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Covid: Secretários de Saúde pedem toque de recolher nacional

Para o Conass, país deve fechar escolas, bares e praias e criar um Plano Nacional de Comunicação para alertar a população sobre a gravidade da crise

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h38 - Publicado em 1 mar 2021, 17h13
carlos lula fala ao microfone utilizando máscara
Carlos Lula, secretário de saúde do Maranhão e presidente da Conass, demanda do governo ações mais duras no combate à Covid-19 no Brasil (Reprodução/Instagram/Divulgação)
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O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, divulgou nesta segunda-feira (1º) uma carta com sugestões de medidas urgentes contra o iminente colapso das redes pública e privada de saúde diante do aumento dos casos de Covid-19 no Brasil.

O documento menciona que o país vive o pior momento da pandemia, com altos números de mortes e infecções em todas as regiões do país e que há a falta de uma condução nacional unificada e coerente de reação à pandemia.

Por isso, a Conass propõe algumas medidas que, segundo ela, deveriam ser tomadas, como proibição de eventos presenciais – inclusive atividades religiosas, consideradas essenciais em São Paulo em decreto assinado por Doria nesta segunda -, suspensão de aulas presenciais em todo o país, adoção de toque de recolher nacional, fechamento de bares e de praias, ampliação de testagem e acompanhamento dos infectados e adoção de maiores barreiras sanitárias para impedir o avanço do vírus.

A instituição sugeriu, no documento, a criação de um Plano Nacional de Comunicação para esclarecer a população sobre a gravidade da situação no país. Também demandou mais vacinas, o retorno do auxílio emergencial, o reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de recursos extraordinários para o SUS.

A carta é publicada no momento em que o país enfrenta o momento mais crítico da pandemia até o momento, em que diversos estados estão à beira de um colapso ou já colapsaram seus sistemas de saúde. 

A circulação de novas variantes pelo país conjuntamente com relaxamentos de medidas de distanciamento social contribuíram para a segunda onda que aflige o país atualmente. O presidente Jair Bolsonaro criticou o uso de máscaras em live na última semana e provocou aglomerações. Ainda ameaçou governadores com corte de repasse de verbas no caso de adoção de medidas mais severas contra a circulação de pessoas.

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Em resposta a Bolsonaro, no domingo (28), 45 entidades médicas também divulgaram um apelo pedindo ação contra o agravamento da pandemia. No texto, as associações defendem o uso de máscaras: “direcionamentos contrários (ao uso das máscaras) desconstroem, confundem e agravam a situação do país”.

Nos últimos dias, os governadores também reagiram contra o governo federal. Em uma carta aberta, 19 governadores responderam a uma postagem do presidente sobre repasses de verba. Os líderes estaduais também se mobilizam para comprar vacinas independentemente da União.

Íntegra do posicionamento da Conass

Veja o documento na íntegra abaixo:

“CARTA DOS SECRETÁRIOS ESTADUAIS DE SAÚDE À NAÇÃO BRASILEIRA

O Brasil vivencia, perplexo, o pior momento da crise sanitária provocada pela COVID-19. Os índices de novos casos da doença alcançam patamares muito elevados em todas as regiões, estados e municípios. Até o presente momento, mais de 254 mil vidas foram perdidas e o sofrimento e o medo afetam o conjunto da sociedade.

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A ausência de uma condução nacional unificada e coerente dificultou a adoção e implementação de medidas qualificadas para reduzir as interações sociais que se intensificaram no período eleitoral, nos encontros e festividades de final de ano, do veraneio e do carnaval. O relaxamento das medidas de proteção e a circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária e social, esta última intensificada pela suspensão do auxílio emergencial.

O recrudescimento da epidemia em diversos estados leva ao colapso de suas redes assistenciais públicas e privadas e ao risco iminente de se propagar a todas as regiões do Brasil. Infelizmente, a baixa cobertura vacinal e a lentidão na oferta de vacinas ainda não permitem que esse quadro possa ser revertido em curto prazo.

O atual cenário da crise sanitária vivida pelo país agrava o estado de emergência nacional e exige medidas adequadas para sua superação. Assim, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) manifesta-se pela adoção imediata de medidas para evitar o iminente colapso nacional das redes pública e privada de saúde, a saber:

  1. a) Maior rigor nas medidas de restrição das atividades não essenciais, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, avaliadas semanalmente a partir de critérios técnicos, incluindo a restrição em nível máximo nas regiões com ocupação de leitos acima de 85% e tendência de elevação no número de casos e óbitos. Para tanto, são necessárias:

  • A proibição de eventos presenciais como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional;
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  • A suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país;
  • O toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h da manhã e durante os finais de semana;
  • O fechamento das praias e bares;
  • A adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no setor público quanto no privado;
  • A instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerados o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual;
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  • A adoção de medidas para redução da superlotação nos transportes coletivos urbanos;
  • A ampliação da testagem e acompanhamento dos testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos;

 

  1. b) O reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de recursos extraordinários para o SUS, com aporte imediato aos Fundos Estaduais e Municipais de Saúde para garantir a adoção de todas as medidas assistenciais necessárias ao enfrentamento da crise;
  2. c) A implementação imediata de um Plano Nacional de Comunicação, com o objetivo de reforçar a importância das medidas de prevenção e esclarecer a população;
  3. d) A adequação legislativa das condições contratuais que permitam a compra de todas as vacinas eficazes e seguras disponíveis no mercado mundial;
  4. e) A aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com retorno imediato do auxílio emergencial.

Entendemos que o conjunto de medidas propostas somente poderá ser executado pelos governadores e prefeitos se for estabelecido no Brasil um “Pacto Nacional pela Vida” que reúna todos os poderes, a sociedade civil, representantes da indústria e do comércio, das grandes instituições religiosas e acadêmicas do País, mediante explícita autorização e determinação legislativa do Congresso Nacional.

Carlos Lula

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Presidente do Conass”

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