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SP-Arte abre espaço fixo em casa projetada por Flávio de Carvalho

A Casa SP-Arte ocupa a antiga sede da galeria Gomide&Co, na Vila Modernista, conjunto de "residências do futuro" erguida pelo arquiteto nos anos 30

Por Júlia Rodrigues
17 mar 2023, 06h00

Na Alameda Ministro Rocha Azevedo, nos Jardins, uma construção se destaca. Trata-se do número 1052, uma casa branca de um andar com uma fachada semicircular sustentada por uma coluna central. Sua aparência diferente dos outros prédios da via não é mero acaso: reformada de acordo com sua estrutura original, ela é a única remanescente da Vila Modernista, conjunto de dezessete casas projetado pelo arquiteto e multiartista Flávio de Carvalho (1899- 1973) na década de 30. A partir deste sábado (18), o espaço, que antes abrigava a galeria Gomide&Co, abre as portas como sede da SP-Arte, maior feira de arte e design da América Latina.

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Chamado de Casa SP-Arte, o novo centro cultural é uma parceria entre a feira e a galeria, que acaba de se transferir para a Avenida Paulista, e abre com a exposição Hélio Oiticica: Mundo-Labirinto, que reúne 18 obras de diferentes épocas do artista carioca (1937-1980). “Depois de quase vinte anos de feira, queríamos ampliar os horizontes e lançar projetos mais intimistas, com galerias parceiras”, explica Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte. Tanto ela como Luisa Duarte, nova diretora artística da Gomide&Co, que organiza a mostra, acreditam que as obras de Oiticica e a estrutura da casa formam “uma bela união”. “Montar Oiticica nessa casa é algo muito especial, pois ele está em diálogo com a arquitetura singular pensada pelo Flávio de Carvalho. Vai dar para ver o Relevo espacial (a obra Relevo espacial (vermelho), de 1959), em um ângulo inédito”, adianta Luisa. “Eles gostariam desse encontro se estivessem vivos”, brinca Fernanda.

A retomada da função cultural do espaço, que já abrigou de escritório de arquitetura à loja de chocolates, se relaciona com a essência pensada por Carvalho para o projeto da vila. O artista, considerado um dos precursores da arquitetura moderna no Brasil, imaginou as casas entre as alamedas Lorena e Ministro Rocha Azevedo como as residências do futuro. “Ele tinha um sonho utópico de ensinar as próximas gerações a viver diferente, fora das convenções burguesas de individualidade. Por isso, as casas não tinham quartos para empregados, algo muito comum na época, tinham área externa coletiva, quartos pequenos em oposição a uma grande sala, para que as pessoas convivessem”, explica Thiago Gomide, diretor da galeria que leva seu nome.

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Nesse espaço, além de Relevo espacial (vermelho) (1959), estarão algumas das telas da série Metaesquemas e trabalhos que marcam a transição da arte do quadro para o ambiente, como o Penetrável (PN1) (1961) (foto), posicionado no centro da galeria, e integrantes das séries dos Bólides, objetos como caixas e recipientes com diversos materiais dentro, e dos Parangolés, espécie de capas, tendas e faixas feitas de tecido e plástico concebidas inicialmente para serem usadas pelo público. “Trazemos um pouco de cada fase do Hélio”, explica Luisa.

casa sp-arte hélio oiticica
‘Penetrável (PN1)’ (1961): uma das obras da mostra inaugural (Edouard Fraipont/Divulgação)

O espaço expositivo fixo é apenas uma das novidades da SP-Arte. A feira deste ano, que acontece entre 29 de março e 2 de abril no Pavilhão da Bienal, conta pela primeira vez com um aplicativo, que vai possibilitar que os usuários acessem o mapa dos expositores e a programação que ocorre dentro e fora do Pavilhão. As tradicionais talks, conversas mediadas sobre o mundo da arte que ocorrem durante o evento, serão transformadas em episódios de um podcast disponibilizado na internet depois da feira. Além de ganhar lounges para descanso dos visitantes, o Pavilhão terá um número maior de expositores de design e um novo setor, denominado showcase. Inspirado em modelo já adotado pela Art Basel, feira de arte que acontece em Miami, nos Estados Unidos, a nova seção será uma mostra com trabalhos que se espalham por estandes de algumas galerias presentes na SP-Arte, com a curadoria de Carollina Lauriano. “Estamos animados para a edição deste ano. Com o final da pandemia, a transição do governo e a nomeação do Adriano Pedrosa (diretor do Masp) como curador da Bienal de Veneza do ano que vem, o Brasil voltou aos holofotes do mercado da arte”, conclui Fernanda.

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Publicado em VEJA São Paulo de 22 de março de 2023, edição nº 2833

 

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