Cachaça é valorizada e ganha reconhecimento internacional
Alvo de preconceito, o destilado brasileiro assumiu status de bebida premium e conquista cada vez mais apreciadores
Pode soar estranho que os Estados Unidos devem reconhecer a cachaça como um produto genuinamente brasileiro na sexta (11). Afinal, o destilado é um dos principais cartões de visitas do Brasil no exterior. Ocorre que, desde 2000, as garrafas que circulavam por lá deviam conter a expressão genérica “brazilian rum” no rótulo, limando a identidade verde e amarela da bebida.
Se colocada em prática, portanto, a medida vai tornar obrigatório que a mercadoria denominada cachaça tenha origem brasileira e seja produzida de acordo com os padrões oficiais de qualidade. “Essa conquista faz parte de um movimento de valorização do destilado”, analisa Vicente Bastos Ribeiro, presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça.
Como forma de retribuir a concessão norte-americana, o governo Dilma instituiu os termos bourbon whisky e tennessee whisky apenas para identificar os maltes produzidos nos EUA, conforme publicação no Diário Oficial.
Se a branquinha está ganhando cada vez mais projeção lá fora, é porque em solo nacional ela começa a perder o ranço de bebida barata e de má qualidade. “Apesar do preconceito, consolidou-se um segmento de cachaças premium”, afirma Ribeiro. São rótulos produzidos normalmente de forma artesanal, em alambique de cobre, e de maior complexidade de aromas e sabores. “Há garrafas custando até 2 000 reais”, diz Leandro Batista, único sommelier especializado na caninha de quem se tem notícia em São Paulo.
Ele fez carreira no premiado Mocotó, restaurante de culinária brasileiro na Vila Medeiros. Para acompanhar as delícias nordestinas que o chef Rodrigo Oliveira e sua equipe preparam, Batista propõe uma degustação com sete tipos cachaça. Quem quer se iniciar no universo da pinga, paga R$ 39,90 pela sequência, suficiente par até três pessoas. “Eu procuro escolher exemplares de regiões e níveis de envelhecimento diferentes”, explica o expert.
+ Uma lista de bares e restaurantes com boas cartas de cachaça
Diferente da cerveja, esse mercado ainda está ganhando força. Faltam dados numéricos, bem como cursos de especialização e gente que entenda do assunto. Para preencher essa lacuna, os jovens Felipe Jannuzzi e Gabriela Barreto criaram o Mapa da Cachaça, em 2010. Trata-se de um site colaborativo cuja principal ferramenta é um cadastro de rótulos e alambiques. “Temos mais de quinhentos registros”, estima Jannuzzi.
No ano passado, a dupla lançou uma atividade cachaceira em parceria com Renato Figueiredo, autor do livro De Marvada a Bendita. Uma vez por mês, sempre às quintas, a turma organiza no Otto Bistrot, na Consolação, uma degustação harmonizada com direito a palestra. Coincidência ou não, o evento de abril ocorre no próximo dia 11 e custa R$ 90,00 por pessoa. “Estamos negociando um segundo encontro no Mocotó para o fim deste mês”, adianta Jannuzzi.
Quer aprender mais sobre o universo da branquinha? Então veja o roteiro etílico que o sommelier Leandro Batista montou: