Amadores MasterChef têm de agradar o paladar de críticos de restaurantes
Depois de uma prova muito tensa em grupo, a missão, na eliminatória, é fazer um pato laqueado, tradicional iguaria chinesa
Tive o prazer de ser convidado para participar de mais um episódio do MasterChef Brasil, que vai ao ar neste domingo (28). É minha quinta participação no mais empolgante reality culinário da TV brasileira, o programa que, em 10 temporadas — seis de amadores, três de profissionais e uma com crianças – vem propondo às pessoas que encarar o fogão pode ser um ato de libertação e não um sofrimento, que saber o que se come torna a vida muito melhor, que cozinhar funciona como uma terapia, entre tantas outras coisas. Participei de quatro episódios com amadores e uma conversa com profissionais.
Nesta noite, estarei ao lado de outros dois colegas de ofício, a também crítica Luiza Fecarotta e o repórter de gastronomia Rafael Tonon. Seremos recepcionados por Ana Paula Padrão, enquanto os juradões Paola Carosella (Arturito e La Guapa Empanadas), Erick Jacquin (Le Bife) e Henrique Fogaça (Sal Gastronomia e Cão Véio) ficarão na cozinha.
É um momento muito acirrado da disputa. No funil MasterChef, restam apenas seis cozinheiros para fazer a última prova em grupo. De um lado estarão o líder Eduardo R. mais Haila, Helton e, do outro, o trio Juliana N., Rodrigo e Lorena, a comandante da equipe.
A missão quase impossível será preparar três pratos selecionados justamente pelos jornalistas de gastronomia. Uma entrada, um prato e uma sobremesa que deverão remeter à vida familiar desses especialistas, como aconteceu no filme Ratatouille, em que o agudo crítico Anton Ego se delicia com o prato de sua infância, um cozido de vegetais que dá nome ao desenho animado.
As receitas serão um cuscuz paulista, um boeuf bourguignon e um bolo de nozes. Sem dar spoiler, vou revelar um pouco dos bastidores do programa. Como é uma competição que tem a finalidade de revelar os que realmente são melhores, os convidados permanecem totalmente isolados dos competidores. Como a gravação foi feita meses atrás, sequer dava para ter ideia do desempenho de cada um deles.
O mais surpreendente ao ver o teaser exibido na Band é descobrir que um trio nunca provou um cuscuz paulista, um dos melhores pratos da cozinha regional brasileira, um prato que merecia ser tombado como patrimônio imemorial. Isso deixará esse time em modo desespero. Curioso, não? Ficará mais fácil fazer uma receita francesa de carne do que uma das glórias da culinária nacional.
O último dos desafios, um doce aparentemente tão simples, poderá derrubar ou consagrar uma das equipes. O motivo serão as explicações dadas por um dos jornalistas sobre o bolo preparado por sua mãe: não deve ter muito açúcar, ser muito leve e que as nozes não sejam predominantes, mas perfeitamente integradas à sobremesa. Como lidarão com um ingrediente desses, tão cheio de personalidade e acertar uma receita que não se vende em confeitaria, mas existe apenas na memória da pessoa convidada?
Se a primeira prova revela-se exaustiva, o que está por vir será ainda pior. O trio perdedor – não adianta perguntar que não conto nem sob tortura – vai encarar uma missão assustadora. A tarefa será preparar uma das iguarias da culinária chinesa, famosa mundialmente, o pato de Pequim. O prato milenar, típico da antiga capital imperial do país do Extremo Oriente, exige muita técnica e atenção aos processos de elaboração.
O primeiro susto virá com a apresentação das aves que aparecerão penduradas em um varal. Diante de olhares em pânico, Paola dirá: “Ver os patos pendurados aqui no MasterChef pode ser chocante, mas tem questões culturais e a alimentação sempre esteve ligada a isso. As pessoas vão se horrorizar com essa prova, mas se elas entendessem que a desconexão que estão tendo com os animais, veriam que estamos comendo cada vez pior e gerando tanto desperdício”. E arrematará: “Essa é uma prova muito bonita”.
Uma coisa é certa: trata-se de uma missão das mais difíceis vista até então no programa. Será necessário laquear a pele até que atinja a cor marrom escura e fique sequinha, bem crocante. Como manda a tradição, virá com um molho mais panquecas muito delicadas e uma seleção de vegetais. Tudo para ser embrulhado com as próprias mãos e só então saboreado. Na tradição dessa receita cheia de nuances, há ainda uma sopa que não sei se será obrigatória na prova por causa do tempo apertado. Um sufoco, que assustaria até os profissionais.
Nessa altura do campeonato, o que importa é erguer o troféu. O que se verá são menos amizades e um cada um por si no MasterChef Brasil. Quem deixar a competição se juntará a Ecatherine, eliminada no domingo anterior.
Confira os participantes:
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