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Novas livrarias aquecem o setor na capital com catálogo enxuto, obras raras e decoração caseira

Novos endereços são Santa Cecília, Pompeia e Vila Clementino e foram inaugurados com acervo e espaço menores

Por Humberto Abdo
13 ago 2021, 06h00

Móveis usados trazidos da casa do mineiro Bruno Eliezer, 31, decoram sua nova livraria em Santa Cecília, batizada de Ponta de Lança e aberta neste mês no endereço onde antes funcionava o bar Heute. “Como mobiliar sem recursos? Trouxe minha cadeira, minha mesa, minhas estantes… E meus livros”, narra. Depois de se formar em letras e se mudar para São Paulo com “uma malinha de roupas e várias malas de livros”, ele manteve o sonho de trabalhar como livreiro vendendo obras na sala de casa, com hora marcada. Assim nasceu seu sebo, que precisou migrar para um espaço fixo pouco tempo depois. “Quando lotei a casa, recebi um ultimato da Vanessa, minha parceira, e tive de me mudar para a Nove de Julho”, conta. “Comprar e vender livros se tornou meu negócio.”

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O estilo do atual empreendimento parece uma continuação do antigo bar, que também dispunha de móveis e sofás velhos (ou charmosamente surrados) na decoração. Mas conquistar o aluguel do local envolveu muita lábia de vendedor. “Quando o Heute deixou de existir, entrei em uma longa negociação com a proprietária ao saber que o imóvel estava alugado para uma lavanderia… Eu muito insistentemente frisei que precisamos de mais livrarias e lugares para conversar, disse que os livros estão ficando em segundo plano, quando deveriam ser as coisas mais importantes da nossa vida”, profetizou.

bruno eliezer sentado em banqueta fofa estilizada em sua livraria, ponta de lança. ele está com um braço apoiado em uma das pernas e com o tronco levemente arqueado
Bruno lutou para conseguir alugar o espaço para sua nova livraria em Santa Cecília e mantém um acervo de 4 000 títulos, incluindo obras raras e primeiras edições. (Rogério Pallatta/Veja SP)

Após ter garantido o espaço, ele planeja manter um acervo de 4 000 títulos com uma seleção de clássicos e lançamentos de literatura brasileira e latino-americana. “Continuaremos integrados com o catálogo do sebo, onde trabalhamos com obras esgotadas e fora de circulação ou livros de editoras que fecharam e são difíceis de encontrar.” Além de revistas jurídicas, primeiras edições e títulos franceses de autores como Gustave Flaubert, hoje seu livro mais caro na lista é The Secret Life of Salvador Dalí (Dial Press), que custa 15 000 dólares. “Ninguém tem no Brasil e esse é o preço mais baixo”, justifica.

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Na mesma semana em que Bruno abriu as portas, o jornalista Alfredo Caseiro, 52, também inaugurou sua própria livraria, a Pé de Livro, na Pompeia. Dedicada a obras infantis, a novidade é um sonho antigo do paulistano, que optou por esse nicho após montar um plano de negócios. “Descobri que esse segmento era um que crescia a despeito do resto do setor”, observa. Das cerca de trinta editoras já conhecidas por ele, sua pesquisa revelou noventa especializadas nesse público. A seleção do acervo de 1 500 livros levou oito meses. “Procurei incluir temas como antirracismo, mundo indígena e diversidade de gênero”, explica. “Para as seções, criei um universo não convencional com divisões como ‘para ler junto’, ‘os pais adoram’ e ‘monstruosos, nojentos e assustadores’.” A organização dos livros também é diferente. “Sempre me incomodou torcer o pescoço para ler a lombada nas prateleiras, então, mesmo em um espaço pequeno, priorizo deixar as capas expostas. Acabou sendo uma maneira de homenagear os ilustradores.”

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alfredo caseiro de pé em sua livraria posando para a foto
Alfredo em sua nova livraria, Pé de Livro, focada em literatura infantil. (Reprodução/Arquivo Pessoal/Veja SP)
detalhe dos livros expostos na livraria de alfredo, a pé de livro. os livros estão em um carrinho de madeira retrô e a capa de todos é visível
Livraria infantil Pé de Livro destaca capas das obras nas prateleiras. (Reprodução/Arquivo Pessoal/Veja SP)

Na mesma toada, a infantil PanaPaná, do bairro Vila Clementino, está sob nova direção desde o fim do ano e passou a operar nas mãos da engenheira mecânica Fernanda Martins Simonsen. “Eu sempre morei perto, frequentava com meus filhos e não queria vê-la fechar as portas”, diz. Para atrair novos clientes, ela aposta na venda de livros com dedicatórias dos autores e destaca o ambiente colorido e acolhedor do lugar. “Livraria não é uma coisa que dá muito dinheiro, mas a gente vende a experiência.”

Foto exibe fachada da Livraria PanaPaná. decorada com pintura colorida de flores e vitrine de vidro com livros expostos.
Livraria PanaPaná, especializada em livros infantis. (Divulgação/Divulgação)
Foto exibe interior da Livraria PanaPaná, com decoração de papel no teto e prateleiras de madeira no canto esquerdo, com livros. No centro, mesinhas pequenas espalhadas.
Livraria PanaPaná, especializada em livros infantis. (Divulgação/Divulgação)

 

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Publicado em VEJA São Paulo de 18 de agosto de 2021, edição nº 2751

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