Restaurantes substituem pratos tradicionais por comidas em tigelas
As cumbucas conquistaram o público com um serviço diferente
Cumbuca, tigela ou bowl. Seja qual for o nome utilizado, já foi o tempo em que o utensílio de forma arredondada e bordas altas aparecia apenas em restaurantes asiáticos e, em casa, na hora de comer cereais mergulhados no leite do café da manhã. Há pelo menos seis estabelecimentos que deixaram os pratos convencionais planos de lado para servir algumas de suas receitas em cumbucas.
É assim que o Mauli, inaugurado no fim de novembro no Itaim Bibi, serve 90% de suas receitas. Variam de iogurte, mingau e frutas batidas a saladas e pratos completos, caso do picadinho. “Chegamos a pensar em montar uma casa de poke ou de brunch. Partimos para uma pegada mais natural, mas a ideia dos bowls se manteve”, explica a publicitária Marcella Minelli, uma das quatro proprietárias do estabelecimento. Antes da abertura, as pedidas coloridas já tinham sido apresentadas com sucesso nas redes sociais. A euforia de likes se traduziu em público, que forma filas todos os dias no local.
Além da aparência, a praticidade também conta pontos nesses endereços. Tanto que, embora os bowls cheguem à mesa acompanhados de garfo e faca, os clientes raramente precisam cortar os alimentos. “Tudo tem de estar picado. Assim, a parede da cumbuca faz a vez da faca na função de ajudar a levar a comida para cima do garfo”, explica Tatiana Szeles. Dona do Marcha e Sai, ela serve almoço em tigelas de plástico para facilitar a refeição no estabelecimento, que possui poucos lugares na área externa. “A principal vantagem é poder comer de pé, sem o apoio de uma mesa, e conseguir misturar todos os ingredientes”, acredita Manuela Albuquerque, sócia do Botanikafé — Bowls and Toasts, especializado em brunch.
O bowl se mostra uma boa opção principalmente nas receitas que levam molho. “Tudo fica juntinho, e o formato arredondado não deixa o caldo se perder”, diz Marcus Ozi, do Isla Café. Para Gabriella Barreto, do Futuro Refeitório, o público paulistano está cada vez mais aberto para esse modo informal de comer. “Considero a cumbuca uma versão hipster do prato feito, o famoso PF”, brinca Gabriella. Até mesmo estabelecimentos consolidados, como a Padoca do Maní, entraram na onda. Para o almoço durante a semana, há uma opção diferente por dia. É ilusão, no entanto, achar que sempre foi assim.
Uma das precursoras do movimento, a chef Renata Vanzetto implementou o uso de tigelas doze anos atrás no Marakuthai de Ilhabela. “Houve um estranhamento. Teve gente que chegou a dizer que não era cachorro para comer desse jeito”, lembra. Ainda assim, Renata insistiu na ideia de usar cumbucas. Hoje, os bowls fazem sucesso em quatro estabelecimentos da chef em São Paulo: no Marakuthai, no Marakuthai Kumbukha, no Ema e no caçula deles, o Matilda Lanches.
Onde encontrar comidinhas em bowls
Isla Café
As almôndegas de cordeiro ao molho de tomate vão com cuscuz marroquino (R$ 40,00). A casa está fechada até 15 de janeiro. Rua Simão Álvares, 97, Pinheiros, ☎ 99976-0378.
Futuro Refeitório
No jantar, há curry de vegetais com leite de coco, grão-de-bico, cogumelo e arroz basmati (R$ 36,00). Rua Cônego Eugênio Leite, 808, Pinheiros, ☎ 3085-5885.
Padoca do Maní
Cumbuca com hambúrguer de cogumelo shiitake, beterraba e batata-doce, vinagrete de feijão-azuqui, pesto de beterraba, chips de batata- doce, salada verde e castanhas picantes. Custa R$ 29,00 e é servida só às sextas- feiras. Rua Joaquim Antunes, 138, Jardim Paulistano, ☎ 2579-2410.
Botanikafé
O tropi (R$ 22,00) é composto de manga, banana, laranja, hortelã, granola e sementes de girassol. Rua Padre Carvalho, 204, Pinheiros, ☎ 3819-0726.
Marcha e Sai
O cardápio, que muda mensalmente, inclui receitas como o noodles com legumes ao curry, para comer de hashi. Custa R$ 28,00. Rua Sabará, 473, Higienópolis, ☎ 95050-5107.
Matilda Lanches
Combina macarrão udon, cenoura, pepino, amendoim e frango crocante por cima (R$ 35,00). Rua Bela Cintra, 1541, Jardim Paulista, ☎ 3081-8358.