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Por Arnaldo Lorençato Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também comanda o Cozinha do Lorençato, um programa de entrevistas e receitas no YouTube. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie

Fasano abre segundo hotel em SP, acoplado a primeiro edifício residencial

Maior, a nova unidade fica no Itaim Bibi e possui uma filial do restaurante Gero

Por Arnaldo Lorençato e Saulo Yassuda
Atualizado em 3 Maio 2023, 11h15 - Publicado em 28 abr 2023, 06h00
hotel fasano itaim bibi
Gero Fasano: na primeira filial paulistana do restaurante com seu nome (Wanezza Soares/Veja SP)
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Lá se vão quase duas décadas da abertura de seu primeiro hotel, em setembro de 2003, no Jardim Paulista, e a grife Fasano se prepara para inaugurar a segunda unidade na capital. Desta vez, o cenário é o Itaim Bibi. O edifício de vinte andares espalha-se por parte de um terreno de 4 789 metros quadrados. É quase um quarteirão inteiro na Rua Pedroso Alvarenga, 706. No mesmo imóvel do Hotel Fasano e ao lado do lobby, ficam apartamentos de 30 metros quadrados chamados de estúdios, distribuídos pelos quatro primeiros andares, com entrada totalmente independente. Completa o empreendimento um prédio residencial de 37 andares, o primeiro a carregar a marca. O endereço abre aos hóspedes as portas quase camufladas de ripas de freijó na segunda (8). Detalhe: 40% das vagas já estão reservadas para o primeiro dia.

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Lounge: fotos da família na parede (Wanezza Soares/Veja SP)

Mais uma vez, repete-se a fórmula do simples e chique. Nenhum exagero ou ostentação. “Nossa inspiração é Milão”, diz Gero Fasano, que foi buscar na cidade do Norte da Itália de onde veio seu bisavô, Vittorio, há mais de um século, o estilo criativo. Pertinho da Avenida Brigadeiro Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, esse é o décimo e maior hotel da rede, que inclui ainda 28 restaurantes no Brasil, mais um em Punta del Este e outro em Nova York. “Juro que, no início, eu não queria mais um hotel na cidade”, admite o homem à frente da operação e gerência do projeto da Even Construtora e Incorporadora. Acabou topando quando viu um segundo nome que substituiria sua marca. “Às vezes, você cresce para ficar no mesmo lugar e também para não ceder espaço”, diz. “Conceituamos, escolhemos o arquiteto e operamos. Ficamos com 5% do faturamento e 10% do lucro”, detalha.

O edifício para hóspedes tem 75 metros de altura pelos quais se distribuem 107 quartos (contra sessenta do pioneiro nos Jardins) em seis categorias, com vista para o skyline paulistano ou para o verde dos Jardins. O maior deles, no 18º andar, é o recordista do grupo no país no quesito tamanho. Chamado de suíte de dois quartos, a antiga presidencial, dispõe, em 190 metros quadrados, de sala de jantar, cozinha, sala de estar e dois dormitórios, um com cama king-size e o outro com duas camas twin, ambos com banheiros equipados com banheiras.

O menorzinho não perde em aconchego em seus 30 metros quadrados. Em todos eles, o mobiliário inclui peças de design brasileiro como a poltrona Vronka, assinada por Sergio Rodrigues, o sofá Matriz, de Jader Almeida, e o banco ripado do Studio mk27. São igualmente decorados com gravuras garimpadas em antiquários na Itália e dotados de vasos sanitários high-tech da Deca que mimetizam a marca japonesa Toto. Todos os confortos se refletem nos preços das diárias: começam em 2 100 reais.

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Bar antes da entrada do Gero: balcão de mármore (Wanezza Soares/Veja SP)

“É muito sóbrio”, descreve Fasano, sentado no lobby, bem mais estreito que o da unidade dos Jardins, mas também muito mais comprido e banhado por luz natural filtrada por cortinas de linho com macramê de algodão claras. O piso é de basalto nacional, e nos balcões do bar e da recepção e tampos das mesas, de mármores italianos. No formato de estante, a divisória entre a recepção e o lounge tem nas prateleiras livros em italiano. “Não penduramos melancia no pescoço”, provoca o empresário. “Com tantos bons arquitetos no Brasil, não sinto necessidade de trazer um Jean Nouvel”, alfineta sem citar o concorrente Rosewood. O projeto de arquitetura é do escritório aflalo/gasperini com o Studio mk27, de Marcio Kogan, profissional responsável pelos interiores e que participou da concepção da primeira unidade, lançada em 2003.

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Salão do Gero: beneficiado pela luz natural (Wanezza Soares/Veja SP)

“O novo hotel é um pouco mais contemporâneo, sem deixar de ser clássico”, sintetiza Kogan, que bolou os espaços com Diana Radomysler e Luciana Antunes. Se nos Jardins itens como as poltronas vieram de antiquários, no novato foram mescladas a sofás de couro e tecido da italiana Minotti, a maioria desenhada pelo escritório do próprio mk27. São pequenas extravagâncias que não custam menos de 80 000 reais cada uma na loja. As imagens em preto e branco que contam a história da família e mostram estabelecimentos que os Fasano tiveram no Centro e no Conjunto Nacional vieram de pitacos de Gero. “Nos últimos dias, ele costuma fazer mudanças. Um mês atrás, ele falou que não queria que o café da manhã fosse servido no restaurante (Gero)”, entrega o arquiteto.

