Os principais pontos do primeiro debate pela prefeitura de São Paulo

Sem público, o encontro entre os onze políticos foi transmitido pela Rede Bandeirantes

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 Maio 2024, 17h28 - Publicado em 2 out 2020, 12h10
O primeiro debate na disputa pela prefeitura na Band  (Reprodução/Veja SP)
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Na noite da última quinta-feira (1), o primeiro debate da disputa eleitoral pela prefeitura de São Paulo foi realizado pela TV Bandeirantes. Onze candidatos ao cargo estiveram presentes nos estúdios da emissora: Andrea Matarazzo (PSD), Arthur do Val (Patriota), Bruno Covas (PSDB), Celso Russomanno (Republicanos), Filipe Sabará (Novo), Guilherme Boulos (PSOL), Jilmar Tatto (PT), Joice Hasselmann (PSL), Márcio França (PSB), Marina Helou (Rede) e Orlando Silva (PCdoB).

O evento não contou com plateia devido à pandemia de Covid-19. A emissora orientou os candidatos a permanecerem com máscara durante o debate, só podendo retirá-la na hora que fosse necessário falar. O número de assessores no estúdio foi limitado a dois para cada político.

Foram escolhidos para participar do debate os candidatos de partidos que possuem representatividade no Legislativo. No primeiro momento, foram convocados dez dos 14 políticos que concorrem ao cargo. Porém, Marina Helou conseguiu uma liminar na Justiça Eleitoral para ser incluída. O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu a decisão do Novo que impedia Filipe Sabará de fazer campanha para a Prefeitura de São Paulo e ele pôde participar também.

O debate foi dividido em cinco blocos:

Primeiro bloco: perguntas do público enviadas pelas redes sociais

Segundo bloco: perguntas entre candidatos.

Terceiro bloco: jornalista pergunta para candidato de sua escolha e define o candidato para comentar a resposta

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Quarto bloco: perguntas entre candidatos.

Quinto bloco: considerações finais.

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Ações com a Cracolândia

No primeiro bloco, uma parcela dos candidatos tiveram que responder perguntas relacionadas à Cracolândia e sobre quais políticas públicas iam adotar para combater o problema. Orlando Silva foi o primeiro a responder e afirmou que a resolução virá “com medidas no campo da saúde pública, trabalhando na redução de danos, trabalhando no campo da inserção econômica dessas pessoas que vivem em situação de “drogadição”, e com inteligência policial combatendo o crime organizado”.

Na segunda fala, Jilmar Tatto diz que pretende retomar o programa “Braços Abertos”, criada na gestão Fernando Haddad, do PT. “Assim que a dupla Bruno e Doria assumiu a prefeitura, acabou com o programa e espalhou a Cracolândia na cidade. Essas pessoas precisam de assistência social e emprego, não violência. E nós vamos dar a eles oportunidade, retomando o programa ‘Braços Abertos’” explicou, criticando o candidato do PSDB.

Bruno Covas, atual prefeito, afirmou que a gestão municipal tem tido ações sociais e de saúde na região. “Quem tem dentro de casa algum familiar dependente de álcool ou droga sabe o tamanho do desafio. Nós acabamos mesmo com a ‘bolsa crack’ do PT. Nós temos lá uma ação que é social, de acolhimento, de roupa, uma ação de saúde, de tratamento para essas pessoas. De combate ao crime organizado e uma ação de trabalho para dar porta de saída para aqueles que desejam assim”, disse, devolvendo a crítica ao candidato petista.

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Andrea Matarazzo diz que sua gestão irá “fiscalizar os hotéis, bares e restaurantes que são ocupadas pelo crime, as empresas que roubam água e luz e aporrinhar a vida do traficante. Com relação ao dependente químico, vamos tratá-los como tem que ser feito e interná-los, quando necessário, mesmo compulsoriamente, quando for o caso”.

Joice Hasselmann defendeu a internação compulsória e a parceria com igrejas. “Quando se fala do crime organizado, todo o rigor da lei. Um enfrentamento ao crime, um enfrentamento ao PCC. Quando se fala do miolo, aquelas pessoas que ainda respondem por si, que sabem o que é certo o que é errado, que precisam de ajuda, nós vamos trazer as igrejas para dentro da prefeitura para que elas possam trabalhar junto com a prefeitura. Há projetos excepcionais feitos pelas igrejas, tanto católicas como evangélicas. Um deles é a cristolândia, que tem resultados excepcionais. Já aquelas pessoas que não respondem mais por si, elas podem matar ou morrer por uma pedra de crack, as que gritam por socorro, essas precisam sim de internação compulsória. Isso só será feito com muita coragem. É preciso coragem inclusive pra enfrentar esse pessoal que defende o bolsa crack”.

Estimulação de empregos

O segundo grupo de candidatos foi questionado sobre a questão do desemprego e quais medidas concretas implementariam para estimular a criação de postos de trabalho.

