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Segunda onda de Covid? Especialistas explicam aumento das últimas semanas

Plataforma de dados aponta crescimento de 85% no número de casos na capital paulista, comparando final de outubro e início de novembro

Por Guilherme Queiroz
Atualizado em 17 nov 2020, 20h33 - Publicado em 17 nov 2020, 19h02

O número de casos e internações da Covid-19 voltou a ter um aumento na capital paulista e no estado nas últimas semanas. Depois de meses como setembro e outubro registrarem índices em queda, o início do mês de novembro mostra um movimento contrário.

Mas é uma segunda onda? “Nem saímos da primeira”, explica a consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Unicamp, Raquel Stucchi. Não estamos nem perto de um novo pico da doença, quando as taxas de ocupação dos leitos de UTI chegaram a 92% na Grande São Paulo. Nesta terça-feira (17), o índice é de 43,3% na rede pública da capital. O aumento de casos das últimas semanas pode ter uma explicação bem simples: descuido.

Pesquisadora da plataforma SP Covid-19 Info Tracker (iniciativa do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria CeMEAI; USP e Unesp), Marilaine Colnago explica que observou uma elevação de 85% dos casos na capital paulista. Se compararmos o período de 27 de outubro a 5 de novembro com o de 6 a 15 de novembro, foram 8 085 novos casos contra 14 980 no segundo período. “Não podemos falar em uma situação de pico. Mas temos um crescimento, é uma questão de alerta. Notamos que a Grande São Paulo sofre bem mais, existem regiões do interior que estão em queda. A gente acredita que [o crescimento no estado] é puxado pela Grande SP”, explica Marilaine.

“Acredito que o problema não foi a flexibilização. O que está acontecendo agora é que temos um número de pessoas que estava mais em casa, trabalhando por exemplo, de home office, e entendeu que as notícias de redução de casos e óbitos eram sinal que a pandemia acabou. E aí [elas] começaram a sair mesmo. E temos pessoas em condições de aglomeração que nunca tiveram Covid, sem usar máscara, perfeito para proliferação”, explica Raquel Stucchi.

A fala da professora se reflete na forma como o aumento do número de casos começou por aqui. Primeiro, vieram os relatos na rede privada. O Hospital Albert Einstein conta nesta terça-feira (17) com 93 leitos ocupados por pacientes com Covid. “Da última semana de setembro ao dia 12 de novembro, a média de internações oscilou entre 50 e 55 pacientes infectados pelo SARS-Cov-2”, diz nota da instituição.

No Sírio Libanês, o mesmo cenário. São 124 pacientes internados com o diagnóstico da Covid-19. Nos últimos dois meses, a média era entre 80 e 110. O patamar é parecido com abril, quando houve o pico de internações por lá: 132 pacientes.

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“Temos observado que muitos dos pacientes que nos procuraram são jovens. Pessoas que voltaram ao convívio social. São pacientes com sintomas menos graves, com uma necessidade de internação menor”, explica o diretor de governança clínica do Hospital Sírio-Libanês, Fernando Ganem.

“Começou como o início da primeira onda. Proliferação nas classes mais altas e depois indo para a população, só que em uma velocidade muito maior. Vale lembrar que há 10 dias tivemos o último feriado”, diz Rachel sobre o Dia de Finados, 2 de novembro.

Já na rede pública municipal, o número de internados no período de 6 a 15 de novembro cresceu 12%. Entre 25 de outubro e 16 de novembro, o índice salta para 26%. “Se a gente não quiser punir a economia, temos que assumir o nosso papel na prevenção. Sabemos que não podemos aglomerar em local fechado. Que não pode passar o dia todo com a mesma máscara”, afirma a professora da Unicamp.

O governo de São Paulo divulgou durante a coletiva de imprensa da segunda-feira (16) a notícia de que o estado teve 18% mais internações de casos considerados suspeitos ou confirmados da Covid-19 na semana passada, comparado ao período anterior. “Se nós tivermos índices aumentados, seguramente, medidas muito mais austeras e restritivas serão realizadas no sentido de continuarmos a garantir vidas. É assim que o faremos”, afirmou Jean Gorinchteyn, secretário estadual da Saúde.

A receita é a clássica: distanciamento social, máscara e álcool em gel. “A responsabilidade de mudar esse número é nossa”, diz Rachel.

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Quadro geral

O estado de São Paulo tem 1 178 075 casos confirmados da doença até o momento e 40 749 mortes confirmadas. A cidade de São Paulo conta com 385 216 casos confirmados e 14 008 mortes.

A capital encontra-se na fase verde do Plano São Paulo, a diretriz da reabertura econômica do governo estadual. Significa que a cidade pode abrir estabelecimentos como bares, restaurantes e cinemas com capacidade de lotação limitada. Segundo o último boletim da Secretaria Municipal da Saúde desta terça, temos 43,3% de taxa de ocupação de leitos de UTI, com 19,5 leitos de UTI disponíveis para cada 100 000 habitantes.

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