Food trucks movimentam as ruas de São Paulo
Às vésperas da regulamentação da lei para a venda de alimentos em vias públicas, pelo menos sete veículos circulam pelas ruas da metrópole. Outros dez já estão a caminho
Em novembro do ano passado, a aprovação na Câmara Municipal de uma iniciativa que autoriza a venda de comida nas vias públicas deixou muitos chefs e empreendedores animados. Até então, somente eram liberadas as atividades das vans de cachorro-quente. O restante do mercado, de vendedores de churrasquinho grego a barraquinhas de yakissoba, agia na clandestinidade, sob os olhos complacentes da fiscalização. “Com a criação de uma regra clara, o consumidor terá mais segurança na hora de comprar, e o vendedor poderá atuar com tranquilidade”, afirma o vereador Andrea Matarazzo (PSDB), um dos autores do projeto de lei.
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Mesmo faltando ainda os detalhes de como o negócio vai funcionar na prática (a previsão da prefeitura é anunciar a regulamentação até sexta 11/04/2014), a perspectiva da nova norma para o setor foi suficiente para muitos colocarem sua cozinha na rua. Nessa caravana culinária destacam-se os food trucks, como são chamadas as caminhonetes gastronômicas inspiradas nos veículos do tipo que fazem sucesso em metrópoles como Nova York. Existem hoje pelo menos sete delas em São Paulo e outras dez devem iniciar operação nos próximos meses.
Espécie de precursor do sistema por aqui, Rolando Massinha sacia a fome de muitos notívagos em sua Kombi, estacionada desde 2008 na Avenida Sumaré, com receitas como fettuccine à bolonhesa (12,50 reais), feitas para ser saboreadas ali mesmo com talheres de plástico. Entre fevereiro e março, ele colocou mais três carros na praça, dedicados a churros, kebab e cachorro-quente. No mês passado, a matriz ganhou um concorrente direto, o Holy Pasta Food Truck, que também tem massas como especialidade. Para vencer a batalha pelos estômagos em trânsito, seus proprietários apostam em um fornecedor renomado. Eles compram nhoque (15 reais) e até ravióli de cordeiro (22 reais) do Pastifício Primo, que tem unidades em Perdizes, Higienópolis e Pinheiros. “Queremos trilhar um caminho diferente, com uma pegada underground”, justifica Adolpho Schaefer, um dos donos.
No vácuo da onda natureba, está prometido para o feriado de Páscoa o Salve, Salve, veículo especializado em sucos naturais e vitaminas funcionais. Neste mês, deve começar a operar por aqui também o 13Truck, com sanduíches como o de pernil e salada coleslaw a partir de 13 reais. Até o fim do ano, o circuito será incrementado ainda com culinária árabe e até francesa (veja no quadro abaixo).
Um dos desafios de quem está entrando no negócio é montar um time de fornecedores de boa qualidade. Para colocar na rua o Buzina Food Truck, em dezembro, os chefs Márcio Silva e Jorge Gonzalez levaram quase um ano fazendo pesquisas e testes. “Ainda não existe um know-how para o serviço”, comenta Silva. O investimento de 250 000 reais, porém, mostrou-se um acerto: a dupla serve, em média, 120 refeições durante o almoço, a preços que variam de 15 a 25 reais, entre hambúrgueres e pratos de restaurante, como confit de pato. Embalado por música, o descolado food truck costuma estacionar em pontos das zonas Oeste e Sul. Em cada espaço, os proprietários espalham mesinhas e cadeiras, e a festa começa. “Lançaremos mais duas unidades até o segundo semestre”, promete Silva.
A expansão da onda tem preocupado alguns donos de estabelecimentos. “Estacionar um veículo de temakis na frente de um restaurante japonês seria desleal”, opina Joaquim Saraiva de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo. Outros empresários do setor, em vez de fazer oposição, resolveram criar filiais ambulantes. Depois de três meses instalado na cobertura do Shopping Cidade Jardim, o Astor Food Truck, versão míni do bar da Vila Madalena, deve estacionar no Butantã, onde até o fim do mês será inaugurado o Food Park, uma área de 1 400 metros quadrados que funcionará como uma praça de alimentação. “Os trucks poderão trabalhar diariamente com segurança e infraestrutura”, explica Mauricio Schuartz, um dos idealizadores do espaço.
CARDÁPIO AMBULANTE
- Especialidade: pratos de restaurante e hambúrgueres
- Região: zonas Oeste e Sul
- Início do serviço: 2013
■ Fichips Food
- Especialidade: peixe empanado com batata frita
- Região: Zona Norte
- Início do serviço: 2013
■ Holy Pasta Food Truck
- Especialidade: massas e sanduíches
- Região: Zona Oeste
- Início do serviço: 2014
■ Temaki Navan
- Especialidade: temakis
- Região: porta de baladas, como Clash, Royal e Vila Mix
- Início do serviço: 2012
■ 13Truck
- Especialidade: sanduíches, vendidos a 13 reais
- Região: Zona Oeste
- Previsão de início: abril
■ Baruk
- Especialidade: salgados, como kebab e esfiha
- Região: indefinida
- Previsão de início: outubro
■ La Casserole
- Especialidade: receitas de sotaque francês
- Região: centro
- Previsão de início: novembro
■ Salve, Salve
- Especialidade: sucos naturais e vitaminas funcionais
- Região: Itaim Bibi
- Previsão de início: abril