Paola Carosella brilha na nova temporada de ‘MasterChef’
Ao lado de Erick Jacquin e Henrique Fogaça, ela encarna bem o papel de chef sensível, rigorosa e sincera
Paola Carosella não tinha sequer uma televisão em casa quando foi convidada a integrar o júri do primeiro MasterChef Brasil, em 2014. Antes de dar a palavra final, pediu ajuda a um conterrâneo, o chef Germán Martitegui, tido como o mais temido jurado da versão argentina do programa. “Se eu sou a tímida que não sai da cozinha, ele vive dentro de uma lata de anchovas”, compara. “Quando o Germán me disse que era tranquilo fazer o negócio, topei o desafio.”
De lá para cá, semana após semana, a profissional vem exibindo cada vez mais segurança diante das câmeras. A julgar pela repercussão de sua atuação nas noites de terça, virou a estrela da vez — coisa nada fácil quando se está ao lado de pessoas como Erick Jacquin, sempre impagável no papel de carrasco dos calouros.
Com um estilo diferente, ela tem levado os usuários das redes sociais à loucura. Desde a estreia da terceira temporada, já foi às lágrimas por três vezes no ar. Na primeira dessas ocasiões, desabou quando uma candidata a envolveu com um lenço estampado com a bandeira nacional. “Não nasci aqui, mas sempre me senti brasileira. Aquele gesto foi muito forte”, lembra, com a voz embargada mais uma vez. “Ela é o que é, sem disfarces, e está mais confiante nas gravações”,elogia a apresentadora Ana Paula Padrão. “Sem contar que é uma mulher linda, elegante, inteligente.”
Por características pessoais e pela experiência adquirida nos dois anos da atração, Paola encarna bem o papel de chef sensível, rigorosa e sincera. Em outros termos, faz a linha endurecer sem perder a ternura. “Amor, isso aqui está pior que comida de avião”, resmungou certa vez, diante de um prato desastroso. Embora se diga avessa ao título de celebridade, a cozinheira tem curtido a onda de popularidade e acha graça da enxurrada de memes que suas caras e bocas rendem a cada episódio.
O programa ainda está esquentando na audiência, com média de 4,4 pontos no ibope (no ano passado, a final registrou 12). Na internet, cada edição costuma ser um dos assuntos mais comentados no Twitter. A animação do público e do mercado publicitário levou a Band a esticar a atual temporada, que terá 25 episódios (sete a mais que a anterior). Sabe-se na emissora que a atração está garantida para o segundo semestre e que terá profissionais das panelas entre os competidores.
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Nos bastidores das gravações, dos três jurados, Paola é a que menos mantém contato com a equipe de produção. Nos intervalos das filmagens, enquanto Jacquin circula, conversa com um e outro e faz uma pausa para fumar o seu charuto, ela prefere, muitas vezes, ficar sozinha. “Nós temos muitos outros compromissos profissionais, e, se ela vai para o camarim, é porque precisa aproveitar o tempo”, contemporiza ochef francês. Henrique Fogaça, que no início dos anos 2000 chegou a fazer um estágio no primeiro restaurante da sua colega de júri, também evita colocar pimenta. “Ela é a mais introspectiva de nós”, define.
Filha única de uma família de classe média, Paola nasceu em 1972, em uma província de Buenos Aires, e cresceu brincando de plantar, colher e cozinhar junto às mulheres do clã — os avós, tanto os paternos quanto os maternos, vieram da Itália. Seu pai, o italiano Roberto Carosella, era fotógrafo e piloto de corridas. A mãe, Irma Polverari, construiu uma bem-sucedida carreira de advogada. Os dois se separaram quando ela tinha pouco mais de 2 anos.
Sua entrada em uma cozinha profissional, logo após completar o ensino médio e frequentar somente por dois dias um curso superior de administração, contou com o apoio financeiro da mãe: durante quase um ano, Irma pagou 100 dólares por mês para que Paola pudesse trabalhar em um restaurante. A garota ainda passou por mais três endereços portenhos antes de seguir para uma temporada de estágio em Paris. De volta à Argentina, acabou na equipe de Francis Mallmann,um dos mais prestigiados nomes da gastronomia do país. “Logo no primeiro encontro, eu vi quanto ela queria cozinhar”, recorda-se o chef.
