Conversa de gulosos com Carla Pernambuco
Dizer que Carla Pernambuco, chef e dona do Carlota, é um dínamo é tão lugar-comum quanto a expressão chover no molhado. Para encerrar a série de posts comemorativos de um ano do blog, conversei com a cozinheira-empresária. Entre tantos outros assuntos, falamos sobre o livro infantil “As Deliciosas Férias de Beatriz”, que motivou essa “conversa […]
Dizer que Carla Pernambuco, chef e dona do Carlota, é um dínamo é tão lugar-comum quanto a expressão chover no molhado. Para encerrar a série de posts comemorativos de um ano do blog, conversei com a cozinheira-empresária. Entre tantos outros assuntos, falamos sobre o livro infantil “As Deliciosas Férias de Beatriz”, que motivou essa “conversa de gulosos”. A obra traz a divertida história de uma garotinha de Porto Alegre que embarca em duas viagens de férias pelo sul do pais.
Pode-se dizer que para Carla o livro é pagina virada, porque já chegou às lojas e teve até sessão de autógrafos. A cozinheira, sempre em alta voltagem, já embarcou em outros projetos literários. Só com a Leya, editora que publicou “As Deliciosas Férias de Beatriz”, tem outras três obras em andamento. Em parceria com a também chef Carolina Brandão, ela está preparando o livro de receitas do Las Chicas, do qual as duas são sócias. “As fotos são do Romulo Fialdini”, conta. Os capítulos são divididos de acordo com os cardápios servidos no restaurante ao longo do dia: café da manhã, almoço com os pratos oferecidos no bufê, balcão salgados e de doces oferecido ao longo da tarde e as sugestões à la carte do jantar.
Como Carla sempre está com o pé na estrada, resolveu passar a limpo essas experiências de viajante em “Registro de Amores e de Paixões”. “Estou reunindo viagens reais e de cabeça. É uma espécie de diário de todos os lugares em que passei: Amsterdã, Moscou, Lima… Narro histórias reais”, diz. Sua intenção, por exemplo, é levar as pessoas a um passeio pelas ruas de Buenos Aires, onde gravou a primeira temporada do programa “Brasil no Prato”, que vai ao ar pelo canal pago Bem Simples. Embora tenha ido outras vezes para a capital argentina, ela morou e trabalhou lá em outubro 2010, numa experiência bem diferente da de um turista.
Uma das viagens mais intelectuais se deu em Santa Catarina. “Quando estava na Praia do Papagaio tomando uma água de coco, recebi um telefonema dizendo que o Carlota poderia ser desapropriado por causa da construção de uma estação de metrô em Higienópolis. Como essa ainda é uma possibilidade real, comecei a pensar em outras alternativas se isso acontecesse. Aos 52 anos, tenho um olhar diferente para as coisas.”
O terceiro livro pela Leya se intitula “Meu Brasil Brasileiro” e será escrito junto com o botânico Lacê Medeiros Breyer. Trará uma descrição de plantas comestíveis encontradas nas diferentes regiões do país e receitas com esses vegetais. “Será ilustrado por aquarelas e estará na Feira de Livros de Frankfurt em 2013”, diz.
Não, as novidades impressas não se esgotam aí. Pela Editora Nacional, sairão as versões em inglês de “As Doceiras” e de “Balaio de Sabores”. “Preparei um capítulo inédito para cada um desses livros”, adianta.
Neste momento, Carla está gravando a segunda temporada de “Brasil no Prato”, desta vez aqui em São Paulo. Ainda sobra tempo para mais alguma coisa?
Sim, a chef está finalizando uma cozinha industrial, intitulada Clementine, em frente ao Las Chicas. “Faremos catering customizado para uma grande empresa. É um cardápio sob medida”, adianta. Num domingo, enquanto acompanhava a arquiteta no meio da obra, Carla conversou comigo sobre “As Deliciosas Férias de Beatriz”. Confira:
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Como surgiu o livro?
Quem encomendou o projeto à editora Leya foi a Green, uma grife de roupas infantis. A empresa costuma comprar 25.000 exemplares para enviar para clientes das franquias espalhadas pelo Brasil. A pedido da Green, a editora havia publicado um livro com lendas do norte e do nordeste. Desta vez, o briefing era de uma história que se passasse nos três estados do sul do país. Eles me procuraram em dezembro e fiz o livro em dois meses. Só consegui porque trabalhei com minha equipe, o Pablo [Fabián, professor de comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul] e o Dado [Motta, artista plástico], que faz o design do meu blog e do meu site. Mas tive total liberdade para criar.
As crianças de oito anos querem ser chefs de cozinha?
Não se esqueça de que é uma ficção. De qualquer forma, as garotas sempre brincaram de ser cozinheiras. É uma diversão de menina. E hoje, uma criança de oito anos está na internet o dia todo e já ouviu falar ou viu um chef, que virou até personagem de novela na TV. Na realidade, contei a história de uma garota gulosa que faz um diário no qual anota receitas.
Por que a garota se chama Beatriz?
É uma brincadeira com meu alter-ego. Meu nome é Carla Beatriz. Posso mostrar meu RG (risos). Na minha família, muitos me chamam de Beatriz. No livro, misturo ficção e realidade. A fazenda em Dom Pedrito é a da minha avó, para onde eu ia quando era criança. Floriana, a tia que mora em Florianópolis, é minha filha mais velha. Se você reparar, a mãe tem o meu rosto. As pessoas que estão na história são de verdade, mas colocadas em situações bem diferentes das quais elas vivem.
“As Deliciosas Férias de Beatriz” não é sua primeira experiência com livro infantil. Você havia escrito “Juju na Cozinha do Carlota”, com sua filha Júlia. Quais as diferenças entre esses dois projetos? Sua filha gosta de cozinhar?
O livro da Juju, de 2004, não conta uma história, só há a apresentação dos capítulos e as receitas. Esse novo tem uma poética, é para todas as crianças que viajam em suas férias escolares. É a história de uma garota curiosa. Minha filha não cozinha. É uma adolescente de 16 anos que tem o cabelo vermelho e quer ser vocalista de uma banda cover de rock and roll dos anos 1980.
Leia um trecho da história e aprenda a receita do bolo de maçã e canela: