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Notas Etílicas - Por Saulo Yassuda

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O jornalista Saulo Yassuda cobre cultura e gastronomia. Faz críticas de bares na Vejinha há dez anos. Dá pitacos sobre vinhos, destilados e outros assuntos
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As novidades da Praça da República

Estabelecimentos gastronômicos e culturais têm surgido ao redor do logradouro. Montei um roteiro para quem quer passar um dia por ali

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Atualizado em 10 jan 2023, 14h27 - Publicado em 6 jan 2023, 06h00
O à Mercê: misto de mercearia e bar
O à Mercê: misto de mercearia e bar (Isabella Juliate/Divulgação)
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Um movimento expressivo, ainda que incipiente, tem ganhado força na Praça da República. Estabelecimentos culinários e culturais têm aberto as portas ao redor do espaço, que num passado longínquo era chamado de Largo dos Curros. A mais recente empreitada surgida ali é a Livraria Eiffel, dedicada a livros de arquitetura e congêneres. Além de se situar próximo a escritórios e escolas do ramo (a Escola da Cidade e o IAB ficam a poucos metros), o comércio nasceu no térreo de um edifício icônico projetado em 1952 por Oscar Niemeyer e Carlos Lemos, o Eiffel.

Ali perto, o premiado pelo guia COMER & BEBER Cineclube Cortina trouxe, em agosto, um movimento novo ao entorno, na viradinha da Rua Araújo, com festas, exibição de filmes e um bar badalado. De lá, em uma caminhada curta, chega-se ao à Mercê, misto de bar de vinhos, mercearia e café, aberto em junho. “Antes, vimos a ocupação da Rua Major Sertório e da General Jardim”, observa o sócio Marco Aurelio Braga. “Acho que na Praça da República também vai começar a ter mais comércios que mudem a cara da região.”

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A poucos passos, na Rua Basílio da Gama, chegamos ao restaurante Esther Rooftop, um sucesso ali desde 2016 na mesma via do antigo prédio da Telesp, que passa por um retrofit e tem trazido eventos de arte e de entretenimento, como festas temáticas. “Trazemos ao Centro gente que não frequentaria a região”, diz Kauê Fuoco, da agência Kura, responsável pela curadoria de eventos culturais para uma incorporadora.

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Para aproveitar as novidades, propusemos abaixo um roteiro de um dia em diferentes atrações do pedaço, concentradas sobretudo no trecho mais próximo do Edifício Caetano de Campos. Apesar das novidades, não podemos esquecer que a situação econômica e social está longe de ser a ideal naquela área, particularmente castigada pela pandemia — muitos negócios não voltaram a reabrir. Em uma caminhada, a reportagem notou fachadas pichadas e edifícios fechados, além de lixo descartado, principalmente no pedaço mais próximo da Avenida Vieira de Carvalho, em um cenário ainda mais insalubre para as pessoas em situação de rua que vivem ali. Em paralelo, não raro o passante tem pertences roubados — em 2021, a Praça da República foi apontada como o local com mais roubos de celular, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública. “Temos sofrido bastante pela ‘gangue das bicicletas’”, diz Braga, do à Mercê. “Nós temos segurança, da 17h às 23h, que acompanha a pessoa até o estacionamento ou o Uber”, afirma.

11h – Um pouquinho de tudo

O visitante do à Mercê, aberto em julho no número 119 da Praça da República, dá de cara logo com uma mercearia de produtos brasileiros, como chocolates e doce de leite. Ali, você também toma seu café da manhã. O subsolo, um espaço meio cave, meio bunker, escuro e embalado por música pop, tem a vibe de bar de vinhos, para bebericar a seleção de rótulos (boa parte nacional) e bons queijos e frios — aí, a sugestão é ir à noite. Mais animado, o piso superior recebe eventos, também em clima de bar. O negócio foi pensado pelo executivo francês Damien Lamquet e pelo advogado paulista Marco Aurelio Braga, que mora no mesmo edifício do qual o estabelecimento faz parte. “Antes de abrir, consultei vizinhos, amigos e pessoas que moram no Centro para saber se faltava um espaço assim”, conta.

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12h30 – Livros no ícone

O ponto de uma livraria dedicada à arquitetura e a assuntos relacionados (urbanismo, design, desenho industrial, paisagismo) não poderia ser mais especial: a Livraria Eiffel se situa no térreo do edifício de mesmo nome, projetado em 1952 por Oscar Niemeyer e Carlos Lemos, na Praça da República, 183. “Esse calçadão (onde a loja fica) é extremamente agradável e é muito promissor para se tornar um bom ponto comercial”, afirma o proprietário Leo Wojdyslawski, ex-morador do prédio e advogado. O espaço, inaugurado em dezembro, comercializa 2500 títulos, aproximadamente um terço deles usado, com algumas preciosidades, divididos entre o térreo e o mezanino recuperado. “A gente tem um projeto de ampliar o acervo, ainda no primeiro trimestre, com literatura, primeiramente voltada à arquitetura, com alguma relação com a cidade”, antecipa.

Livraria Eiffel: títulos sobre arquitetura
Livraria Eiffel: títulos sobre arquitetura (Autumn Sonnichsen/Divulgação)

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14h30 – Sabores defumados

Uma portinhola dedicada aos defumados, o SMKD — Smokehouse funciona desde 2021 na Rua Basílio da Gama, 49, a poucos passos da praça. É dedicada aos defumados, ainda que vez ou outra faltem algumas especialidades. O hambúrguer com bacon bem crocante não faz feio para uma boquinha.

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17h – Diversão e arte

Na virada da Rua Araújo para a Praça da República, foi inaugurado em agosto para o público o Cineclube Cortina, de 1 100 metros quadrados. Na parte de cima, fica o bar, com drinques da carta criada por Chula, bartender do ano pelo COMER & BEBER. O cinema, no piso de baixo, exibe filmes fora do circuito comercial. De quinta, dá para curtir um show, e, às sextas, rolam festas.

Cineclube Cortina: bar revelação pelo guia COMER & BEBER
Cineclube Cortina: bar revelação pelo guia COMER & BEBER (Ligia Skowronski/Veja SP)

20h – Prepare os ouvidos

Poucos passos separam a Praça da República do Edifício Itália, onde fica o bar The S., inaugurado em agosto no espaço do Circolo Italiano, no 1º andar. Costumam fazer sucesso por ali, de quinta a sábado, apresentações musicais de blues, jazz e soul. A carta de drinques é variada, mas nem tudo funciona. Na dúvida, fique no chope.

Para ficar por dentro do universo dos bares e da gastronomia, siga @sauloyassuda no Instagram e no Twitter.

Publicado em VEJA São Paulo de 11 de janeiro de 2023, edição nº 2823

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