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“O pobre vai ter um apartamento que fará sombra na piscina do rico”

Pré-candidato a prefeito pelo Patriota, deputado Arthur do Val quer liberar construção de prédios em áreas como Jardins e Pacaembu e acabar com rodízio

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 1 out 2020, 14h04 - Publicado em 7 ago 2020, 06h00

Qual será o papel do Movimento Brasil Livre (MBL), do qual o senhor faz parte, em um possível mandato Mamãe Falei na prefeitura?

Em primeiro lugar quero deixar claro que meu nome é Arthur do Val. Mamãe Falei é o nome do meu canal. Quanto ao MBL, (o papel do movimento) será zero em meu mandato. Eu não participei da sua fundação, em 2014. Conheci o grupo depois que criei meu canal, em 2015. Eu sou amigo do pessoal, somos brothers. Mas é só.

O senhor foi eleito deputado usando o nome Arthur Mamãe Falei e é conhecido assim até hoje. Vai abandonar o apelido para a eleição?

Na campanha de 2018, meu desafio era lembrar as pessoas de que eu era candidato e informar meu número. Resolvi usar o nome do canal para saberem quem eu era. Mas em uma eleição para o Executivo, cujo gestor tem a chave do cofre na mão, o nome fica muito caricato. Minhas propostas não são caricatas. Por isso vou abandonar o apelido Mamãe Falei.

O senhor xingou sindicalistas e cerrou os punhos para brigar com um deputado que partiu para cima na Assembleia. Como vai ser sua postura como prefeito? Brigão?

Eu não xinguei todos os sindicalistas, mas me dirigi aos que estavam me ameaçando. Quanto ao deputado (Teonilio) Barba (PT), eu não encostei nenhum dedo nele. Só ergui os braços para me proteger. Muitos confundem os papéis de um deputado e de um gestor. O deputado tem de jogar um holofote nos problemas, tem de ser brigão e mostrar o que está acontecendo. O papel do prefeito é outro, é solucionar problemas. E isso se resolve com uma postura conciliadora, articuladora.

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A revisão do plano diretor, em 2021, será um dos primeiros embates da próxima gestão. Quais pontos do plano deveriam ser revistos?

Estou desenhando esse plano. Vamos acabar com os recuos. Um absurdo o que se faz em São Paulo. Se você vai construir uma farmácia, tem de deixar um recuo para vagas de carro na frente. Quanto mais recuo existe, menos pedestres poderão andar por lá. Nossa cidade não será mais carrocrata. Vou acabar com rodízio de veículos e radar.

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É viável? Dizem que o rodízio elimina 20% dos carros em circulação.

Rodízio não funciona. Quem precisa fazer uma rota desvia o caminho. Se a pessoa não desvia, não vai para o transporte público, vai é comprar um segundo carro, mais velho.

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Nos últimos anos, as associações de bairros como Jardins e Pacaembu brigaram contra mudanças no zoneamento. Como o senhor vai tratar essa questão?

O plano diretor da cidade é elitista e um completo absurdo. O rico compra um terreno caro e diz que nunca vai ver pobre ao seu lado. Está errado. Na minha gestão, vai ser permitido no térreo dos prédios uma lojinha da Dona Maria. O filho dela vai morar no mesmo prédio que um milionário. E o patrão vai pegar elevador com a empregada, sim. Vamos fazer pressão contra essas associações metidas que suprimem as vozes das pessoas mais pobres.

Pretende liberar prédios em áreas como Jardim Europa e Pacaembu?

Vamos construir prédios nesses locais, sim. E vamos adensar a cidade. Vamos mexer no gabarito de São Paulo. O pobre vai ter um apartamento que faz sombra na piscina do rico.

“O padre Júlio Lancelotti atrapalha. Seu trabalho estraga o potencial turístico do centro, que fica vandalizado, animalizado por pessoas que não estão em condições de pegar a marmita e sair andando”

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E sua gestão da cultura, como será?

Vamos mudar a forma como o fomento é feito. Muitos membros do conselho que aprova as obras são da companhia de teatro e de dança. Muito do orçamento da cidade é jogado para dois CNPJs. Vamos restringir o máximo de 30% dos projetos por CNPJ, o que dará força para artistas que não têm alinhamento com as duas companhias. Outra medida será mudar a Virada Cultural. A Anitta, por exemplo, não necessita de dinheiro público para se apresentar em São Paulo. Sem falar que existem inúmeros projetos melhores do que o dela.

Vai manter a Avenida Paulista aberta para pedestres aos domingos?

Pessoalmente não gosto da medida, mas vou fazer uma consulta pública antes de decidir. Não serei inflexível.

Como os aplicativos de transporte e entrega serão tratados pelo senhor?

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É uma questão sine qua non (indispensável) na minha gestão. Vou falar que todos poderão trabalhar em São Paulo. Vamos trazer Buser (ônibus compartilhado), Green, Yellow (ambos estão em recuperação judicial), “purple”, todo mundo poderá atuar e competir.

Muitos profissionais desses aplicativos reclamam de “escravização”.

Mas muitos não reclamam. Setenta por cento deles (profissionais) aumentaram a renda. Não é o aplicativo que contrata, é o trabalhador que contrata o aplicativo. Ele trabalha onde quiser.

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O que vai fazer de efetivo com a Cracolândia?

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Para a esquerda, a saída tem de ser assistencial. Para a direita, deve ser com porrada e ordem. Para acabar de vez com o problema, vamos oferecer equipamentos sociais descentralizados e tirar as estruturas de concreto dos traficantes. Além disso, há muitas pessoas bem-intencionadas que atrapalham, como o padre Júlio Lancelotti. Ele dá marmita e cobertor (para os moradores de rua), mas o cidadão vai dormir onde?

Mas o trabalho do padre Júlio é reconhecido.

Não quero discutir as intenções. O que ele faz atrapalha. Estraga o potencial turístico do centro, que fica vandalizado, animalizado por pessoas que não estão em condições de pegar a marmita e sair andando.

O senhor poderá ser o mais novo entre os candidatos a prefeito. Como lidar com a falta de experiência no Executivo?

Vou fazer 34 anos. Tenho vasta experiência profissional. Já fui dono de sete CNPJs. Nenhum faliu e nenhum tem dívida. Venho de uma família de pai que era engraxate. Tenho uma empresa de reciclagem de aço, outra de marketing digital. Já tive estacionamento, posto. Tenho uma década e meia de sucesso na iniciativa privada.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 12 de agosto de 2020, edição nº 2699. 

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