Não sei quantos episódios o MasterChef terá, mas vai voltar, diz diretora
Marisa Mestiço revela como será a retomada da produção, que terá novo formato, com uma "final" a cada episódio
A Band resolveu retomar a produção do MasterChef Brasil. Como será esse processo, em especial para você que é a diretora do reality gastronômico de maior sucesso da TV aberta?
Sempre ouvia “Meus Deus, não vai ter MasterChef neste ano”. Agora, eu falo com tranquilidade. Não sei quantos episódios teremos, mas vamos preencher as noites de terça com uma temporada linda. Foi muito acertado a gente entender que precisávamos recuar, interromper a produção. Estava muito tensa porque ficamos paralisados durante quase sessenta dias. Mas passei esse tempo pensando, desenhado os cenários. Chegamos agora a uma formatação feliz, que acho que vai dar certo, embora não possamos relaxar, devemos estar em alerta o tempo todo. Em duas semanas e meia acredito que teremos um cenário propício para começar a gravar dentro dos critérios que estabelecemos agora.
Como será esse novo formato?
Estamos trabalhando com um desenho de episódios que não existia no Brasil. Eles começam e acabam neles mesmos. Teremos um vencedor em cada programa. É como se tivéssemos uma final toda semana. Continuamos com prova um, dois e até três. Só que a gente elimina na primeira prova e, na última, elegemos o vencedor. Além disso, decidimos trazer o lado social à tona.
“Estamos trabalhando com um desenho de episódios que não existia no Brasil. Eles começam e acabam neles mesmos”
Como será essa ação social?
O vencedor ajuda uma instituição no Brasil que, por meio de projetos sociais sérios, possa fazer algo para minimizar os efeitos da pandemia. Nosso elenco tem uma relação muito bonita de solidariedade, e o novo formato mostra como estamos conectados com o país. É uma forma de estender a mão e colaborar. Ao ter um vencedor por episódio, a gente faz a trajetória desse herói ser uma trajetória de verdade. Antes tínhamos uma saga com várias pessoas e íamos perdendo elas pelo caminho. Nossa temporada dessa vez também é uma saga, mas com um herói que vence a cada semana e ajuda uma instituição — ainda não sei dizer se será um valor em dinheiro ou uma outra forma, porque estamos conversando com nossos patrocinadores. Estou bem empolgada em conseguir manter as características do programa, que é uma competição, mas também em trazer mais vencedores e ainda ter um engajamento social.
Quantos episódios estão previstos e quantos cozinheiros amadores participam de cada um deles?
Não fechamos o limite de episódios. Faremos quantos forem necessários. Devemos chegar a 26 semanas no máximo. Esse é um formato tão híbrido que poderíamos fazer uma temporada contínua no ano que vem. Vamos seguir uma rota até o limite que der. Num primeiro momento, oito pessoas entram na nossa cozinha. Temos uma eliminação. Vão para a frente os que forem melhores. Podem ficar dois, três, quatro… Vai depender muito do critério de cada prova. É estranho para mim porque, em seis anos de MasterChef, sempre tive todos os números na ponta língua. Primeiro, a gente estruturava matematicamente a temporada. É uma mudança que tem sido dolorosa porque parece que não temos domínio de todas as pontas. Mas vamos fazer um programa emocionante.
Você estava em viagem pela Europa com sua família pouco antes de ser decretada a pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Como percebeu o impacto da Covid-19 por lá?
Íamos para a Itália, mas duas semanas antes percebemos que havia um movimento estranho. Mudamos a rota. Em Paris, andamos de metrô, fomos aos principais pontos turísticos. Em Versalhes já foi estranho. Estavam fechados o salão de festas e os quartos. Quando compramos os tíquetes, disseram que havia necessidade de reduzir o fluxo. Em Colmar, que é a Veneza da França, não tinha problema. Na sequência, fomos para Reims conhecer lojas de produtores locais de champanhe e vinho e, de lá, seguimos para Munique, que já estava mais vazia, mas ainda preservava a identidade do turismo. Passamos o dia em Salzburgo, na Áustria. Estivemos num restaurante indiano e os donos perguntaram se a Covid-19 tinha chegado ao Brasil. Entendemos mais que havia restrições à medida que seguíamos a viagem. Amsterdã foi exceção. Os bares estavam superlotados e as ruas, cheias.
“Estou empolgada em manter as características da competição, mas também em trazer mais vencedores e ainda ter um engajamento social”
Prosseguiram assim até o final?
Na Bélgica, nós nos hospedamos na casa de amigos em Waterloo, ao lado de Bruxelas. No dia em que chegamos, as escolas se encontravam fechadas, os donos dos comércios estavam assustados. Nos principais pontos turísticos já não havia muitas pessoas. Fomos ao Maneken Pis, aquela escultura que faz xixi e é o símbolo da Bélgica, e o lugar estava vazio. Na nossa última parada, notamos que tínhamos de nos preservar. De Bruxelas, fizemos escala em Madri para a volta. E foi o caos. Muita gente usava máscara e álcool em gel. No painel que indicava os voos havia mensagens de que era necessário manter a higiene e o afastamento. A gente se sentiu meio que fechando a porteira. Chegamos a São Paulo com medo.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 10 de junho de 2020, edição nº 2690.
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