Fora do ponto: os perrengues que tive no Purana.co e no Tamashii Ramen
Os dois restaurantes de Pinheiros apresentaram problemas no atendimento nas minhas mais recentes visitas
Grande parte das pessoas acredita que a vida de um crítico de restaurantes é cheia de regalias como furar filas de espera e comer de graça. O trabalho sério passa longe disso. No meu caso específico e de toda a equipe de gastronomia de VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER, não existe refeição gratuita e veta-se qualquer tipo de vantagem. Todas as avaliações são pagas pela Editora Abril, que publica a revista.
Conto aqui duas experiências recentes em endereços de Pinheiros. Aliás, nada agradáveis não pela qualidade da comida, mas pelo atendimento — lembro que o tratamento dado ao cliente é essencial para que se tenha vontade de voltar a um restaurante. Com as redes sociais, há quem ache que o crítico seja reconhecido e, por isso, receba privilégios, contratempos como esses estão aí para provar o contrário.
Estive no restaurante premiado como melhor vegano em 2019, o Purana.co, que continua com ótimos pães do amor, versão do pão de queijo feita com mandioquinha. Felizmente, ninguém me reconheceu, o que dá mais precisão à avaliação.
Se a porção do petisco veio rapidinho, o mesmo não aconteceu com os dois pratos escolhidos, o shiva bowl, uma salada, e o thai bowl, cozido de grão-de-bico e outros vegetais. Até eles chegarem uma hora depois, três pedidos foram entregues por engano na minha mesa. Nesse tempo, vi outras pessoas que entraram bem depois de mim no restaurante sendo contempladas com suas refeições.
Embora o Purana.co tenha como slogan “alimento que cura”, não inventaram um antídoto para a paciência a tanto atraso. Para piorar, o suco do céu veio na conta mas não foi entregue.
Como havia demorado tanto e já era atendido por outra equipe no ato do pagamento, houve dúvidas quanto ao meu questionamento.
Na casa de lámen Tamashii Ramen, repetiu-se o problema por motivos diferentes. Depois de a primeira entrada ter vindo errada, a salada escolhida demorou meia hora para aparecer.
Chamei alguém do atendimento e perguntei o tempo que os pratos demorariam. A resposta foi em tom alterado: “Eu sei quem você é”. Quando tentei responder, fui interrompido com rispidez. Aliás, de tão nervosa, a pessoa nem conseguia me ouvir. Despejou que funcionários da cozinha haviam faltado etc etc etc.
Permaneci tranquilo diante de tanta alteração. Só queria ouvir uma resposta como: “Lamento pelo atraso, seu prato vai ser servido em mais alguns minutos”. Como se vê, a vida de crítico não é nada fácil.
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de junho de 2024, edição nº 2898
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