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Mudança de escola: dicas para tornar a transição mais tranquila

Escolas paulistanas adotam programas de acolhimento e outras ferramentas para facilitar o processo

Por Thays Reis
Atualizado em 26 jan 2024, 12h16 - Publicado em 26 jan 2024, 06h00
Imagem mostra crianças olhando para câmera, que está dentro de mochila escolar. Imagem mostra abertura de mochila e, ao fundo, as duas crianças sorrindo, segurando réguas e estojo
Isabella, 8, e Mateus, 10: conversa antes de troca de colégio (Leo Martins/Veja SP)
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Se o início do ano letivo já é um momento de grandes expectativas para crianças, adolescentes e até para os adultos, imagine quando o recomeço do período ocorre juntamente com uma mudança de escola. Nesse momento de ruptura de laços e rotinas passados, pais e educadores precisam dedicar uma parte significativa do tempo para desenvolver um processo de adaptação que não gere mais insegurança.

Como ocorre em diversas situações da vida, o diálogo precisa começar dentro de casa e continuar no novo colégio. Para isso, o primeiro passo é a família explicar para a escola o motivo da troca. “O processo de acolhimento se resume a uma boa comunicação que gere confiança”, afirma a diretora acadêmica da Maple Bear, Antonieta Megalle, 44.

Sempre que possível, a participação do lado mais interessado e afetado pela mudança também deve ser levada em consideração. “Deixamos o Heitor participar da nova escolha. Nosso objetivo era fortalecer a autoestima e mostrar que a opinião dele é importante”, explica a psicóloga Helga Barbosa, 34, moradora do Parque São Domingos, na Zona Norte.

Ao buscar uma atenção mais individualizada para a criança de 4 anos, Helga optou pelo Colégio Knupp, no mesmo bairro, em um diálogo que começou alguns meses antes. “Eu vou sentir saudade dos meus amigos, eles dividiam o brinquedo comigo. Mas na nova escola vai ter suco e eu vou levar minha lancheira dos Vingadores”, diz o animado garoto.

Imagem mostra criança em cima de mesa segurando boneco e apontando para lápis de cor e tintas. Junto, mãe, sentada em cadeira na mesa, que segura o filho pelas costas
Heitor e Helga: decisão em família (Leo Martins/Veja SP)

Quando a mudança ocorre “a pedido”, a transição tende a ser mais fácil e harmoniosa, mas nem sempre a equação está resolvida, sobretudo pelas amizades deixadas para trás.

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A gerente de riscos Beatriz Giuntoli, 37, procurava uma escola com mais atividades para despertar um maior interesse no ambiente escolar pelos dois filhos, Isabella, 8, e Mateus, 10. “As crianças estavam desmotivadas, nem queriam falar sobre a escola antiga”, relata a mãe.

Beatriz conversava com os filhos há mais de um ano sobre o assunto, mas foi na visita ao Colégio Magno/Mágico de Oz, no Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, que viu a dupla empolgada com a novidade. “Eu estou feliz porque vou para uma escola melhor. Lá tem um ginásio de futebol e um laboratório com Lego”, conta o garoto, apesar de sentir que vai se distanciar dos amigos. “Já eu quero fazer ginástica artística”, conta Isabella.

O processo feito pela família de Beatriz, de conhecer previamente a nova escola, é importante para deixar os futuros alunos mais familiarizados com os ambientes. “Quanto mais vivências o aluno tiver na nova comunidade, mais tranquilo vai ser o processo de acolhimento”, afirma Luciana Centini, diretora do Colégio Visconde de Porto Seguro, no Morumbi, Zona Sul.

Imagem mostra mãe e duas crianças (uma menina e um menino) em sofá de apartamento, com livros escolares e mochila escolar ao lado. Ao fundo, sacada, com churrasqueira
Beatriz, ao lado dos filhos: novas motivações (Leo Martins/Veja SP)
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A escola, que possui três unidades, organiza dois momentos prévios de acolhimento aos novatos: a Experiência Porto, em que as crianças experimentam a escola com atividades de artes e de esporte, e o Welcome Day, um dia de boas-vindas para os recém-chegados.

No Pueri Domus, com unidades nas zonas Oeste e Sul, as boas-vindas são dadas pelos próprios alunos remanescentes, organizados por meio de um comitê de voluntários. “Essa parceria é interessante para o aluno-guia, que ganha uma responsabilidade, e para a criança nova, que se sente acolhida por um par”, conta Christina Sabadell, head do Grupo SEB, do qual o Pueri Domus faz parte.

Em universo de quase 5 000 escolas públicas e privadas, a capital paulista possui uma grande variedade de métodos e propostas de ensino.

De olho em um ambiente novo, que proporcionasse novas interações para sua filha Maria Luiza, 6, a publicitária Carolina Torres, 43, buscou uma escola que abrigasse alunos de países variados. “Eu convivo com pessoas de outras nacionalidades no trabalho e acho que isso abre muito a cabeça. Esse era um valor inestimável”, conta. O Colégio St. Nicholas, em Pinheiros, com cerca de 25% de alunos estrangeiros, foi a escolha da família.

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Além do intercâmbio cultural, a proposta pedagógica do St. Nicholas possibilita a convivência entre diferentes idades. “Nós não temos salas de aula. Crianças de 1 ano e 6 meses convivem com alunos de 4 anos em um espaço aberto”, conta a coordenadora da educação infantil, Penelope Cardoso, 42.

Imagem mostra criança sorrindo, segurando lápis de cor entre as mãos e os erguendo para cima
O pequeno Heitor: nova escola neste ano (Leo Martins/Veja SP)

“Sempre vemos alunos que já conhecem o espaço acolhendo os novos. É um novo contexto de vivência”, completa. Nesse período de adaptação também é comum que o horário de permanência das crianças na escola (e em outras) aumente gradualmente.

Nos ensinos fundamental II e médio, as estratégias de integração também são importantes. No Equipe, em Santa Cecília, Centro, os alunos veteranos realizam saraus de recepção e a escola organiza viagens supervisionadas para acampamentos, que duram três dias.

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“Os passeios extracurriculares colaboram para que as crianças se reconheçam e se sintam parte do grupo”, relata a diretora Luciana Fevorini, 54. Mesmo depois da adaptação, o acompanhamento precisa ser constante. Também vale a dica de que, se a nova escola não atingir os objetivos do aluno e da família, há milhares de outros colégios e possibilidades na cidade. ■

Publicado em VEJA São Paulo de 26 de janeiro de 2024, edição nº 2877

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