Borgo Mooca, agora em Santa Cecília, bomba no almoço e no jantar
O chef Matheus Zanchini orienta a preparação de pratos que recebem sempre um toque pessoal. Leia a crítica
Uma das características mais marcantes do Borgo Mooca era ficar em um bairro da Zona Leste onde as ofertas gastronômicas não chegam a impressionar. Mais do que isso, a casa do chef Matheus Zanchini em sociedade com a esposa, a hoteleira Bianca Giacomelli, trazia um brilho culinário especial àquela região da cidade com receitas que não se repetiam e eram feitas com as melhores matérias-primas disponíveis na semana. Outra peculiaridade era ocupar uma residência dos anos 50, com mesas distribuídas por salas em diferentes espaços que mantinham quase todas suas características originais.
Em agosto do ano passado, Zanchini me revelou que o restaurante estava de mudança. Deslocaria-se para a região central, para o ponto em Santa Cecília onde antes funcionou um representante italiano. Conservou-se a rotatividade dos pratos e o salão ficou igual ao de um lugar mais convencional.
Isso nem de longe incomodou a clientela, que lota a casa no almoço e no jantar em busca de pedidas que recebem sempre um toque muito pessoal de seu criador — antes de abrir o próprio negócio, seis anos atrás, ele se formou em gastronomia, trabalhou com Erick Jacquin e vendeu comida de rua em um trailer.
Entre os itens que provei e que devem permanecer no cardápio nesta semana está a rã inteira feita à provençal com alho e limão marcantes mais um golpe de molho de tomate bem apurado (R$ 77,00). Do mar, o tentáculo de polvo tostado na brasa tem a satisfatória companhia de arroz meloso ao açafrão mais mexilhão, cotechino e pimenta cambuci (R$ 110,00). Com virtudes, o galeto moqueado na lenha tem a carne úmida e cheia de sabor e vem com uma tal guarnição francesa (batata frita em fios, ervilha fresca, cebola, tiras de presunto), que funciona como uma passagem no tempo para antigos restaurantes internacionais.
Custa R$ 96,00. a torta de chocolate, intensa e aveludada, contrasta com o sorvete de zabaione e a compota de mandarina (R$ 36,00). Pena que, no lugar de matéria-prima nacional, dê-se preferência ao produto belga. Vale descer a rampa e conhecer o bar do subsolo com uma boa seleção de drinques de Danilo Nakamura. O rabo de galo com jerez (R$ 45,00) é dos melhores.
Avaliação: BOM (✪✪✪)
Borgo Mooca
Rua Barão de Tatuí, 302, Santa Cecília, telefone e WhatsApp 97574-3213
Das 12h até 15h30 e das 19h até 23h (terça só jantar; domingo das 12h até 17h; fecha segunda)
Instagram @borgomooca
Aberto em 2017
Faixa de preço: $$ (R$ 166,00 a 245,00)
Veja o cardápio:
Publicado em VEJA São Paulo de 15 de março de 2022, edição nº 2832