Tiros, bombas e truculência
A PM aumenta a dose de violência para conter os protestos e mostra despreparo nessas situações
A proliferação de manifestações em nossas ruas evidenciou como a polícia ainda está despreparada para lidar com situações assim. Na quinta passada, os soldados chegaram a deter várias pessoas que apenas carregavam vinagre (antídoto contra as bombas de efeito moral) e distribuíram tiros de balas de borracha para evitar que parassem novamente a Avenida Paulista. O número de feridos chegou então a cerca de oitenta nas contas do Movimento Passe Livre, incluindo jornalistas que estavam trabalhando no local. Seis repórteres da Folha de S.Paulo acabaram atingidos, entre os quais dois com tiros de balas de borracha no rosto.
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Um dos membros da tropa, o major Lidio Costa Junior, do Policiamento de Trânsito da PM, reconheceu que a situação estava fugindo do controle. “Não nos responsabilizamos mais pelo que vai acontecer”, afirmou. Para alguns especialistas, os eventos devem servir de lição. “Com a grande visibilidade da internet, a população se sente motivada a fazer política de outras formas”, afirma o sociólogo Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro da Segurança Pública. “Como aconteceu no exterior, protestos que começam com gente lutando por uma causa específica acabam reunindo pessoas insatisfeitas em todas as áreas, que procuram expressar esse descontentamento de alguma maneira.” O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, lamentou os episódios envolvendo agressões de policiais militares a manifestantes e jornalistas. Ele determinou na quinta à noite abertura imediata de investigações, pela Corregedoria da PM, “para apurar rigorosamente os fatos”. A polícia, assim como alguns manifestantes que cometem abusos, perde a razão quando exagera na força.