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Por Arnaldo Lorençato
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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La Casserole faz 70 anos e merece se tornar patrimônio gastronômico de SP

O restaurante, sob o comando da mesma família, sempre no Largo do Arouche, promove eventos para celebrar o aniversário

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Atualizado em 27 abr 2024, 07h42 - Publicado em 26 abr 2024, 10h00

Um sopro. E lá se vão setenta anos de apetitosas histórias em torno da boa mesa — parte delas, pude acompanhar de alguma forma. O La Casserole, inaugurado em 6 de maio de 1954, está completando sete décadas inabaláveis no mesmo endereço, o número 346 do Largo do Arouche.

Ao longo desse período no Centro, que já foi chique, sofreu uma degradação contínua e agora ensaia uma revitalização, o restaurante assistiu ao fechamento de vizinhos ilustres e viu a migração de outros para diversos pontos da cidade, entre eles o Rubaiyat. Também atravessou mudanças de regimes de governo, da ditadura à reabertura, assim como sobreviveu à recente pandemia de covid-19. Segue altivo, mirando o futuro e o mercado de flores na calçada em frente.

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Mesa com celebridades: visita do ator Omar Sharif (de preto) (Acervo La Casserole/Divulgação)

Quando montou o La Casserole, o casal de franceses Fortunée e Roger Henry dava início a um sucesso. Todo mundo queria comer no bistrô. Por suas mesas, passaram estrelas de diferentes grandezas, entre elas o bailarino russo Rudolf Nureyev (1938-1993) e o ator egípcio Omar Sharif (1932- 2015).

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Depois de mais de três décadas de trabalho duro, os fundadores convocaram em 1987 a filha única, Marie France Henry, para assumir a direção da casa. Roger morreu em 2005, e Fortunée, em 2009. Quatro anos depois da partida da avó, Leo, caçula de dois filhos de Marie e na época com 23 anos, passou a orquestrar o negócio familiar com a mãe — o que não chega a ser só uma figura de linguagem, uma vez que o rapaz é afinado ao dedilhar o piano que mantém no apartamento não muito distante do restaurante.

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Marie France: com os pais, Fortunée e Roger (Acervo La Casserole/Divulgação)

No início do ano, a dupla começou a definir as comemorações que vão de maio a novembro. Serão sete meses de celebração daquele que não é o mais antigo francês da cidade — o título pertence ao Freddy, inaugurado em 1935 —, mas é o mais querido pelos paulistanos. “Uma cliente, cuja gravidez acompanhei há um tempo, voltou há uns dias ao restaurante com o bebê e estava amamentando. E me disse: ‘Meu filho está mamando boeuf bourguignon e, quando eu era bebê, mamava steak au poivre’. Isso é que me move! As histórias de vida se entrelaçando com as do restaurante”, diz Marie France.

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O primeiro dos eventos são dois jantares marcados para 8 e 9 de maio, nos quais se provará uma degustação preparada por sete chefs — o evento se repete nas semanas seguintes, de terça a quinta, até o final desse mês. Vão se revezar na cozinha a consultora Dani França Pinto (La Casserole, Infini e Cortés), Erisvaldo Gomes (extitular do La Casserole), Flávia Geraldini (Flá Gastronomia, de Jundiaí-SP), Giovanni Renê (Braza Gastronomia e La Coppa Neo Trattoria), Maurício Santi (Ping Yang Thai Bar & Food), Scheila Antunes (Aspas, de Itajaí-SC) e Talitha Barros (Conceição Discos & Comes). Inclui receitas como o steak tartare viet, de Santi, e o arroz de boeuf bourguignon, de Talitha.

Quem entra em cena em junho é Chula, a bartender mais quente do momento e premiada como a melhor da categoria pelo COMER & BEBER 2022. Ela elabora uma carta de drinques a partir de receitas clássicas francesas e com referências na década de 1950.

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Marie France: com o filho Leo (Angelo Dal Bo/Divulgação)

O tema de julho são as sugestões pirotécnicas que foram sucesso até pelo menos os anos 1990, os flambados. Serão finalizadas à mesa receitas como os escargots na cachaça e o steak au poivre ao conhaque. Noites musicais estão programadas para agosto. Sempre às terças, haverá nomes escolhidos pela curadora e cantora Suzana Salles.

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Setembro será o mês das artes plásticas, com obras de artistas brasileiros. O bistrô dedica outubro aos vinhos. A ação especial é o lançamento de três rótulos próprios. Estão chegando um bordeaux com o nome La Casserole, futuro “vinho da casa”. Os outros dois, da região de Meursault, na Borgonha, foram escolhidos em homenagem a Roger e Fortunée Henry, em microedição limitada a setenta garrafas cada um. O grand finale, em novembro, será um baile de máscaras, provavelmente no salão do próprio estabelecimento.

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“Estou há dez anos no restaurante e é uma alegria poder dividir este momento com a minha mãe”, diz Leo, que não chegou a ver de perto a escola de gentileza no atendimento dos avós Roger e Fortunée — ela foi eleita a primeira personalidade gastronômica por VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER em 2007.

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Clássico do menu: gigot d’agneau fatiado à mesa e servido com feijão-branco (Frederico Busch/Divulgação)

Entre as testemunhas oculares dessas atuações estão os dois mais antigos funcionários da casa, José Cabral de Melo, há mais de quatro décadas na cozinha, e Moisés Silva, há mais de 35 anos recebendo os clientes no salão. Por uma história tão saborosa quanto fascinante, o Casserole poderia ser elevado a patrimônio gastronômico paulistano. Clássicos como o gigot d’agneau, a perna de cordeiro rosada na companhia de feijãobranco, estão aí para provar que não estou exagerando nessa proposta.

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Publicado em VEJA São Paulo de 26 de abril de 2024, edição nº 2890

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