No fim de 2000, ele desembarcou no Brasil com a jovem cozinheira a tiracolo para dar início à operação do A Figueira Rubaiyat. Terminado o contrato, Mallmann foi embora e Paola ficou. A mãe havia morrido em 1999, em um acidente na piscina de casa. O pai, que por anos enfrentou problemas com a depressão, cometeu suicídio meses depois de ela chegar a São Paulo. Além das tragédias pessoais, contou ponto a favor para a permanência definitiva por aqui a economia argentina, que ia aos trancos e barrancos.
Na época, Paola investiu a herança deixada pela mãe para abrir, em 2003, seu primeiro restaurante em São Paulo, o Julia Cocina. Ficou no negócio por dois anos, e acabou saindo por desentendimentos com o sócio. Em 2008, inaugurou, em Pinheiros, o charmoso Arturito. Apesar de o salão ter apenas 46 lugares, o endereço serve 5 500 refeições por mês, média excelente para uma casa desse porte.
O local passou por mudanças ao longo dos tempos, até chegar ao enxuto cardápio atual, com forte pegada mediterrânea e argentina. As ótimas criações são muito pautadas pela sazonalidade dos ingredientes. “Aos poucos, comecei a valorizar mais a cozinha orgânica e o ciclo dos alimentos”, conta Paola, que desde 2003 faz uso de ingredientes orgânicos. Atualmente, o trabalho que mais a encanta é a parceria com os agricultores de uma cooperativa de cultivo de verduras e legumes em Parelheiros, que abastecem seu restaurante. “Desde janeiro, quase tudo vem de lá”, diz Paola. Ela também é dona do café La Guapa Empanadas, que vende 35 000 unidades do salgado por mês e deve passar de duas para quatro lojas até o fim do ano.
Tirando os pedidos de selfie, pouca coisa mudou em sua rotina com o sucesso na TV. Paola continua a andar a pé pela cidade, pratica ioga e não abre mão da terapia freudiana semanal, que faz há mais de duas décadas. É mãe de Francesca, de 4 anos, fruto de um antigo relacionamento com um arquiteto argentino. Faz questão de preparar a lancheira, frequentar reuniões e eventos da escola e dedicar à filha boa parte de seus períodos de folga.
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Nos últimos tempos, apesar das gravações na Band, ainda arrumou tempo para voar até Londres e ficar uns dias ao lado do namorado,o irlandês Jason Lowe, fotógrafo de gastronomia. Os dois se conheceram em 2014, quando Paola o convidou a vir ao Brasil para fazer as fotos do livro que ela pretende lançar ainda em 2016.
Duas semanas atrás, a cozinheira trocou o sobrado em que vivia com Francesca por outro um pouco maior, também alugado e com jardim, no mesmo bairro de Pinheiros. “Eu e Lowe decidimos morar juntos, se é que podemos dizer assim, já que ele estará na Europa sempre que precisar.” Sucesso, reconhecimento profissional e felicidade no amor são a receita de vida ideal? Sempre elegante, mas sem titubear, ela abre um sorriso e diz que, sim, anda muito feliz. “Eu estou vivendo um grande momento”, afirma.
Cardápio particular
Alguns dados sobre a vida e a carreira da profssional
Nome: Paola Florencia Carosella
Idade: 43
Medidas: 1,77 metro e 69 quilos
Família: nasceu em Morón, província de Buenos Aires. É filha única de um italiano e uma argentina e seus avós, maternos e paternos, eram italianos. Tem uma filha de 4 anos, Francesca, e namora o fotógrafo irlandês Jason Lowe.
Redes sociais: soma mais de 800 000 seguidores em três redes (Twitter, Instagram e Facebook)
O que não come nem bebe de jeito nenhum: refrigerantes e comidas ultraprocessadas
Fé: foi batizada na Igreja Católica, mas não segue nenhuma religião. “Procuro me conectarcom sentimentos e momentos que me ajudem a renovar a fé no mundo e nas pessoas”
Negócios: seu restaurante Arturito, em Pinheiros, tem apenas 46 lugares e serve 5 500 refeições por mês. Ela é responsável também pelo caféLa Guapa, que tem duas unidades (no Itaim e nos Jardins). Juntas,elas vendem 35 000 empanadas por mês.