Aos 14, Bruno Covas se mudou de Santos para morar com o avô, Mário Covas, no Palácio dos Bandeirantes

Relembre a trajetória e as declarações do prefeito, que foi capa da Vejinha quando assumiu a prefeitura e após descobrir câncer

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 Maio 2021, 11h29 - Publicado em 16 Maio 2021, 11h25
Mário Covas, ao lado dos netos
O prefeito (à esq.), ao lado do avô e do irmão: infância em Santos (Arquivo Pessoal/Reprodução/Veja SP)
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Nascido em 7 de abril de 1980 em Santos, Bruno Covas era formado em direito pela USP e em economia pela PUC. Na infância, o menino fazia campanha para o avô Mário Covas (levou bexigas para a escola durante a campanha ao Senado, em 1986). Dois anos depois, percorreu, de mãos dadas com a mãe, Renata, as casas vizinhas em Aparecida, bairro de Santos, onde nasceu, para colher assinaturas visando à criação do PSDB. Nessa época, já ostentava a carteirinha do “Clube dos Tucaninhos”. Algumas amizades surgidas nessa época ficaram até o fim da sua vida, como com o atual secretário municipal da Educação, Fernando Padula.

Covas e Padula na infância, em foto preto e branca
Padula (à esq.), seguido por Renata Covas (mãe do prefeito) e Bruno Covas (de preto e cabelo comprido): longa amizade (Arquivo Pessoal/Veja SP)

Em 1995, aos quatorze anos, resolveu trocar a Baixada Santista pelo Palácio dos Bandeirantes, onde viveu com o avô até 2001, ano da morte do então governador, sucedido por Geraldo Alckmin.

A entrada oficial na vida pública de Bruno ocorreu em 2004, quando concorreu ao cargo de vice-prefeito em sua cidade natal. A empreitada não deu certo, mas, após deixar o último dos três estágios em escritórios de advocacia, abraçou a carreira política.

Mário Covas, ao lado dos netos
O prefeito (à esq.), ao lado do avô e do irmão: infância em Santos (Arquivo Pessoal/Reprodução/Veja SP)

No ano seguinte, ingressou como assistente parlamentar no gabinete da liderança tucana na Assembleia Legislativa. Em 2006, foi eleito deputado estadual, com 122 000 votos. Na eleição seguinte, sua votação dobrou, e ele ficou em primeiro no ranking do estado. Em 2011, em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na condição de secretário estadual do Meio Ambiente, Covas disse ter recebido oferta de propina vinda de um prefeito.

Embora afirmasse que não aceitara a quantia de 5 000 reais, o fato de não ter denunciado a tentativa de suborno o tirou da corrida pela prefeitura paulistana. Dois anos depois, Covas foi eleito deputado federal.

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Vice-prefeito na chapa de João Doria, em 2017, Bruno se vestiu de gari com o então chefe, que ostentava a marca de “não sou político, sou gestor”. Dez meses depois do início da gestão, o prefeito tirou o vice do comando das Subprefeituras, como adiantado por Vejinha. Logo depois ele foi realocado na Secretaria da Casa Civil, uma pasta mais discreta. Além do então secretário, seu adjunto, Fábio Lepique, também deixou a pasta. Lepique retornou à gestão quando Bruno assumiu o posto de Doria. 

Bruno Covas abraça Fábio Lepique
Com Fábio Lepique: o secretário e o adjunto deixaram o posto nas regionais por decisão de Doria (Acervo Pessoal/Veja SP)

Tão logo Doria renunciou ao cargo para se candidatar a governador, o neto de Mário Covas fez questão de se posicionar de forma diferente. “Sou político, sim”, disse à Vejinha, em abril de 2018, em reportagem de capa. A foto que estampou a edição foi colocada em um quadro e pendurada na entrada de seu gabinete, no quinto andar do Edifício Matarazzo.

Bruno Covas posa no terraço da prefeitura, no centro
Covas, dias antes de assumir a prefeitura (Léo Martins/Veja SP)

Outra mudança foi no visual. Dezesseis quilos mais magro e sem medo de esconder a calvície, o tucano raspou a cabeça e deixou a barba crescer. Antes de assumir a prefeitura, tirou duas semanas de férias na Europa, com amigos, e voltou bronzeado.

