Durante crise, projetos gastronômicos ficam a fogo lento
Em meio à Covid-19, empresários mudam data de inauguração ou pausam as estreias de restaurantes, bares e endereços de comidinhas
Não foram só os estabelecimentos que estão em funcionamento que sofreram os efeitos da crise desencadeada pela necessária quarenta do coronavírus na capital. Como noticiei duas semanas atrás, a chef Morena Leite interrompeu a remodelação do novo ponto para o qual deve transferir o Capim Santo, também nos Jardins, sem saber se terá fôlego para voltar.
A paralisação se estendeu a outros endereços, como o Seconda Mamma, uma extensão do megassucesso italiano Moma — Modern Mamma Osteria, da dupla Salvatore Loi e Paulo Barros. “Agora é hora de pensar no Moma. Quando passar a crise, retomamos”, diz Barros.
Há também estabelecimentos concluídos, cuja inauguração foi adiada indefinidamente. “Estamos prontos para abrir, com a obra finalizada. Só que não sabemos quando”, diz o francês Claude Troisgros, que trouxe do Leblon para o Itaim a primeira filial do Chez Claude.
Também está em banho-maria para estrear na Vila Olímpia a nona unidade da rede La Guapa Empanadas Artesanais, da chef Paola Carosella e do empresário Benny Goldenberg.
O Café Hotel, em Pinheiros, misto de cafeteria, torrefação de grãos e bar, montado por Marcello Nazareth e Rafael Berçot, sócios do Guilhotina Bar, pelo publicitário Sergio Barros e pelo especialista na bebida Caio Tucunduva, foi postergado. “Por enquanto estamos fazendo delivery de café em grão ou moído que está um sucesso”, conta Nazareth.
A situação se repete com a Padoca Filosófica, em Pinheiros, do casal Paulo e Cláudia Abbud, do árabe Farabbud. Pronta para operar e com a equipe contratada em fase de treinamento, a padaria entrou em compasso de espera. “Se esse período se estender, a manutenção dos funcionários vai depender das medidas do governo para proteger esses colaboradores”, explica o empresário.
Na contramão dessa tendência, o restaurateur do ano Rodolfo De Santis segue com as obras do Madame Suzette, na mesma Rua Jerônimo da Veiga, no Itaim Bibi, onde mantém outros sucessos como o Nino Cucina. “Acho que conseguiremos finalizar em mais trinta dias. Logo que passar a pandemia, estarei pronto para inaugurar”, prevê.
Também segue sem interrupções a montagem da fábrica da cervejaria Dogma, na Mooca, cuja produção se concentra atualmente no bar de mesmo nome em Santa Cecília. “Não tínhamos opção. O galpão estava alugado e as obras, em andamento. Nossa previsão é estar com tudo pronto em maio”, acredita o sócio Luciano Silva.
Ainda em fase incipiente, a micropadaria Zestzing, do casal Claudia Rezende e Sergio Minerbo, tem como sede um ponto de 60 metros quadrados na alameda tietê, projeto de arquitetura em andamento e equipamentos comprados a caminho. “Estamos preparados para um atraso. De toda forma, agora deve ser um bom momento para refletir sobre o futuro do negócio da alimentação”, diz Claudia.