Academia produz protocolo de atividades físicas para recuperados de Covid

Em parceria com médico, preparador físico desenvolveu orientações para pacientes que tiveram a doença

Por Artur Alvarez
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h16 - Publicado em 10 Maio 2021, 14h39
Atividade física: excesso pode ser prejudicial para cardíacos
Atividade física: excesso pode ser prejudicial para cardíacos (Shift Drive/Shutterstock/Veja SP)
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A academia Les Cinq Gym, nos Jardins, desenvolveu um protocolo de atividade física para pessoas recuperadas da Covid-19 sob consultoria de Henry Dina, médico-assistente do Hospital Albert Einstein e da Clínica David Uip. O programa foca em como sequelas pós-infecção podem ser contornadas na atividade física e promove a prática de exercícios como meio de aumentar a imunidade do corpo e combater consequências da Covid-19. Funcionários da academia foram preparados para aplicar a nova dinâmica após reabertura da academia, autorizada recentemente pelo governo do estado.

Segundo Rodrigo Sangion, preparador físico e CEO da academia, idealizador do protocolo de exercícios físicos pós-Covid-19, a ideia do programa surgiu após ele e sua equipe observarem o aumento de casos e mortes no Brasil. “Começamos a estudar mais a respeito e percebemos que os casos estavam se agravando, com pessoas acometidas pela doença por mais tempo, seja em tempo de UTI ou em sequelas. Por isso idealizamos um programa específico para essas pessoas voltarem no seu ritmo”

Para o idealizador do protocolo, as atividades físicas são fundamentais para pessoas recuperadas da doença porque ajudam a melhorar a imunidade. “Com a prática, há um fomento do bem estar físico e mental, maior força muscular e melhor condicionamento do sistema cardiorrespiratório, além de ajudar com comorbidades da doença, como a obesidade”, disse. “Quando a pessoa pratica atividades físicas como musculação, corrida ou exercício cardio, ela investe em um fortalecimento de seus pulmões e sua musculatura, o que pode ajudar tanto nos sintomas da doença quanto em uma recuperação mais rápida das sequelas”, completou.

Em artigo publicado na revista científica Diabetes & Metabolic Syndrome: Clinical Research & Reviews, pesquisadores relatam que treinos aeróbicos podem minimizar morbidades e mortalidade decorrentes do vírus em paciente recuperado da Covid-19. Outro estudo, da organização sem fins lucrativos Kaiser Permanente e publicado na British Journal of Sports Medicine, mostra que 150 minutos semanais de exercício físico reduz significativamente as hospitalizações, entradas de UTI e mortes pela doença.

“O doutor Dina nos deu todas as informações e orientações necessárias e enumerou as principais sequelas que acometem pessoas recuperadas da Covid e que poderiam atrapalhar na volta à atividade física”, disse Sangion. O protocolo é utilizado na academia e pode ser feito pelo público em geral desde que haja acompanhamento profissional adequado. 

Confira abaixo alguns dos pontos base do protocolo para as sequelas mais frequentes:

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Confusão mental

O que não fazer: exercícios físicos ou modalidades que exijam grande estabilidade ou deslocamento. Por exemplo: lutas em geral, aulas de dança, circuitos de treinamento e avanço (exercício para pernas e glúteos, muito comum na musculação).

O que pode ser feito: musculação (com algumas exceções de exercícios, como o mencionado acima) e atividades cardiorrespiratórias moderadas. É permitido fazer aulas de bike indoor e andar na esteira, desde que as mãos estejam apoiadas. 

Dor muscular, dormência ou formigamento  

O que não fazer: musculação com cargas elevadas, visando o aumento da massa muscular ou qualquer outra atividade física de alta intensidade, como lutas, ou que pedem saltos.

O que pode ser feito: musculação com cargas baixas ou moderadas, alongamento, atividades cardiorrespiratórias sem sobrecarga (inclusive aulas de bike indoor, desde que não haja muita resistência nos pedais) ou que desafiam a mobilidade como circuitos de treinamento (também com cargas leves ou moderadas).

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Falta de ar

O que não fazer: atividades físicas que elevam a frequência cardíaca acima de 70% da capacidade máxima de esforço. É proibido, por exemplo, qualquer treino pautado no treinamento intervalado de alta intensidade, conhecido como HIIT.

O que pode ser feito: atividades físicas moderadas (que não elevem a frequência cardíaca acima de 70% da capacidade máxima de esforço).

Insônia

O que não fazer: atividades físicas intensas e de longa duração (mais de uma hora de corrida, por exemplo), principalmente se executadas próximo ao sono (menos de duas horas antes de dormir).

O que pode ser feito: exercícios físicos que ajudam a relaxar, como ioga ou mesmo corrida de baixa intensidade, por cerca de meia hora, por exemplo. 

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Tontura de um modo geral ou ao se levantar 

O que não fazer: qualquer atividade ou exercício físico deitado ou no solo. Na musculação ou fora dela, como ioga e abdominais. Também não é recomendado exercícios que exijam deslocamento, como corrida ou bike convencional. 

O que pode ser feito: atividades ou exercícios físicos na posição vertical (em pé) ou sentados, que não sejam de alta intensidade ou em deslocamento. Exemplo: bike indoor. 

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