Eternos explora novos horizontes da Marvel com drama e reflexões
Nos cinemas, filme dirigido por Chloé Zhao apresenta heróis maduros e aprofundados de forma complexa
Eternos, aguardado lançamento do Universo Cinematográfico Marvel em 2021, já está em cartaz nos cinemas. Desde o anúncio de quem ficaria responsável pela direção (Chloé Zhao, vencedora do Oscar de Melhor Filme em 2021 por Nomadland, foi a escolhida) até a promessa de introduzir novos heróis na chamada “Fase 4” da Marvel, a produção garantiu altas doses de expectativa desde o princípio.
Isso porque, após Vingadores: Ultimato ter estreado, em 2019, o multiverso tornou-se possível e, agora, há muito mais a explorar. No lugar de Capitão América e Homem de Ferro, nomes inéditos estão surgindo. No filme com a assinatura de Zhao, o elenco estelar é formado por Gemma Chan, Richard Madden, Angelina Jolie, Salma Hayek, Brian Tyree Henry, Kumail Nanjiani, Lauren Ridloff, Barry Keoghan, Lia McHugh, Don Lee e Kit Harrington.
Eternos abre o leque de possibilidades já conhecido dos quadrinhos ao apresentar aliens ancestrais que sempre acompanharam a evolução da Terra, mas de uma forma distante, sem nenhum tipo de intervenção. Quando uma tragédia faz com que o time se reúna após um longo período, grandes revelações são feitas e a ação move boa parte da trama — mas ela não acontece somente devido à presença de vilões (no caso, poderosas criaturas chamadas Deviantes). Os próprios heróis do título são aprofundados de forma complexa, com qualidades e defeitos visíveis na mesma medida.
Thena, uma feroz guerreira interpretada por Jolie, Ikaris (Madden) e Sersi (Chan) ganham mais foco por desempenharem papéis importantes não só em prol do grupo, mas também individualmente. Suas escolhas moldam o cenário total e, por isso, têm a atenção do roteiro. Os momentos de brilho, porém, encontram todos os personagens.
Zhao, famosa por comandar projetos autorais em Hollywood, prova ter sido uma ótima escolha da Marvel Studios porque sabe se adaptar às nuances que o gênero de heróis traz consigo. O uso de elementos como romance, ação e drama, no entanto, perde um pouco de seu fôlego na metade da projeção (são 2h37 ao todo), mas isso certamente acontece porque a combinação de fatores demora para encontrar o tom e o estilo próprio da diretora chinesa.
Quando essa sinergia aparece, o resultado é impactante e as reflexões sobre os humanos do ponto de vista dos eternos também. As vastas paisagens (sejam elas urbanas ou litorâneas) e as tonalidades acinzentadas se contrastam com as cores dos uniformes, de modo que essas características nunca tirem o impacto da realidade ao lado dos poderes de cada personagem.
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Publicado em VEJA São Paulo de 10 de novembro de 2021, edição nº 2763