MasterChef: um delicioso segredo guardado por três meses e, agora, revelado
Tudo começou com um telefonema e depois um convite por e-mail no início de maio. O prazo era bem apertado. A gravação seria cinco dias depois e estava marcada para 16 de maio. Eu, que acompanho o MasterChef Brasil desde a primeira temporada, nem sonharia em recusar um convite tão lisonjeiro. + Minha avaliação dos […]
Tudo começou com um telefonema e depois um convite por e-mail no início de maio. O prazo era bem apertado. A gravação seria cinco dias depois e estava marcada para 16 de maio. Eu, que acompanho o MasterChef Brasil desde a primeira temporada, nem sonharia em recusar um convite tão lisonjeiro.
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Teria o privilégio não só de estar no reality de gastronomia que movimenta o Brasil, mas de ser um dos jurados. A proposta era justamente que participasse do programa especial de críticos para eleger o melhor de quatro participantes. Sim, só havia quatro participantes em maio.
Entre outras vantagens, tomar parte do episódio era poder responder a uma pergunta capital dos meus seguidores nas redes sociais, em especial no Twitter e nos vídeos ao vivo do Facebook, além de matar a própria curiosidade. Afinal, os concorrentes cozinham bem ou não?
Já nessa troca inicial de e-mails, fiquei sabendo que seria uma prova de pratos autorais e deveriam ser apresentados em sequência, com um intervalo de 15 minutos entre eles. Como sempre, uma prova cronometrada de verdade – não há dilatação de tempo como muita gente acredita.
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Quando cheguei ao lugar escolhido, o restaurante italiano Attimo, do empresário Marcelo Fernandes, havia uma multidão. Fui assuntar o que fazia toda aquela gente. O staff do MasterChef é impressionante. Reúne 200 pessoas, das quais pelo menos 105 ocuparam o Attimo naquela tarde meio chuvosa com câmeras, cabos, adereços e uma infinidade de traquitanas eletrônicas como o switcher, a fundamental mesa de edição de vídeo.
Soube também que as equipes técnicas e de arte foram as primeiras a chegar no restaurante. A partir da 5 da matina, antes mesmo do dia raiar, começaram a transformar o espaço num ambiente MasterChef. Com um horário bem mais tranquilo, hehehe, o quarteto de jurados-convidados tinha de estar disponível a partir das 12h45 — hora da fome. Por volta das 17h30, estaria liberado.
A primeira pessoa com quem topei foi Ana Paula Padrão, uma das melhores jornalistas do Brasil que fez um bonito crossover para linha de shows sem nunca abandonar a reportagem. Já estava vestida e pronta para começar. Em seguida, encontrei Erick Jacquin e Henrique Fogaça. Logo depois apareceu Paola Carosella, com uma maquiagem tão suave que nem parecia maquiagem e comendo umas bolachinhas. Sem que eu perguntasse, ela disse: “São compradas prontas em supermercado, mas muito boas”. Não faria qualquer crítica aos biscoitos. Outros detalhes sobre Paola: ela realmente é uma diva e deve ser a mais concentradas dos jurados.
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Meus colegas jornalistas já estavam por lá. Eram Ailin Aleixo, Luiz Américo Camargo e a tarimbada Maria da Paz Trefaut. Confinados no mezanino do restaurante, os competidores passaram por nós e foram direto para a cozinha. Não tivemos contato com eles até a apresentação das receitas. Também não tínhamos informações do que acontecera com eles até aquele momento.
Só na noite de ontem, depois de assistir ao programa, é que fiquei sabendo, por exemplo, que havia quatro ingredientes obrigatórios. A primeira informação recebida da anfitriã Ana Paula é que cada participante – naquele momento, Bruna, Leonardo, Luriana e Raquel – teria de fazer o prato autoral de suas vidas.
