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Grifes cariocas inauguram lojas paulistanas com adaptações ao clima da capital

Marcas como Zerezes, Handred e Maria Filó abrem as portas em pontos famosos da cidade, como as ruas Oscar Freire e Haddock Lobo

Por Humberto Abdo
Atualizado em 27 Maio 2024, 19h38 - Publicado em 3 set 2021, 06h00
Fachada da loja da marca Handred no Shopping Iguatemi. A fotos tem tons laranjas e algumas roupas estão expostas na vitrine
Handred: grife produz todas as peças em seu ateliê carioca, (Leo Martins/Veja SP)
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Na lista de novidades em São Paulo, existe uma “onda” que vem do Rio de Janeiro. Com forte clientela paulistana criada pelo e-commerce, grifes cariocas têm inaugurado lojas físicas em pontos e shoppings famosos da cidade — como as ruas Oscar Freire e Haddock Lobo, que se tornaram endereços favoritos das novas marcas.

“Para escolher o lugar certo, andamos muito pela cidade e é ótimo chegar logo com uma loja de rua”, diz Hugo Galindo, um dos sócios da Zerezes, especializada em óculos de grau e de sol. Em um ramo dominado pelas grandes redes, eles apostaram em uma abordagem mais casual, do atendimento à aparência das lojas.

“É um mercado com preços exagerados e vendas que remetem à experiência de passar por uma consulta”, descreve o sócio Rodrigo Latini. Com menos empresas intermediando o processo de produção, hoje importam tudo da China (assim como a maioria das marcas), mas se preocuparam em deixar o ambiente da compra mais despojado e conectado. “O mercado óptico ainda é enraizado no físico, mas tudo isso é substituível com realidade aumentada e serviço de entrega para experimentar as armações em casa”, resume o terceiro sócio, Luiz Eduardo Rocha.

Uma loja de óculos. Paredes brancas com os modelos pendurados, alguns banquinhos e uma mesa no centro
Sem cara de consultório: Zerezes abriu loja física após fisgar os paulistanos nas vendas on-line (Graziella Widman/Divulgação)

O frescor na proposta é um dos símbolos das marcas recém-chegadas, que atraem seguidores com coleções praianas, mas também investem em peças adequadas ao clima paulistano. “Nós nascemos com o tricô, porém em São Paulo precisamos ter mais casacos e menos estampas floridas”, acredita Roberta Ribeiro, diretora criativa da Maria Filó, hoje com sete lojas na capital, incluindo uma nova em Moema.

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Após fechar duas unidades no processo de adaptação, o grupo passou a entender melhor a cidade. Na vitrine da Oscar Freire, por exemplo, as aparências mudam. “Tudo deve ser mais clean, com a loja mais aberta, porque a cliente quer ser bem atendida acima de tudo. O serviço em São Paulo é mais exigente que no Brasil inteiro, essa é uma grande diferença.”

Direto do Leblon, a Oficina Reserva também escolheu a Oscar Freire como primeiro endereço e acaba de abrir uma unidade no Shopping Pátio Higienópolis. “Assim como no Rio, nosso bar instalado para os clientes (na unidade do Jardins) fica posicionado como protagonista do espaço, o que muda são os itens mais vendidos”, destaca o fundador Gabriel Zandomênico. A origem da marca na alfaiataria, hoje menos predominante, ainda atrai os paulistanos pelo serviço personalizado. “As peças têm uma garantia vitalícia, pois podem ser ajustadas sem custo nenhum.”

Nova unidade da Oficina Reserva no Pátio Higienópolis exibe manequim com jaqueta, bicicletas penduradas no topo do pé-direito e araras com roupas masculinas.
Nova unidade da Oficina Reserva no Pátio Higienópolis. (Divulgação/Divulgação)
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Outra aposta do empresário é a recém-lançada assinatura de cuecas, anunciada no site. “Antes da loja, o e-commerce já tinha vendas mais relevantes que no Rio de Janeiro”, ressalta. A presença on-line foi essencial para a estilista Marcella Franklin, criadora da Haight. “Desde o começo, sempre tivemos muitas clientes paulistas pelo Instagram. Por ser uma marca mais minimalista e com cartela de cores sóbrias, tem muito a ver com elas”, conta. O estilo atrai público de várias faixas etárias, assim como artistas de diferentes tribos — de Ivete Sangalo a Liniker.

Aberta na Rua Doutor Melo Alves, a grife chegou à capital pouco antes da pandemia e resistiu bravamente até agora, apesar de ficar em uma via com menos movimento. “Nossa preocupação principal era transmitir as sensações da marca nesse ambiente. Usamos muito o contraste de materiais e pedras naturais e entradas de luz com claraboias e uma elipse bem no centro. São esses elementos que trazem o Rio para cá.”

Quase em frente à loja, seu amigo estilista André Namitala também escolheu trazer um pedaço do Rio com a Handred. “A pergunta ‘quando vocês vêm para São Paulo?’ começou a ser recorrente, até que a gente decidiu vir de uma vez”, relembra. Por aqui, shorts de linho e camisas de seda estão entre as peças mais vendidas e conquistam inclusive clientes da terceira idade. “Por serem roupas mais larguinhas, elas atraem o público mais velho, que ficou órfão de roupas limpas com acabamento.”

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Um homem vestido de camisa e calça branca, com detalhes em verde e laranja, posa no provador de uma grife no shopping
André Namitala, criador da Handred (Leo Martins/Veja SP)

Com investimento de 250 000 reais, ele abriu neste ano o segundo endereço no Iguatemi São Paulo — e não planeja expandir muito mais que isso. “Até hoje produzo tudo no meu ateliê, com cinquenta funcionários e provavelmente mais cinquenta colaboradores”, calcula. “Vir a São Paulo é uma mudança muito natural e o Rio, mesmo com todos os problemas do mundo, continua atiçando essa vontade das pessoas de ser e ter um pouco do Rio de Janeiro.”

Marcella Franklin posa de pernas encolhidas, sentada, com uma das mãos no joelho. Veste um vestido na cor amarela, quase mostarda, e tem cabelos lisos loiros.
Marcella Franklin, criadora da marca Haight. (Juliana Rocha/Divulgação)
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Publicado em VEJA São Paulo de 8 de setembro de 2021, edição nº 2754

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