Cepa Vinhos é nova importadora dedicada a rótulos naturais
Em entrevista, sommelière Gabrielli Fleming fala sobre os desafios de trazer o produto em época de pandemia e de câmbio nas alturas
Não bastava o ofício de sommelière. Gabrielli Fleming decidiu adicionar mais uma função ao currículo: importadora de vinhos, mesmo com o câmbio nas alturas e as dificuldades da pandemia. No mês passado, os primeiros contêineres da Cepa Vinhos foram liberados no Porto de Santos.
São dezenove rótulos naturais franceses, de Borgonha, Beaujolais e Jura, entre outras regiões. Encontram-se na lista rótulos como os beaujolais-villages y es-tu? (R$ 219,00) e Loubellule (R$ 249,00), do Domaine Lou Y Es-Tu, entre os mais baratos da leva (quem disse que os natureba têm preços em conta?).
As bebidas podem ser compradas para ser apreciadas em casa ou, por um valor um pouco maior, tomadas junto da boa comida no restaurante Cepa (Rua Antônio Camardo, 895, Tatuapé, tel. 2096-0687), no retorno da fase vermelha. A seguir, Gabrielli responde a três perguntas:
Como decidiu importar vinhos?
Sempre tive vontade de trabalhar mais diretamente com a bebida. Antes de virar sommelière, eu era de uma área que me dava muito mais (financeiramente) e em que trabalhava muito menos (era consultora de investimentos), mas vinho sempre foi bom para mim. No mundo dos naturais, há uma infinidade de vinícolas e espaço para importadores. Às vezes, os vinhos são “bagunçadinhos”, para não falar defeituosos, mas há produtores sérios. Conto com a ajuda do amigo Xavier Meney, francês da Borgonha, que é o wine hunter (profissional que caça rótulos). Eu já conhecia a maioria dos produtores, e ele me auxiliou na intermediação.
Por que optar por trazer apenas rótulos naturais?
Esse tipo de vinho tem vida. A expressão de terroir e de safra é muito diferente daqueles com muita intervenção, que usam leveduras selecionadas e que abusam de sulfitos.
Enfrentou muitas dificuldades no processo?
O câmbio, com certeza, foi um ponto muito difícil — pagamos quase 7 reais pelo euro. Foi sofrido. A tributação no Brasil também é surreal, afora a questão portuária — os produtos ficam parados no porto. Mas não foi uma loucura. Quando a gente gosta, a gente é meio masoquista.
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