Como é visitar a Bodega Garzón, que atrai mais de 20 000 brasileiros no Uruguai
Vinícola ajudou a colocar uma região ainda pouco conhecida daquele país no mapa mundial do vinho
Com apenas quinze anos de existência, a Bodega Garzón colocou uma região do Uruguai nada conhecida pelos vinhos, a de Maldonado (a cerca de uma hora de carro de Punta del Este), no atlas dos tintos e brancos. E olha que, quando a propriedade foi comprada pelo magnata argentino do petróleo Alejandro Bulgheroni, a ideia era produzir ali energia eólica.
A 180 quilômetros de Montevidéu, a vinícola manda a bebida para o planeta todo: são produzidas anualmente 2 milhões de garrafas, e 75% segue ao mercado externo — deste montante, 27% chegam ao Brasil. São opções que costumam agradar pela qualidade, desde os mais básicos, caso do fresco Albariño Reserva, feito com a uva branca mais importante do Uruguai, ao nobre Balasto, ícone elaborado em sua mais recente versão com tannat, cabernet franc e petit verdot (a garrafa do 2018 está a R$ 1 140,00 na World Wine).
O enólogo Germán Bruzzone enalteceu a safra de 2020, que deve chegar ao mercado nacional no próximo semestre. “Dos últimos cinquenta anos, 2020 está entre os melhores, se não for o melhor”, acredita.
O sucesso da Garzón no Brasil também se reflete no enoturismo: os visitantes brasileiros alcançaram a marca de 75%, equivalente a 22500 pessoas por ano. Há diferentes passeios, inclusive com experiências gastronômicas e até voo de balão. O mais básico, chamado de Tour Garzón Reserva (1350 pesos uruguaios, por volta de 170 reais), dá direito a visita guiada, degustação e ida aos vinhedos.
Antes da andança, ao chegar à bodega, o público pode dar um pulo na varanda — tudo que a vista alcança, nessa parte dos 1500 hectares da propriedade, são vinhas, em suaves colinas compartimentadas. É possível, ainda, fazer uma refeição no restaurante dirigido pelo chef-celebridade argentino Francis Mallmann, de quem Paola Carosella, do Arturito e da La Guapa, e hoje também televisiva, foi discípula (“o que ela tem feito?”, perguntou Mallman, que estava na ocasião da visita).
Nas instalações, chama a atenção o equipamento de ponta e as grandes tulipas de concreto, que funcionam como tanques de maturação para as linhas mais nobres. “Melhoram a maceração da uva”, diz Bruzzone. A bebida é produzida sob a cartilha do consultor italiano Alberto Antonini, que vê os exemplares uruguaios despertando mais atenção.
“Tenho amigos da minha geração que seguem como meus pais: tomam o mesmo vinho todos os dias. Muitos não bebem argentinos ou uruguaios, acham ‘perigoso’. Mas tem a outra parcela, mais interessada em conhecer coisa novas”, disse a Vejinha.
“E a geração dos meus filhos é interessada em conhecer novidades, algo que não seja mainstream”. E sobre as futuras linhagens, que tendem a beber menos, de acordo com estudos? “Não sei, talvez bebam vinhos sintéticos (risos)”, brincou.
Conheça exemplares:
> Reserva Albariño
Cheio de frescor, com uma pegada cítrica, leva apenas a uva albariño. É uma boa maneira de conhecer a vinícola e vai bem no início da refeição. R$ 191,77, na Amazon.
> Tannat Reserva
Opção tinta mais simples que funciona. Tem aromas de frutas negras maduras e flores. Na boca, apresenta taninos finos e boa acidez, o que não o deixa pesadão. R$ 149,90, na Amazon.
Publicado em VEJA São Paulo de 28 de junho de 2023, edição nº 2847.
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