A solução foi adaptar o espaço de eventos no 1º andar, que tem capacidade para festas com até 300 convidados. “Café no restaurante dá um downgrade. É para não perder aquela magia”, explica Fasano. “Se o Gero tiver muito movimento, pretendo montar um Nonno Ruggero também na área de eventos”, conta o empresário ao se referir ao restaurante de almoço que mantém no hotel dos Jardins. Além desse andar para atividades sociais, há ainda business center para reuniões corporativas. “O spa e a academia têm mais que o dobro do tamanho dos da unidade dos Jardins”, celebra.

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Piscina cercada de vidro: olhar para o skyline do Itaim (Wanezza Soares/Veja SP)

+ Saiba mais a casa de sanduíches do grupo, o Gero Panini

O maior trunfo reside na gastronomia, área que pavimentou os negócios dos Fasano. O visitante, logo na entrada, avista do lobby o restaurante do hotel, a seis degraus abaixo, todos eles iluminados de LED. Trata-se da primeira filial paulistana do Gero, surgido em 1994 como um Fasano informal — até hoje, o efervescente endereço continua o mais movimentado de toda a rede. “O Gero é disparado o restaurante mais copiado em São Paulo”, diz o anfitrião. “Se todo mundo copia o Gero, deixa eu copiar também, a chance de dar certo é um pouquinho maior”, ironiza.

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Bar do rooftop: visão do verde dos jardins Europa e América (Wanezza Soares/Veja SP)

Aberto também para quem não estiver hospedado, o Gero Itaim conta com uma varanda ao ar livre para a tranquila Rua Galeno de Revoredo, rodeada de plantas tal qual todo o empreendimento, e o salão lavado de luz natural, algo raro nos restaurantes do grupo. Tem uma sala privativa e um cardápio de pratos italianos que recebeu acréscimos. “São opções que saem da grelha montada como uma parrilla”, diz o chef Lomanto Oliveira, egresso do Fasano Salvador e que está na companhia há dezoito anos. Entre as pedidas que passam pelas chamas, surgem os camarões biteludos e o t-bone deliciosamente tostado por fora. Completa o combo um rooftop no 20º andar, onde fica uma deslumbrante piscina iluminada à noite e um bar, aberto para visitantes. Dali, pode-se ver mansões cercadas de árvores dos jardins Europa e América.

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Grelha no estilo argentino: exclusividade da filial (Wanezza Soares/Veja SP)
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Camarões biteludos: beneficiados pelo aroma da brasa (Wanezza Soares/Veja SP)
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T-bone: corte grelhado com maestria (Wanezza Soares/Veja SP)
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Do terraço aberto, avista-se ainda a torre de apartamentos residenciais vizinha que faz parte do conjunto. Trata-se do primeiro residencial do Fasano na cidade, que forma o complexo com mais um salão que poderá abrigar pontos comerciais no térreo. O prédio tem 143 metros de altura e 68 apartamentos de 285 metros quadrados cada um mais a cobertura. Na fase inicial, o empreendimento foi lançado ao mercado pelo preço aproximado de 35 000 reais o metro quadrado. As unidades foram entregues, muitas passam por reforma.

Os apartamentos só começam a um patamar de 20 metros de altura do chão (o equivalente ao 5º andar), para possibilitar uma visão privilegiada dos Jardins que não seja atrapalhada pelos prédios da Avenida Nove de Julho. “A entrada do hotel fica na rua de maior movimento, e a residencial, pela lateral, mais tranquila”, explica Luiz Felipe Aflalo Herman, do escritório aflalo/gasperini arquitetos.

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Suíte de dois quartos: mesa de jantar e 190 metros quadrados (Wanezza Soares/Veja SP)
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Mobiliário: peças de designers como Sergio Rodrigues (Wanezza Soares/Veja SP)

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Do ponto de vista urbanístico, a construção nesse bairro adensado necessitou de uma “ginástica” arquitetônica e financeira para sua viabilidade: “O desafio foi a possibilidade de ter hotelaria de qualidade e potencializar o residencial com vista para os Jardins num mesmo espaço”. O projeto é grandioso. Para formar o terreno, foram comprados 26 imóveis, e o valor total investido pela Even foi de aproximadamente 460 milhões de reais, de acordo com a incorporadora. Uma parcela de 80% do empreendimento foi adquirida em 2021 pela Gafisa, que em 2022 a repassou para o fundo de investimento Albali.

Residências Fasano
Residências Fasano: torre com 37 andares e 68 apartamentos (Arnaldo Lorençato/Veja SP)

O grupo Fasano desde 2007 conta como sócia a JHSF. “Tenho uma sociedade bem equilibrada, muito frutífera e sólida”, diz Gero Fasano em relação à parceria com Zeco Auriemo. Ainda no segundo semestre, a companhia prevê o Residencial Fasano Cidade Jardim. Expectativas, entretanto, não faltam ao novo hotel. “Se ficar só de executivos, não é o que a gente gostaria”, assume Gero. “O legal é ter como nos Jardins: o executivo, a banda de rock, quem vem fazer compras. Isso é o que faz um lobby divertido. E, sobretudo, que seja um lobby frequentado também por paulistanos.”

Publicado em VEJA São Paulo de 3 de maio de 2023, edição nº 2839

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