vinha em oito e queria pedir oito massas. Cada um com a sua. Foi difícil”, relembra.

Ainda assim, o restaurateur calcula que 60% da clientela é de fora e vem de bairros como Pinheiros e Santa Cecília. “A maioria me diz: ‘Putz, só você para me fazer vir para o Itaim’ ”, conta ele, mostrando a resistência que existe de parte do público à área. “O pessoal acha caro, sei lá, essa coisa de ter muito restaurante nariz em pé, elitista. Mas o Itaim perdeu muito disso, está muito mais democrático.”

A NOVA ROTA

> Agustín. Rua Carla, 53, Itaim Bibi, ☎ 97622-5555. @obaragustin.

> De*Segunda. Rua Professor Tamandaré Tolêdo, 160, Itaim Bibi, ☎ 3078-2900. Tem acessibilidade. @desegunda.restaurante.

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> Paul’s Boutique. Rua Doutor Renato Paes de Barros, 167, Itaim Bibi. ☎ 98703-5750. Tem acessibilidade. @paulsboutiquepizza.

> Mila. Rua Bandeira Paulista, 1096, Itaim Bibi, ☎ 2925-8442. @mila_sp.

Para ficar por dentro do universo dos bares e da gastronomia, siga @sauloyassuda no Instagram e no Twitter.

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Publicado em VEJA São Paulo de 29 de junho de 2022, edição nº 2795

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