Helena Rizzo comanda sozinha o Maní com a saída de Daniel Redondo
O chef espanhol volta para a Espanha onde deve se dedicar a programas em vídeo
Talvez o público não note. Mas uma grande mudança está em curso nos bastidores do Maní. Onze anos atrás, quando o restaurante foi aberto, tinha dois cozinheiros quase desconhecidos e uma pegada natureba. Esta era uma imposição dos sócios, o ex-piloto de Fórmula 1 Pedro Paulo Diniz e a atriz, modelo e apresentadora Fernanda Lima, que depois de uma passagem pela MTV, deslanchava em uma carreira de sucesso na TV Globo.
A dupla de forno e fogão era formada pela ex-modelo Helena Rizzo, que trocou passarelas, editoriais de moda e beleza pelas panelas. Seu aprendizado incluía ter estagiado e/ou trabalhado em restaurantes bacanas, como o extinto Roanne, cujo menu era do chef francês Emmanuel Bassoleil, hoje no Sky. Na época, Helena acabara de voltar da Europa, onde fora fazer um aprendizado prático. Passou por vários países, entre eles a Espanha.
No retorno ao Brasil, Helena não veio só. Estava acompanhada do espanhol Daniel Redondo Cuevas, que ela conhecera pegando no batente como estagiária no premiado Celler de Can Roca, na bela cidadezinha de Girona, na Catalunha. Antes de ela ingressar nesse restaurante, seu futuro marido já era um dos cozinheiros dos irmãos Roca, proprietários do estabelecimento localizado a menos de uma hora de trem de Barcelona — conheci esse lugar fantástico no início deste ano, onde provei o magnífico menu degustação com vinhos. A conta foi doída: não sai por menos de 600 euros para dois. Foi a chance de conhecer o restaurante-escola da dupla Rizzo-Redondo. Passou ainda pelo Moo, também dos Roca, em Barcelona. O reconhecimento do então casal veio por vários prêmios, tanto para o restaurante quanto para a dupla, entre os quais de chefs do ano de VEJA SÃO PAULO para Helena em 2009 e para Redondo seis anos depois.
Motivado por problemas familiares, Daniel Redondo foi para a Espanha em agosto do ano passado. E não voltou mais. Ex-gordinho, o chef se apaixonou pelas corridas. A vida de atleta o levou a desenvolver um projeto para o YouTube e para a TV que consiste em participar de maratonas e cozinhar pelo mundo. Dois países estão roteiro: África do Sul e Índia — foi o que adiantou Helena na conversa que tivemos. Infelizmente, não consegui contato com o chef.
Para poder se dedicar a essa nova investida, Redondo veio a São Paulo para formalizar sua saída do Grupo Maní, hoje controlado por uma holding. Tanto Helena quanto ele se tornaram sócios dos negócios da marca há cerca cinco anos. “Antes, éramos prestadores de serviço e conquistamos a participação com o nosso trabalho”, explica Helena. Perguntei a ela por quanto Redondo recebeu para vender sua parte. “Não posso te dar essa informação”, desconversou.
Agora com um único comando culinário, o restaurante contemporâneo terá apenas as feições de Helena, que havia terminado o casamento com Redondo em 2014, mas com quem permaneceu parceira profissional até agora. “Se completou um ciclo dele e meu juntos”, diz. “Em duas semanas devo lançar um menu degustação que a gente está polindo”, acredita. “É um outro momento do Maní“, afirma, referindo-se a seu próprio trabalho e ao de sua equipe. Entre as novidades que já podem ser provadas pelos clientes estão o velouté de erva-doce com ostra e purê de limão e o lagostim com mel de cacau, nibs e picles de chuchu.
A transição não se esgota aí. Um outro cardápio deve estrear em um mês e, mesmo nas sugestões de almoço, já há acréscimos só com a assinatura dela. “Temos um arroz de suã que preparamos com agulhinha mesmo e não o espanhol bomba”, adianta, numa referência à brasilidade.
Na trajetória da chef, há ainda outra novidade. Em 6 de abril, ela estreia como participante do reality show The Taste Brasil, levado ao ar pelo canal pago GNT. Ela se junta à equipe de jurados formada por Claude Troisgros, Felipe Bronze e André Mifano. “Gravamos tudo em duas semanas no início de janeiro. No primeiro episódio teremos a eliminação de candidatos e a escolha dos times”, adianta a nova mentora. Helena permanece no ar por dez semanas, período em que o público poderá conhecer mais essa faceta da chef.