A turma que carrega a bandeira irrealista do transporte de graça
Alguns personagens do Movimento Passe Livre, criado em 2005, que conta com apenas quarenta integrantes
“Não tenho carteira de habilitação”
Graduado na Escola da Vila, na Zona Oeste, cuja mensalidade gira em torno de 2 150 reais, Matheus Nordon Preis, de 19 anos, é aluno do o 2º ano de ciências sociais na USP. Conta ter o apoio dos pais na militância do Movimento Passe Livre, no qual ingressou há dois anos. “Carro? Não tenho sequer carteira de habilitação e luto por um bem de todos: o transporte público”, afirma. Para ele, o serviço tem de ser gratuito, como a educação e a saúde. “Estou desapontado com o PT, que subiu a tarifa dos transportes”, completa.
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O roqueiro “antitrabalho”
Com 38 anos de idade, Rafael Siqueira integra o Movimento Passe Livre há sete. É professor de música e, no site da banda de rock Clave de Clóvis, da qual é guitarrista, diz, em terceira pessoa, que “sempre carrega uma máscara de gás”. Além disso, afirma ser um cidadão “antitrabalho”. “As pessoas não precisam sofrer tanto”, explica à reportagem. Ele relata também que cresceu no Capão Redondo, mora nas proximidades da Avenida Ricardo Jafet e, na vida escolar, alternou instituições públicas com o extinto colégio particular Costa Braga. Tem carro, mas prefere ônibus. Sobre o vandalismo nos protestos, argumenta: “Se nem a polícia tem sido capaz de controlar, não somos nós que vamos conseguir”.
Para ela, é uma luta política
Estudante de geografia na USP, Mayara Vivian trabalha como garçonete no bar Sabiá, na Vila Madalena. Faz parte do núcleo central do movimento: assina petições públicas e está empenhada em libertar os manifestantes (nenhum deles do grupo). Ela tem conversado com o senador Eduardo Suplicy, que está em Brasília, sobre o assunto. “Eles são presos políticos, não cometeram crime”, imagina. “Não vamos recuar. A sociedade passou por lutas sangrentas para melhorar, como na época da ditadura militar.”
“Virou revolta popular”
Professor de história formado pela USP, Lucas Oliveira tem 29 anos e leciona para alunos do ensino médio. “Não convido nenhum deles para participar das manifestações”, assegura. Oliveira pertence ao grupo desde sua fundação, em 2005. “Não tenho sequer carteira de motorista, pois não uso carro.” Ele afirma que toma um ônibus para trabalhar ou sair de sua casa, na região da Praça da República. “O protesto cresceu e hoje virou revolta popular. Queremos a revogação do aumento.”