“Vacina é do Brasil, não de nenhum governador”, diz Bolsonaro
Em tom morno, presidente falou pela primeira vez sobre autorização emergencial de imunizantes
Após a Anvisa aprovar o uso emergencial da CoronaVac, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falou nesta segunda-feira (18) que a “vacina é do Brasil, não de nenhum governador”. A agência aprovou também o uso da vacina de Oxford/AstraZeneza.
“A Anvisa aprovou, não tem o que discutir mais. Havendo disponibilidade no mercado, a gente vai comprar e vai atrás de contratos que fizemos que era para ter chegado aqui”, disse o presidente aos apoiadores na porta do Palácio da Alvorada.
O governador João Doria iniciou minutos depois da liberação por parte da Anvisa a imunização em São Paulo. O Ministério da Saúde havia dito ontem que a vacinação no Brasil começaria no dia 20, mas pressionado por governadores, o ministro Eduardo Pazuello afirmou que a campanha vai iniciar nesta segunda (18).
O presidente Bolsonaro, que já se referiu à CoronaVac como "vacina chinesa do Doria", disse nesta segunda (18) que "a vacina é do Brasil, não de nenhum governador" -> https://t.co/8oCbiYQHfy pic.twitter.com/zLTFUeEcz8
— VEJA São Paulo (@VejaSP) January 18, 2021
“Vacina chinesa do Doria”
Antes de ter o uso emergencial liberada pela Anvisa, a CoronaVac chegou a ser chamada por Jair Bolsonaro de “vacina chinesa de João Doria”. O episódio aconteceu em outubro, quando Pazuello disse que iria comprar 46 milhões de doses do imunizante. O presidente desautorizou o ministro e disse que não compraria a vacina. “Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”, disse na ocasião.
Em novembro, Bolsonaro chegou a comemorar a suspensão dos testes da CoronaVac no Brasil após a morte um voluntário (a Anvisa concluiu que o óbito não teve relação com a vacina). “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu.
Corrida pela foto
A aplicação da vacina na população coordenada pelo governo paulista é considerada uma derrota política para Bolsonaro. Na corrida, o presidente, apesar de ter posto em dúvida a eficácia de imunizantes, quis acelerar a chegada da vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford.
O governo federal iria mandar um avião para a Índia buscar 2 milhões de doses do fármaco, mas os indianos negaram o envio por conta do início da própria vacinação. O evento no Palácio do Planalto, de onde sairia a foto de Bolsonaro iniciando a vacinação, foi cancelado.
Ao abrir a vacinação no Hospital das Clínicas de São Paulo, Doria posou ao lado da primeira pessoa imunizada no Brasil. “Hoje é o dia V. É o dia da vacina, é o dia da verdade, é o dia da vitória, é o dia da vida”, disse. “É o triunfo da vida contra os negacionistas, contra aqueles que preferem o cheiro da morte ao invés do valor e da alegria da vida.” Em indireta, Eduardo Pazuello reagiu dizendo que ação era “jogada de marketing”.