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Por Raul Juste Lores
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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Talento versátil: os edifícios do arquiteto Marcos Botkowski

Ele projetou diversos residenciais na cidade, incluindo o famoso Edifício Andraus, de 27 andares, vítima de incêndio em 1972 por uma descarga elétrica

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28 ago 2020, 03h24

Marcos Botkowski se formou na primeira turma de arquitetura do Mackenzie, a faculdade de São Paulo que foi pioneira em se dedicar à carreira então emancipada da engenharia. Era 1950 e havia poucos escritórios profissionais que trabalhavam exclusivamente com a prancheta (como os de Rino Levi e Jacques Pilon). Empreendedor, Marcos criou no ano seguinte uma incorporadora para atrair investidores que quisessem ser cotistas em prédios que ele mesmo projetaria, em parceria com o engenheiro Marjan Fromer. Em 1953, também em dupla com Fromer, criou um escritório técnico de engenharia e arquitetura para oferecer projetos a terceiros. Simultaneamente, torna-se diretor de arquitetura da rede de supermercados Eletroradiobraz, onde projeta os enormes hipermercados que até frequentavam as páginas das revistas de arquitetura.

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Edifício Ouro Preto, na Avenida Angélica: Botkowski projetou, construiu e morou nele por mais de duas décadas (Raul Juste Lores/Veja SP)

Sob os diferentes chapéus profissionais, projetou, incorporou ou construiu os edifícios residenciais Iracema, na Rua Martins Fontes, o Buenos Aires e o Ouro Preto, na Avenida Angélica, o Victoria Regia, na Marquês de Itu, o Urupês, na Nove de Julho, e Século XX e Los Angeles, no Centro, vizinhos à São João. É nela que fica seu projeto mais famoso, por razões infelizes: o Edifício Andraus, de 27 andares, vítima de incêndio em 1972, por uma sobrecarga elétrica, onde morreram dezesseis pessoas e 330 ficaram feridas. O país acompanhou pela TV o resgate aéreo por helicóptero de diversos sobreviventes, refugiados no último andar. O prédio foi uma encomenda do engenheiro Renê Andraus, da Organização Construtora e Incorporadora Andraus (Ocian), em 1957. O gigante da São João, de 27 000 metros quadrados em um terreno de 980 metros quadrados, tem um formato poligonal que aproveita todo o lote, criando dois blocos simétricos. Era um dos edifícios de escritórios mais modernos da cidade (o primeiro com heliponto de São Paulo), com uma loja de departamentos no térreo, a Pirani.

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Nascido na Polônia, seu nome era Majer, mas fazia questão de ser chamado pelo nome brasileiro (chegou ao país com apenas 2 anos de idade). Dentro da comunidade judaica, fez parte do time que projetou a sede social do clube Hebraica (1961), junto a David Libeskind, Israel Galman, Jorge Wilheim e o recentemente falecido Jorge Zalszupin. Projetou outro clube, o Esplanada, para o incorporador Otto Meinberg, na Bela Vista, que nunca foi construído. Também projetou o recentemente demolido Colegio Renascença (de 1978), na Rua São Vicente de Paula, com sua sinagoga em formato de colmeia. Continuou trabalhando nas décadas seguintes, desenhando do edifício de serviços do Banco Safra na Rua da Consolação nos anos 1980 a residenciais em Moema e Perdizes. Morou por mais de vinte anos no Ouro Preto, prédio que projetou e construiu, e onde cuidou de cada detalhe. Morreu em 2014, aos 88 anos.

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 2 de setembro de 2020, edição nº 2702.

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