Bargo Mooca, um destino para tomar drinques de qualidade em Santa Cecília
O bar, que também funciona como espera do restaurante Borgo Mooca, tem a carta criada por Danilo Nakamura. Leia a crítica
Bar de restaurante, em muitos casos, soa como um negócio preguiçoso. Banquetas, menu reduzido e serviço jogado, enfim, apenas um espaço para aguardar a mesa. Mas existe outra categoria, a de lugares com luz própria. É onde se encaixa o Bargo Mooca, nascido em novembro e um fruto do Borgo Mooca, em santa Cecília.
Não deixa de ser uma área de espera, porém se revela também um destino, sobretudo a aficionados por coquetelaria. Instalado numa garagem subterrânea, é acessado pela lateral da casa-mãe, de cozinha variada. O ambiente é pouco cerimonioso, à meia-luz e com projeções de filmes antigos em uma parede, e ganha o embalo de música animada.
Quando não estão em pé, os frequentadores se esparramam em poltronas e sofás (que parecem recém-desembarcados num garageiro por um furgão de mudança) ou em duas bancadas sinuosas. atrás de uma delas, labuta a equipe conduzida pelo hábil bartender João Piccolo. A lista de drinques executada por eles, criada em uma consultoria de Danilo Nakamura (responsável ainda por bolar alguns coquetéis do saudoso Bar do Jiquitaia, outro ótimo bar de restaurante) com Julio Bernardo, leva a sério o conceito de drinkability, ou a facilidade para continuar a beber.
As misturas não cansam o paladar, e mesmo as mais frescas aportam algum bem-vindo lance de complexidade. Nessa pegada, são ótimas variações de clássicos o dirty tequila collins (tequila, limão-siciliano, xarope de azeitona e club soda; R$ 49,00), salgadinho e salivante, e o dryquiri (rum, limão-taiti, maracujá e um toque Campari; R$ 38,00), com a exuberância cítrica enxugada por um traço amargo.
Quem aprecia coquetéis mais encorpados se aproxima da felicidade com o fanciulli (bourbon, vermute tinto e Fernet Branca; R$ 46,00), da família do manhattan e com notas herbáceas. a versão ostentativa do prosaico maria-mole, por R$ 72,00 — beber ali é o antônimo de pechincha — leva conhaque, que pode ser Remy Martin VSOP, vermute branco e angostura.
Após semanas com cardápios de visitantes, o chef e sócio Matheus Zanchini finalmente criou um menu de petiscos. Há opções como crudo de atum (R$ 62,00) sobre uma tira de polenta crocante e maionese de cebola queimada, que surgiu com excesso de flor-de-sal salpicada, e o sanduíche de mortadela, queijo taleggio e mostarda no brioche (R$ 44,00), um bom mata-larica que ganharia mais se o pão estivesse mais sequinho. Mas muita gente nem liga para a comida com altos e baixos, coadjuvante nessa agradável garagem etílica.
Avaliação: ÓTIMO (✪✪✪✪)
Bargo Mooca
Rua Barão de Tatuí, 302 (subsolo), Santa Cecília, 97574-3213.
Das 19h à 0h (sexta até 1h; sábado 12h/16h e 19h/1h; domingo só almoço das 12h às 16h; fecha segunda). Instagram: @bargomooca.
Confira o cardápio:
Publicado em VEJA São Paulo de 24 de maio de 2023, edição nº 2842.