Após Covid-19, David Uip faz relato: “não sabia como ia acordar”

Responsável por coordenar ação contra coronavírus no estado, infectologista falou sobre como foi enfrentar a doença

Por Redação VEJA São Paulo SEGUIR SEGUINDO
6 abr 2020, 14h27

O governador João Doria anunciou que a quarentena no estado de São Paulo será prorrogada por mais 15 dias. A primeira determinação tinha como prazo a terça-feira (7), e a nova medida foi anunciada pelo tucano nesta segunda (6).

Além da atualização sobre as medidas tomadas pela gestão no combate à Covid-19, a coletiva de imprensa contou também com um relato de David Uip. O médico infectologista é o responsável pelo Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo e foi diagnosticado com a doença há duas semanas.

Nesta segunda ele anunciou que saiu da quarentena e que não transmite mais o vírus e falou sobre os sintomas que o acometeram durante o período. “Eu quero fazer um depoimento para vocês entenderem bem do que se trata essa doença”, disse Uip. “Há dois domingos me senti muito mal, eu não conseguia falar”.

“Fiquei sentado em uma cadeira e pela primeira vez na vida me neguei a falar para uma emissora de televisão: eu não consegui”, afirma. “De domingo (22 de março) para segunda (23 de março) eu me senti muito mal. Na segunda de manhã fui fazer um exame [teste para Covid-19] e tomografia. O exame deu positivo e a tomografia deu normal”.

Uip relata que a situação piorou na segunda semana de isolamento. “A semana que se seguiu foi de extremo sofrimento. Voltei a fazer a tomografia e apareceu a pneumonia. Esse sentimento de você se ver, como médico, como infectologista, com uma pneumonia, e sabendo que muito provavelmente entre o sétimo e o décimo dia você ia complicar: foi um sentimento muito angustiante. Você dormir não sabendo como ia acordar”, relatou.

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“Felizmente Deus me ajudou e eu venci a quarentena”, comemorou. “Não é fácil ficar isolado, é de extremo sofrimento. Mas absolutamente fundamental”.