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Bruno Covas, de óculos escuros e sem camisa
Bruno, de férias na Europa (Acervo Pessoal/Veja SP)

Outra viagem, em março de 2019, deu o que falar. São Paulo ficou debaixo d´água após fortes chuvas. Bairros ficaram alagados, como Ipiranga e Vila Monumento. Após críticas, ele adiantou o retorno e reassumiu o comando da cidade, então a cargo do presidente da Câmara Municipal à época, Eduardo Tuma (atualmente conselheiro vitalício do Tribunal de Contas do Município).

Em outubro do mesmo ano, veio o baque. O prefeito descobriu um câncer no trato digestivo. Em nova entrevista à Vejinha, disse que não lhe restava outra coisa a não ser lutar pela vida.

Após a primeira fase do tratamento, o prefeito, que não se ausentou de suas funções, conseguiu cumprir agenda dupla, de prefeito e candidato à reeleição.

Bruno Covas posa com equipamentos de hospital e meias brancas compridas
Edição com Bruno Covas, em novembro de 2019 (Marcelo Justo/Veja SP)
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Durante o período eleitoral de 2020, Bruno Covas precisou diversas vezes explicar a escolha de seu vice, Ricardo Nunes (MDB). Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a esposa do então vereador fez um boletim de ocorrência alegando violência doméstica. Outra acusação versou sobre favorecimento tributário a uma ONG ligada a ele. Ligações com contratos de creche também foram suscitadas. Todos os casos foram negados por Nunes.

Em reportagem de capa às vésperas do segundo turno, Bruno e Guilherme Boulos (PSOL) trocaram cinco perguntas um para o outro. Uma delas, de Boulos para o tucano, foi a seguinte:

Gostaria de fazer novamente uma pergunta que ainda não me respondeu: o senhor bota a mão no fogo pelo seu vice?

Ricardo Nunes já fez mais pela cidade do que muitos daqueles que o criticam neste momento eleitoral. São oito anos de atuação correta como vereador, quando, inclusive, liderou, junto com outros parlamentares, uma CPI que enfrentou grandes bancos e recuperou 1,2 bilhão de reais para a cidade, investidos na melhoria da vida dos paulistanos. Ele não responde a nenhum processo judicial, nem há denúncia alguma apresentada contra ele. Assim como outros vereadores de vários partidos e orientações ideológicas, dedica parte de sua atuação a ampliar a oferta de creches na cidade, o que é legítimo e desejável. E é bom lembrar: todos os contratos citados nas notícias que tentam fazer ilações a meu vice foram firmados pela administração anterior. Agora, faço um desafio ao candidato adversário: oriente a bancada de seu partido, o PSOL, a investigar a fundo e a sério os contratos que acusam de irregularidades. Se acharem alguma coisa, eu descredencio a creche na hora. Se não acharem nada, assumam o compromisso de ir à tribuna e dizer que os contratos são regulares, legais e corretos”.

Logo após ser reeleito prefeito da capital paulista, em novembro do ano passado, com mais de 3 milhões de votos, Bruno Covas falou mais uma vez à Vejinha. Na ocasião, se comprometeu a voltar a conversar com a revista para fazer uma nova reportagem de capa, cujo título seria “Estou curado”.

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Confira a pergunta e a resposta abaixo:

A Vejinha entrevistou o senhor há quase um ano, ainda no hospital. Conseguiremos fazer outra entrevista, desta vez com o título “Estou curado?

Claro, e na ocasião eu contarei o que o João Doria falou da minha meia que apareceu na capa da Vejinha. Ele me ligou para falar que não estava combinando com a roupa” (veja a foto acima).

Mas era uma meia especial para conter a trombose.

Pois é. Era o João Doria sendo João Doria (risos).

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Nos últimos dias de vida, duas postagens de Covas nas redes sociais geraram grande comoção. A primeira foi ao lado do filho, Tomás (15), que esteve presente durante todo o tratamento do pai. A segunda, apenas cinco dias antes de os médicos anunciarem que seu caso era irreversível, foi uma foto apenas sorrindo.

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A promessa feita à Vejinha no ano passado não pôde ser cumprida.

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