Sanduíches de polvo, como o choripolvo, viralizam em SP
Com sandubas de peixes e frutos do mar em alta na cidade, o pão alongado com um tentáculo do molusco se espalha por lanchonetes, restaurantes e bares
Sanduíches de peixes, moluscos e crustáceos têm povoado cardápios de lanchonetes, restaurantes e bares paulistanos. No meio desse mar (!) de possibilidades, no qual fazem muito sucesso variações do ressuscitado (e outra vez sumido) mcfish, do McDonald’s, um exemplar em particular tem chamado a atenção dos comilões: o sanduíche de polvo no pão alongado, que leva um tentáculo comprido, como se fosse uma salsicha. Ele é rei de postagens nas redes sociais e de pedidos em estabelecimentos.
Esse belisco pode ser encontrado no restaurante de pescados Churrascada do Mar, com maionese de wassabi e ketchup de goiaba; no bar-restaurante Barbatana Amarela, incrementado de maionese, vinagrete, cebola-roxa e coentro mais chips de batata; e no recém-aberto Gal — Bar do Mar, com chimichurri e aïoli.
No Azur do Mar, bombado restaurante de pescados aberto em março no Mercado Municipal de Pinheiros, a pedida vem menorzinha e em dupla, para funcionar como entrada. As pernocas do molusco são banhadas por chimichurri e cobertas de maionese nos brioches. “Tem fim de semana que acaba esgotando”, admite Fabio Sinbo, chef da casa junto de Mariane Adania. “Quando pedem um, o pessoal olha, e aí começa a sair um atrás do outro.”
O sucesso, disseminado em diferentes cidades do país, se deve em boa parte à lanchonete paulistana Notorious Fish, especializada em sugestões do mar. Em 2022, quando funcionava apenas como delivery, a marca inseriu de vez no menu o sanduba de polvo cozido e finalizado na grelha char broiler, com chimichurri e maionese de alho na baguetinha, combinação que ainda era pouco usual na cidade.
A abertura da primeira loja física, em fevereiro passado, fez impulsionar mais ainda a moda. Entre os pedidos no salão e entregas em domicílio, são vendidas mais de 1 500 unidades por mês, para as quais são gastos 400 quilos do pescado.
Chef e sócio da empresa, Alan Finguerman tenta entender o burburinho. “Atualmente, tem um hype de frutos do mar e tem ainda essa parada de (um sanduíche) ser mais acessível”, diagnostica. “Um prato clássico de polvo em restaurante pode custar 180 reais.” Enquanto isso, o quitute sai a 65 reais.
Diferentes chefs ouvidos pela reportagem também acreditam que a estética é um fator que contribui para a viralização do produto — nas redes sociais e nos estabelecimentos. Mas não restam dúvidas de que a maneira como a Notorious Fish chama a pedida também ajudou o item a ganhar fama: choripolvo.
O batismo faz uma clara alusão ao choripán, sanduíche amado na Argentina e no Uruguai que leva basicamente chorizo (linguiça) e pão (pan). Embora o novo termo não seja deveras preciso (o “chori” está presente no nome, mas não dentro do “pan”), ele acabou “pegando”. Funciona tanto que já foi empregado em mais de vinte lugares país afora, de acordo com os proprietários (o Azur do Mar adota o termo, por exemplo).
Em 2023, a Notorious Fish registrou o nome (e não a receita, vale ressaltar) no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), e muitos endereços acabaram rebatizando o sanduba. Mas os sócios buscam não entrar em desavenças com os colegas. “Acabamos conversando antes”, contemporiza o sócio Pedro Barreto.
Publicado em VEJA São Paulo de 24 de maio de 2024, edição nº 2894
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