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Por Arnaldo Lorençato
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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“Sou comerciante, não traficante”, diz dono do Ponto Chic, aberto no fim de semana

O empresário Rodrigo Alves descumpriu as regras do governo e recebeu clientes em duas unidades da lanchonete

Por Saulo Yassuda Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 jan 2022, 14h23 - Publicado em 1 fev 2021, 14h46

Por Saulo Yassuda

Em protesto ao aumento das restrições do governo estadual à quarentena, o proprietário do tradicional Ponto Chic, Rodrigo Alves, decidiu abrir duas unidades da lanchonete no sábado (30) e no domingo (31), descumprindo os protocolos.

Até pelo menos 7 de fevereiro, vigora no estado a fase vermelha do plano São Paulo, em horários específicos: a partir das 20h de segunda a sexta e durante todo o fim de semana. Isso significa que estabelecimentos gastronômicos não podem abrir seus salões. Em coletiva na tarde desta segunda (1º), porém, o governador João Doria disse que poderá rever as medidas ainda nesta semana.

O empresário e a equipe em frente ao restaurante: protesto para funcionar
O empresário e a equipe em frente ao estabelecimento: protesto para funcionar (Divulgação/Veja SP)

Fundada em 1922, a rede Ponto Chic é conhecida pelo bauru, um clássico paulistano composto de fatias de rosbife, tomate, pepino e uma porção generosa de queijos prato, gouda, suíço e estepe fundidos dentro do pão francês. Hoje, conta com três unidades: centro, Paraíso e Perdizes. Em janeiro, foi aberta uma cozinha no Brooklin, só para delivery.

Desde 2015 no comando da rede, Alves faz parte da quarta geração à frente do negócio. Ele conta que a gota d’água para decidir descumprir as regras foi a notícia de que o prefeito Bruno Covas estava assistindo ao jogo do Palmeiras com o Santos no Maracanã. “Pensei que ia ter um infarto”, diz o empresário.

Alves decidiu não só abrir dois dos endereços em horário não permitido como também postou nas redes sociais do Ponto Chic seu protesto. “ESTAMOS ABERTOS! pela Dignidade, pela Vida, pelos Empregos”, escreveu.

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Confira, abaixo, entrevista feita com o empresário na manhã desta segunda (1º).

Por que você decidiu descumprir os protocolos da fase vermelha e abrir o Ponto Chic no fim de semana?
Nós estávamos fechados, seguindo as regras do governo, no sábado (30). Eu estava em casa
assistindo ao jogo do Palmeiras e, na hora que comecei a receber em grupos [de WhatsApp] a foto do prefeito [Bruno Covas] lá no Rio de Janeiro, no Maracanã, isso me causou uma indignação tão profunda… Começou um suadouro, pensei que ia ter um infarto. Estamos lutando pelos empregos, pela sobrevivência da empresa e resolvi protestar.

Você abriu quantas das três unidades?
Abri as lojas do Paraíso e de Perdizes, entre 19h30 e 22h. Não foi um ato de desobediência civil, não foi algo que planejamos. Abri sem garçom, fiquei no salão e pedi para o meu caixa vir ajudar. Domingo, chamei os garçons e abrimos ao meio-dia.

Você não teve receio de, ao descumprir as ordens do governo, ajudar a disseminar a Covid-19, como alertam autoridades sanitárias?
Cumprimos os protocolos. Andei pela Paulista, vi pessoas pegando comida e comendo na rua, sem máscara. Com o restaurante aberto, você disciplina as pessoas, faz com que cumpram os protocolos.

O Ponto Chic vai continuar funcionando em horários proibidos pelo governo?
Somos cumpridores da lei. Espero com fé e esperança que o governo altere a medida e permita que a gente abra aos fins de semana. Continuarei a cumprir as ordens do governo.

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Como foi a recepção do público no fim de semana? Houve muitas críticas?
Muita gente veio em sinal de apoio prestigiar e parabenizar pela atitude. Até nos pedidos que vinham no delivery havia mensagens de incentivo, dando parabéns [pela abertura]. Recebemos pouquíssimas críticas pelas redes sociais, e de gente que nem era nosso cliente.

Bauru: clássico do Ponto Chic
Bauru: clássico do Ponto Chic (Leo Martins/Veja SP)

Algum funcionário se recusou a trabalhar?
Não. Pelo contrário. Teve até funcionário de folga pedindo para ir trabalhar. As equipes trabalham com revezamento, um dia uma, outro dia a outra. E, mesmo quem não estava em dia de trabalho, quis ir apoiar. 

Não teve receio de ser multado? 
Ninguém me procurou. E procurei fazer o protesto e postar a foto com meu rosto, com minha cara, consciente dos atos que estou fazendo. Sou comerciante, não sou traficante. Não tenho que me esconder. É um protesto, não desobediência civil. Não estava me escondendo nem provocando ninguém, e com a convicção de que estava tomando a atitude certa, cumprindo protocolos e protegendo os colaboradores. Mantive as regras da fase amarela. Não somos negacionistas, mas no fim de ano fechamos e deu no que deu. Quando o restaurante está aberto, mantemos a população em segurança, cumprindo protocolos. Encontros residenciais, festas clandestinas e até a comemoração do Palmeiras é que ajudam a disseminar o vírus. Não devem punir quem cumpre as regras. 

Como foi a quarentena para o Ponto Chic?
Nós tomamos a decisão, logo no começo, de que não irí
amos fazer nenhuma  demissão dos 110 colaboradores. Muitos deles são de longa data. Parte deles consegui remanejar para uma nova operação de delivery, no Brooklin. Todos os meses foram de prejuízo. Pegamos crédito, Pronampe. Estamos com o endividamento alto.  E é a tempestade perfeita. Acabaram o auxílio da folha de pagamento, de suspensão de redução de jornada, os proprietários dos imóveis não aceitam mais negociação com o aluguel, as parcelas das dívidas começam a vencer, temos o aumento do valor dos insumos… Não pode haver mais aumento de restrições. 

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