Novos bares da cidade apostam no churrasco
Em muitos desses estabelecimentos de serviço informal, a velhota picanha na chapa passa longe do menu
É certo que houve um avanço de estabelecimentos que vendem delícias vegetarianas na capital, mas os fãs de um bom bife não ficaram órfãos. Muito pelo contrário. Essa turma vem lotando um novo tipo de território da carne — os bares de churrasco, que não param de surgir.
Em parte desses endereços a picanha na chapa virou peça de museu, dando fim àquela fumaceira desagradável.
Com serviço informal, esses lugares estão longe de ser restaurantes tradicionais. “As pessoas se cansaram de tanto menu degustação”, provoca o açougueiro Rogerio Betti, dono do Quintal DeBetti.
No fim de semana, a fila na casa comandada por ele começa cedo. “Abrimos ao meio-dia lotados”, garante. Pelos cálculos de Betti, mais de 20 000 clientes passam por mês pelo bar-restaurante, montado em frente a um casarão escondido no bairro de Cidade Jardim.
É gente em busca de saciar o apetite com pedidas como a maminha com flor de sal cortada na forma de aperitivo. Por lá, são consumidas 10 toneladas de carne a cada trinta dias.
Nessa multiplicação etílico-carnívora, merecem atenção o Nohar Steak Bar, no Tatuapé, e o BEC Bar, em Pinheiros, inaugurados no ano passado, assim como o Chimichurri Parrilla, um dos mais novos espaços do gênero, em funcionamento desde março. “Dizem que o ‘Chimi’ é uma mistura de boteco com parrilla”, descreve o argentino Tomás Peñafiel, chef que passou por cozinhas como a do variado Ruaa, na Vila Madalena.
Com os sócios Gabriel Toledo e Gaston Delmoro, comanda uma churrasqueira inclinada no pequeno imóvel de Perdizes, com mesas na calçada. Além de cortes como o assado de tira, serve boa linguiça de fabricação própria, essencial no clássico sanduba choripán.
Peñafiel trabalhou no Underdog, em Pinheiros, um dos precursores desse tipo de estabelecimento. Fundado em 2014, o lugar começou com uma portinha com balcão e miniparrilla, e cresceu.
Comparações entre os dois bares são inevitáveis, mas o novato consegue ter cara própria. Vez ou outra, porém, surge na capital algum genérico que não faz questão de disfarçar a “influência”. “É comum confundirem a gastronomia simples com a fácil”, alfineta Santi Roig, sócio do Underdog.
Mesmo casas tradicionais passaram a agitar a bandeira da carne. No fim de 2018, a rede Pirajá ganhou uma sucursal, o Laje Pirajá, em Pinheiros, dedicada aos espetinhos assados em um forno a carvão espanhol. “Vemos esse momento da carne ligada ao boteco”, acredita o sócio Edgard Bueno da Costa. Esse sucesso parece longe de ir embora.
No início de 2020, o Quintal DeBetti pretende inaugurar uma segunda unidade, em ponto que está sendo negociado. “Até aumentamos a compra de carne”, assegura Betti. Essa nova forma de apresentar bife ainda deve conquistar muitos paladares.
> BEC Bar. Rua Padre Garcia Velho, 72, Pinheiros, ☎ 99660-2161.
> Chimichurri Parrilla. Avenida Professor Alfonso Bovero, 730, Perdizes, ☎ 3871-9373.
> Laje Pirajá. Avenida Brigadeiro Faria Lima, 64 (piso superior), Pinheiros, ☎ 3815-6881.
> Nohar Steak Bar. Rua Itapura, 1362, Tatuapé, ☎ 2097-2819.
> Quintal DeBetti. Rua Curumins, 1, Cidade Jardim, ☎ 3819-2229.
> Underdog. Rua João Moura, 541, Pinheiros. Não tem telefone.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 12 de junho de 2019, edição nº 2638.