Marca mineira ocupa mezanino do Copan com shows, bar e restaurante
Em mais de 2 000 metros quadrados, local terá programação cultural e projeto gastronômico com ingredientes vegetais e bebidas servidas direto da "torneira"
A partir de setembro, um novo espaço no centro deve integrar o itinerário dos paulistanos que adoram comer e beber aos pés do Copan ou precisam apenas de um cantinho com boa internet para trabalhar na região. Trata-se de um amplo mezanino escondido em cima de bares como Fel e Dona Onça, “descoberto” por um arquiteto mineiro ao visitar a cidade.
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“O Copan era meu ‘marco zero’ quando decidi buscar um local para ampliar os negócios além de Belo Horizonte”, conta Lucas Durães, que comanda desde 2016 o Guaja, café-coworking moderninho instalado em um casarão com formato de convés na capital mineira. Agora o grupo terá ponto fixo em São Paulo, com salas de reuniões, espaços de convivência, cafeteria e novo bar e restaurante nos mais de 2 000 metros quadrados até então ocupados pelo grupo Ri Happy.
Para apagar o clima corporativo deixado pela empresa, Lucas pretende recuperar o amplo pé-direito, até então encoberto por um forro, e planeja liberar o acesso ao andar pela escada de ferro que fica bem em frente à banca de jornais da Avenida Ipiranga. “Não sei se isso é sina ou tara, mas é a terceira vez que trabalho com um imóvel tombado”, brinca. O projeto arquitetônico é assinado por ele e por João Pedro Facury.
Apesar das limitações e desafios de reformar parte de um prédio histórico, ele espera trazer a mesma aparência descontraída da sede e uma agenda cultural fervilhante para que a novidade seja mais que um grande escritório compartilhado. “Meu sonho é que as pessoas passem a confiar na nossa curadoria e queiram nos visitar mesmo sem saber qual artista vai tocar por aqui.”
Além de pocket shows e programação de DJs, a ideia é que o salão principal com palco fixo tenha rodas de conversa, exposições de arte, lançamentos de livros e lojas pop-up. O projeto gastronômico, tocado pela Favo Hospitalidade, considera algumas lições vividas na cozinha de Belo Horizonte. “No começo só tínhamos hambúrguer e muitas vezes as pessoas queriam continuar por ali, mas iam embora pela falta de opções para comer.”
Desta vez, o cardápio terá alguns pratos com carne, mas o foco principal será os vegetais, considerando a sazonalidade dos ingredientes. No bar, as bebidas serão servidas direto de torneiras, no sistema on tap, com chopes, refrigerantes e uma kombucha de receita própria.
Comprada pela organização Baanko em 2021, hoje a marca tem orçamento de cerca de 8 milhões de reais para lançar o novo endereço e também criou cotas de 5 000 reais para pessoas pretas interessadas em participar da empreitada, cujas obras deverão começar a partir de maio. “Para conseguir parar em pé, preciso vender coisas, mas todos poderão subir livremente e explorar o espaço sem pagar ingresso”, promete.
Lucas mantém o otimismo ao investir no projeto mesmo após ouvir os relatos de furtos e assaltos que crescem pelo bairro. “Todo mundo me recomendava Pinheiros ou Vila Madalena, mas, se todos cismarem que a violência é um problema insolúvel, ninguém vai fazer nada e vai ficar mais difícil. O abandono é a pior solução.”
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Publicado em VEJA São Paulo de 20 de abril de 2022, edição nº 2785