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Blog do Lorençato

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O editor-executivo Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há mais de 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 16 000 avaliações. Também comanda o Cozinha do Lorençato, um programa de entrevistas e receitas no YouTube. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Apps de paquera e ações trabalhistas afetam vigor financeiro da Love Story

Boate no centro de São Paulo, usada como ponto de encontro para diversões picantes, entra em processo de recuperação judicial

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Atualizado em 20 jan 2022, 14h26 - Publicado em 8 ago 2018, 11h47
Pista concorrida: a boate chegou a receber 500 pessoas por noite (Julia Rodrigues/VIP/Veja SP)
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Quando ainda nem se sonhava com a abertura de restaurantes bacanas e concorridos como A Casa do Porco Bar ou de hamburguerias como a Z Deli, a Love Story fazia sucesso no degradado centro de São Paulo. Inaugurada 26 anos atrás pelo empresário João Freitas, era o que se costumava chamar de inferninho. Servia de ponto de encontro para quem estava em busca de aventuras sexuais inicialmente na Rua Major Sertório e, nos últimos dezoito anos, tornou-se uma emblemática referência de diversão e prazeres mundanos na confluência da Rua Araújo com a Avenida Ipiranga. Uma instituição do ramo, a Love Story entrou em recuperação judicial motivada por uma avalanche de ações trabalhistas.

Além de enfrentar as reivindicações de ex-funcionários, Freitas tem outras hipóteses para o encolhimento do negócio. “Há uma série de coisas que afetaram a noite”, explica. Ele inclui na lista de inimigos do prazer o advento do bafômetro e a falta de segurança. “Foram afetando e arroxando a gente”, lamenta. Também aponta como um dos maiores vilões a paquera virtual. “O cara está no hotel a fim de uma aventura e não vem mais para o centro. Entra num aplicativo e resolve tudo lá mesmo”, queixa-se.

A imagem mostra o letreiro da Love Story, boate do centro de São Paulo
Recuperação judicial: dívida estimada em 1,7 milhões de reais (Reprodução/Divulgação)

Para piorar, Freitas vê o desempenho do país, hoje com mais de 13 milhões de desempregados, uma tragédia. “Essa crise pegou todo mundo, pegou a gente”, acredita Freitas. “Estou com alguns pendentes, grande maioria dos meus débitos é trabalhista com alguns acordos pesados.” O empresário diz que partiu para a recuperação judicial para ganhar um fôlego e poder quitar o que deve com os credores. “Estou sem condições de honrar meus pagamentos.” Ele calcula que seus débitos giram em torno de 1,7 milhão de reais. “Como são ações na Justiça, está difícil prever o valor real da dívida.”

De um momento para outro, houve uma queda no faturamento da Love Story. De 4,5 milhões de reais anuais, o caixa viu entrar 3 milhões em 2017. O número de clientes também despencou pela metade. Em vez de 500 pessoas a cada noite, passou a receber uma média de 250. A solução foi cortar 30 de seus 70 funcionários, que agora reclamam no tribunal horas extras e a inclusão de gorjetas ao salário. A boate tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação aos credores.

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Curiosamente, a Love Story saiu no guia internacional da grife francesa de luxo Louis Vuitton em 2015, num período em que esteve muito hypada. Virou abrigo de gente descolada e atraiu personagem como a cantora Fafá de Belém, o jogador Ronaldinho e a atriz Luana Piovani, que sacolejaram em sua pista.

A boate, autointitulada “a casa de todas as casas”, chegou a ser definida generosamente pela publicação francesa como um lugar eclético e chamada generosamente de “um mix de cenas de clubes de Ibiza e Amsterdã”. Abrigou até uma das concorridas galinhadas do chef Alex Atala, servidas no Dalva e Dito, e um aniversário da também chef Janaina Rueda, à frente um dos endereços mais concorridos daquele pedaço, o Bar da Dona Onça, e também uma das maiores defensoras do ressurgimento do centro, com vários negócios gastronômicos por lá como A Casa do Porco Bar, do marido Jefferson Rueda, a casa de cachorro-quente artesanal Hot Pork e a Sorveteria do Centro. “Desde que abriu o Dona Onça, a gente vai na Love Story. É uma danceteria das boas que as pessoas deveriam ir sem preconceito. A casa é um importante caso de inclusão social. Espero quero seu João consiga resolver a situação”, diz Janaina.

Sempre grande parceira de João Freitas, Janaina, entre outras histórias curiosas, solicitou ao amigo que emprestasse a Erick Jacquin, conhecido no Brasil todo por sua participação no reality MasterChef Brasil, o carro da Love Story, uma Blazer, para levar o cozinheiro francês a sua festa de casamento no Jockey Club de São Paulo em outubro de 2015. Ah, se as paredes da Love Story falassem quantas histórias como essa, além de outras realmente picantes, teria para contar.

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