Márcio França prometeu uma frente de geração de trabalho com mais de 100 000 pessoas e o fornecimento de uma fonte de renda para que as pessoas possam empreender.

A proposta de Celso Russumanno é estender o horário de atendimento dos bares e restaurantes da capital paulista para as 23h.

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Arthur do Val afirmou que não tem um “plano mágico de geração de renda ou da prefeitura dando dinheiro para as pessoas”. Sua proposta tem como base a revisão do plano diretor em 2021. “Uma grande oportunidade para que a gente possa gerar emprego e renda a partir da construção civil”, explicou.

A proposta do Guilherme Boulos é criar as frentes de trabalho na periferia da cidade e um programa de renda solidária na capital para gerar empregos. Segundo o candidato, as frentes de trabalho devem atuar em trabalhos de zeladoria em vários bairros da periferia da cidade.

Filipe Sabará acredita que “a taxa de juros está super baixa, taxa recorde”. “Podemos trazer microcrédito do setor privado para investir em microempreendedores na periferia”, explica.

Marina Helou não respondeu diretamente à pergunta e usou o tempo para indicar para o eleitor onde ele conheceria as propostas da candidata. “Todos os 17 temas são importantes, por isso gravei um vídeo falando como é a minha ideia de fazer diferente em cada um deles, inclusive em trabalho em renda, que estou postando em minhas redes”.

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O que mais foi discutido

No segundo bloco, os candidatos fizeram perguntas entre si e abordaram diversos temas como empregos, obras, revisão de impostos e comércio. No terceiro, debateram temas como a ocupação em terrenos próximos às represas, ajuste fiscal e transporte público.

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No penúltimo bloco os políticos debateram sobre a desigualdade social na pandemia, racismo, transporte público, fila de creches, educação financeira para jovens, Bilhete Único, geração de empregos, mortalidade infantil, reforma das calçadas, ciclovias, Lei Cidade Limpa e contas públicas.

Considerações finais

No último bloco, os candidatos tiveram 45 segundos para suas considerações finais do debate.

Marina Helou se apresentou como opção diferente e destacou a internet como direito. “Se você chegou até aqui é porque realmente está preocupado com o futuro da nossa cidade, valoriza o seu voto. É por isso que eu estou muito feliz de nessas eleições. Eu Marina, junto com meu vice Marco de Preto, podemos oferecer uma opção para sairmos da mesmice. Podemos pensar diferente. Porque São Paulo não pode ser a cidade que só sobrevive, que a gente fica o tempo inteiro indo do carro, do transporte público para o trabalho, para casa, só para pagar contas. Pode ser uma cidade boa para se viver, que resolva o problema das pessoas, que combata a desigualdade, dando oportunidades iguais. Que coloque a internet como um direito, que priorize nossas crianças. Nessas eleições vote 18”.

Filipe Sabará, além de pedir votos para seu partido, se denominou como novo na política. “Queria agradecer sua audiência em casa. Talvez você não me conheça, eu sou novo na política. Eu tenho 37 anos, mas já tive duas experiências públicas: como secretário municipal de Desenvolvimento Social e presidente do Fundo Social do estado gerando oportunidade de renda para as pessoas mais vulneráveis. Só que nada disso se faz sozinho, então quero pedir o seu voto para a bancada de vereadores do partido Novo. São 34 pessoas extremamente qualificadas, uma verdadeira seleção para transformar São Paulo. Porque nada se faz sem a Câmara Municipal aqui. Peço seu voto para a gente fazer novo, para a gente fazer diferente. Vote 30”.

Guilherme Boulos relembrou que Luiza Erundina é sua vice e destacou que o principal intuito da sua candidatura é “colocar a periferia no centro”. “Há 30 anos, uma mulher nordestina, assistente social foi candidata a prefeita de São Paulo. O nome dela é Luiza Erundina. Achavam que ela não ia ganhar, que era muito radical. Ela ganhou e foi a melhor prefeita que essa cidade já teve. Agora, ela é minha vice e 30 anos depois vamos repetir essa história. Se você também quer derrotar o ‘bolsodoria’ em São Paulo, quer derrotar os esquemas, as máfias e colocar a periferia no centro, vem com a gente vamos virar esse jogo na maior cidade do Brasil, fazer dela uma capital da esperança. No dia 15 de novembro, vote PSOL, vote 50”.

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Arthur do Val diz ter o desejo de recuperar o orgulho de ser paulista. “A gente não pode ter vergonha de falar que São Paulo é a locomotiva do Brasil. São Paulo conduz e não é conduzida por causa de você que está em casa e não aguenta mais o peso da prefeitura nas suas costas. Eu não quero mais ter que sair daqui pra gente ter tudo o que podemos ter em São Paulo, usar a camiseta de outras cidades: Buenos Aires, Nova York. Eu quero usar a camiseta de São Paulo com orgulho”.