Embora envidraçada, a cozinha encontrava-se totalmente isolada. Não dava para ver ou ouvir o que rolava lá dentro, ainda que estivéssemos na sala vizinha. Lá se confinaram os juradões Paola (Arturito e La Guapa Empanadas), Fogaça (Sal Gastronomia, Jamile, Admiral’s Place e Cão Véio) e Jacquin (Tartar & Co e Le Bife) para acompanhar o trabalho dos rivais de fogão – só durante a exibição do programa que soube que o quarteto recebeu uma forcinha do trio de avaliadores. De vez em quando, era possível, no máximo, escutar a voz pouco mais alta de algum dos jurados, mas sem entender o que era dito.
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Só durante a exibição, na noite de ontem (9), pude ver que a Luriana fatiou o próprio dedo. Também vi que o prato da Bruna mereceu um tapa no visual incentivado pelos jurados e que Leo fez uma quantidade insuficiente de molho, o que percebi e apontei durante a minha avaliação. Também passamos longe dos bate-bocas por causa do uso do fogão. A simultaneidade na exibição do reality que se vê na TV existe apenas para o espectador. Como jurado, fiquei sabendo apenas de uma fração do que estava acontecendo.
Enquanto isso, Ana Paula, que permanecia conosco à mesa, passava algumas informações sobre os quatro remanescentes até aquele ponto do programa. Afinal, dos 21 selecionados, apenas seis tinham sido eliminados até então. Saíram Fernando Bianchi, Gabriella Palinkas, Hellen Cruz, Nuno Codeço, Rodrigo Tenente e Victor Branco. Com esses cuidados, entre eles o sigilo mantido por tanto tempo, dá para entender a seriedade com que o MasterChef é produzido. Há três meses, sabia quem eram os quatro finalistas, o que não me impediu de vibrar com o programa nesse tempo todo. Quem me acompanha no Twitter sabe. É o segredo agora revelado.
Vamos a um dos temas iniciais deste post: os aspirantes a MasterChef realmente cozinham bem? Agora, estou apto a responder. Sim, os quatro pratos que provei eram acima da média e fariam bonito em muitos restaurantes. Foram servidos bem apresentados e ainda quentes. Do quarteto, dois se destacaram.
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Naquele almoço, a Raquel preparou um surpreendente tambaqui valorizado por jambu, enquanto o Leonardo preferiu arriscar menos e fazer uma releitura de leve do clássico filé à rossini. Bruna arriscou bastante com seu pato à mineira sem uma apresentação exatamente bonita, mas com itens que conversavam bem. No caso da Luriana, a carne estava uma delícia, mas a composição era simples demais. Venceram os melhores.
Durante a apresentação dos pratos, o Jacquin com sua sinceridade sem barreiras disse que não gosta de críticos. Mas reconheceu a importância do trabalho feito por jornalistas especializados. Como ele mesmo frisou, podemos ajudar a encher um restaurante no caso de uma resenha positiva, assim como uma avaliação negativa pode desestimular a ida de clientes. Não poderia ser diferente. Falando de mim especificamente, meu trabalho é justamente funcionar como um GPS, um Waze do paladar para o leitor. Essa curadoria criteriosa faz com que quem acompanha minhas críticas seja um seguidor fiel.
Depois de escolhermos Raquel, haveria ainda mais uma prova com um candidato que deixaria o programa. Fiquei sabendo apenas na semana passada que seria necessário preparar receitas de polvo do espanhol Daniel Redondo, titular do Maní e premiado em 2015 como chef do ano por VEJA COMER & BEBER, edição anual de gastronomia de VEJA SÃO PAULO.
Embora todos os pratos estivessem bons, Redondo elegeu Leonardo como o melhor cozinheiro. Ficaram na berlinda as amigas Bruna e Luriana, que, desde o início dessa madrugada, estão separadas da bancada MasterChef. Mais uma vez, Luriana fez o prato mais simples e deixou o reality vitimada pelo polvo.
Caderno de receitas:
+ Receitas do cozido maní-ocas, do Maní
+ Suflê de queijo gruyère, do Marcel
+ Confit de pato com laranja, do La Casserole
+ Petit gâteau, do chef Erick Jacquin
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