Onze transformações que aconteceram em São Paulo no último século
Das corridas noturnas da São Silvestre às mudanças em suas marginais, a metrópole está sempre em mutação; confira a seleção histórica
Corrida de São Silvestre à noite
Entre 1925 e 1988, a tradicional e última corrida de rua do ano foi realizada no período noturno. A prova, uma das mais importantes da América do Sul, passou a ocorrer à tarde por determinação da Federação Internacional de Atletismo e para facilitar as transmissões pela TV.
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Outras mudanças ao longo das décadas foram os trajetos, que se expandiram além do centro, e a distância que deveria ser percorrida pelos atletas, amadores e profissionais. No início, a competição tinha apenas 8 quilômetros de extensão, contra os 15 quilômetros atuais.
Interlagos sem alambrados
Inaugurado em 12 de maio de 1940, o Autódromo de Interlagos foi reformado em 1971 para poder receber o GP Brasil de Fórmula 1 no ano seguinte. Entre 1981 e 1989, o local deixou de abrigar a prova, realizada no Rio de Janeiro, mas recuperou o posto em 1990 e não o perdeu mais.
Com o nome oficial de José Carlos Pace, em homenagem ao piloto, que morreu em 1977, o autódromo foi palco de grandes vitórias de brasileiros na categoria, como as de Emerson Fittipaldi (1973 e 1974), Pace (1975), Ayrton Senna (1991 e 1993) e Felipe Massa (2006 e 2008).
Manequinho histórico
Com 48 000 metros quadrados, o Viveiro Manequinho Lopes, anexo ao Parque Ibirapuera, foi criado em 1928, oito anos depois de a prefeitura comprar um terreno pantanoso, que abrigara aldeias indígenas no início da colonização. O espaço, de 1,5 milhão de metros quadrados, se tornaria o principal parque da metrópole.
Em 1933, os responsáveis pelo projeto do parque pediram a retirada do viveiro. O então diretor da Divisão de Matas da gestão municipal, Manoel Lopes de Oliveira Filho, falou diretamente com o prefeito Fábio Prado e conseguiu reverter a situação. Morto cinco anos depois, Manequinho Lopes, como era conhecido, deu nome ao local.
Uma Avenida Rebouças rural
Quem trafega pelos 4 quilômetros da avenida depara com grandes e suntuosos edifícios em fase final de construção, mas nem sempre foi assim. Até a metade da década de 30, a via era de terra e limitava-se a ser uma passagem rural.
O nivelamento, asfaltamento e alargamento da Rebouças ocorreu a partir de 1935. Cinco anos depois, com a construção da Avenida Eusébio Matoso, sua continuação, a Rebouças passou a ficar mais movimentada.
Homenageia o engenheiro André Rebouças, que participou da Guerra do Paraguai e foi responsável pelo projeto da estrada de ferro que vai de Curitiba ao litoral paranaense, no século XIX.
Horizonte no Rio Pinheiros
Primeiramente chamado de Jurubatuba (lugar com muitas palmeiras jerivá, em tupi), o Rio Pinheiros ganhou esse nome em 1560. Na época, os jesuítas criaram um loteamento indígena em sua margem ainda bucólica.
A partir do século XX, o local passou a ser modificado, com a chegada de imigrantes japoneses e italianos. O curso do rio começou a ser modificado em 1940, com o intuito de reduzir as inundações e para a construção da atual via expressa Marginal Pinheiros.
Casa de show em Pinheiros
Foram dezenove anos de existência e muita balada para o público jovem paulistano, que foi envelhecendo e sendo renovado. Localizado próximo ao Largo da Batata, na Rua Miguel Isasa, o AeroAnta era uma mistura de restaurante, bar, danceteria e casa de shows.
Pelo seu palco passaram artistas como Cazuza, Joe Satriani, Raimundos, Marisa Monte, Tim Maia, Ira!, entre muitos outros.
Ficava na Rua Fidalga, 32
Um dos primeiros bares da Vila Madalena, o Fidalga 33 tinha shows ao vivo de estilos que variavam a cada dia. Subiram ao palco bandas como Tihuana e CPM 22, de grande sucesso no início do século. O local também era aberto a exposições artísticas.
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Entre as principais bebidas da casa se destacava o “foguinho”, que era servida pegando fogo e era feita com conhaque e licor de café. Fechou as portas na década passada.
Pré-Faria Limer
O Shopping Iguatemi, inaugurado em 28 de novembro de 1966, é o primeiro centro de compras do Brasil. O espaço foi idealizado pelo construtor Alfredo Mathias e erguido em um terreno que abrigava uma chácara da família Matarazzo.
Na época, a elite paulistana viu a empreitada com desconfiança, pois estava acostumada a fazer compras na Rua Augusta, não em um local fechado. O shopping ganhou esse nome porque era instalado na rua de mesmo nome, mas parte desse logradouro foi incorporada à Avenida Brigadeiro Faria Lima, seu atual endereço
A Concha Acústica do Pacaembu
Ela nasceu junto com o estádio, em 1940, e serviu como palco para inúmeras apresentações musicais e culturais. Seu formato também provocava um efeito acústico com o canto das torcidas durante os jogos no local.
Em 1970, a concha acústica deu lugar a um monumento que também não existe mais, o tobogã. Projetado pelo arquiteto Arnaldo Martino, essa arquibancada vai dar lugar a um edifício comercial que ficará ao lado do campo.
A nata paulistana
Nenhuma outra casa noturna da cidade era tão requisitada nas décadas de 80 e 90 quanto o Gallery. Localizada na Rua Haddock Lobo, nos Jardins, a badalada balada recebia personalidades como Pelé, Ayrton Senna e Luiza Brunet. Foi lá, em 1983, que a revista Playboy fez a festa de lançamento da edição com Xuxa na capa.
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Inaugurada em 1979 por José Victor Oliva, Gugu di Pace, José Pascowitch e Giancarlo Bolla, a boate entrou em decadência na segunda metade dos anos 90. Em 2000, realizou uma luta de boxe entre Maguila e Daniel Frank. Fechou as portas definitivamente em 2007.
As águas passadas do Tietê
Quem passa pela Marginal Tietê e vê as águas ora marrons, ora negras pode não imaginar que há algumas décadas o leito do rio era navegável e seu entorno, arborizado. Nas águas paulistanas do velho Tietê, eram comuns competições de esportes náuticos, como remo e natação.
O traçado do rio começou a ser modificado na década de 30, quando ele perdeu seu caráter sinuoso e passou a dar espaço às pistas das atuais marginais. A primeira parte da via ia da Ponte das Bandeiras à da Vila Maria. O último trecho, entre a Ponte Aricanduva e a divisa com Guarulhos, ficou pronto em 1977.
ESPECIAL SP 468 ANOS> Em comemoração ao aniversário de São Paulo, a Vejinha também entrevistou crianças paulistanas e personalidades que relembraram memórias e lugares na capital. Veja também melhores restaurantes veteranos da cidade. Confira as outras matérias especiais da semana:
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Publicado em VEJA São Paulo de 26 de janeiro de 2022, edição nº 2773