Celso Russomanno afirmou que agora é o momento em que a prefeitura irá ouvir a população. “Escolhi o tema ‘agora é a nossa vez’. É a vez da população de São Paulo, que vai ter voz. Que vai falar e a prefeitura vai ouvir e fazer os serviços públicos funcionarem. Infelizmente isso não acontece hoje. Nós vamos criar os centros municipais de games para atender os atletas esportivos das periferias. Nós vamos cuidar da mamãe e do papai com o auxílio paulistano. Nós vamos fazer dessa cidade, uma cidade mais humana. Eu vou cuidar de você, da sua saúde e da sua segurança, e da educação dos seus filhos”.

Márcio França destacou sua experiência na política. “Se você entende que as coisas têm que mudar, você precisa escolher entre os candidatos que tem experiência, quem tenha pulso e quem tenha palavra. Tudo que nos combinamos, nós cumprimos” “Precisamos gerar emprego e oportunidade e criar crédito para que as pessoas possam voltar a empreender, acreditar de novo que possa ser possível sair da situação difícil que nos encontramos”.

Joice Hasselmann aproveitou o tempo final para fazer uma críticas aos outro candidatos. “Minha gente, preste bem atenção nesse raciocínio. Se você votar em qualquer um desses que aqui se apresentam com experiências, vai acontecer que o dinheiro da prefeitura vai sumir. Vai sumir com a incompetência, vai sumir pela covardia ou vai sumir pela corrupção. Metade dos que estão aqui são citados na lista da Odebrecht. Aqueles que são novatos têm boa intenção, mas não têm musculatura, não têm força para enfrentar o que deve ser enfrentado aqui em São Paulo. Vocês viram no debate que a turma da velha política tentou me isolar um pouquinho, não quis debater porque não tem coragem de debater de verdade. Não tem propostas para debater de verdade. Eu sou Joice do 17 e estou aqui para mudar São Paulo com força e competência”

Andrea Matarazzo também ressaltou sua experiência prévia na política e da participação da sua família em São Paulo. “Jamais falaria mal da minha cidade, cidade onde eu nasci e cresci e que deu oportunidade à minha família construir tudo o que construiu, deu oportunidade à família Matarazzo dar os empregos que deu nessa cidade. Tenho experiência pra fazer a transformação de São Paulo e conheço a cidade como poucas pessoas conhecem. Vamos falar da São Paulo real, vamos voltar a fazer São Paulo a cidade da oportunidade, do emprego e da esperança”.

Bruno Covas lembrou da sua trajetória e o que fez durante seu tempo na prefeitura. “Agradecer o senhor e a senhora que estão nos assistindo até agora. Eu vim morar em São Paulo aos 14 anos de idade, me formei em direito pela USP e economia pela PUC. Faço política porque aprendi dentro de casa com meu avô Mário Covas a importância de se fazer política. Fui deputado estadual, deputado federal, secretário de estado do Meio Ambiente, vice-prefeito e prefeito da cidade de São Paulo ao longo desses últimos dois anos. Fizemos muito, 12 novos CEUS, 85 mil vagas em creches, 8 novos hospitais. Mas ainda há muito a se fazer. Com força, foco e fé, peço seu apoio e seu voto”.

Jilmar Tatto seguiu uma linha parecido e relembrou do que fez na política. “Cheguei em São Paulo com 13 anos, com 14 comecei a trabalhar de office-boy. Devo muito à essa cidade. Sou muito grato a essa cidade. Foi aqui que eu fui secretário de abastecimento, tive oportunidade de implantar almoço e janta nas escolas. Fui secretário na implantação das subprefeituras e fui secretário dos transportes. Implantei o bilhete único, os corredores de ônibus e as ciclovias. E tenho muito orgulho, muito orgulho mesmo, de ter apoio do presidente Lula, que foi o presidente que mais fez por esse país. Orgulho de ter o apoio do Fernando Haddad, que renegociou a dívida e que deixou dinheiro em caixa, diferente do que diz o Bruno Covas. E muito orgulho de ter apoio do PT e ter o vice Carlos Zaratinni. Vote 13, vote PT.”

Orlando Silva disse saber o que a população vive e que leva essa experiência para a política. “Sei que o povo está cansado de ser enganado, mas nós temos que resgatar a esperança. Eu conheço a periferia e o racismo desde sempre, vivendo, sentindo. Eu sei o que é escola e saúde pública, sei o que é ser criado por uma mãe solo. Sei o que é uma enchente na sua casa, o que é trabalhar com 13 anos de idade. E essa experiência de vida que eu quero trazer para a construção política da cidade. Eu quero fazer nessa cidade um plano emergencial de emprego e renda para dar chance para o povo. Eu quero ver a nossa juventude brilhando pela cidade. E junto com a minha vice, enfermeira Andréia, quero governar essa cidade para quem mais precisa. Muito obrigado e vote 65. Peço o seu voto”.

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