Festival de frutos do mar da Ceagesp: vale pagar os R$ 69,90?
Testamos o evento gastronômico e contamos quais pratos valem a pena. Clima turístico prevalece no local, que tem até fotógrafo oficial
Sucesso de público, o Festival de Sopas da Ceagesp retomou uma antiga receita servida no então Ceasa dos anos 60 e 70, a sopa de cebola gratinada. Mais do que aquecer as madrugadas, o evento de inverno conseguiu incluir o prédio onde funcionou o Unibanco, no portão 4 do entreposto, na rota da gula paulistana.
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O mesmo espaço recebe agora o Festival do Pescado e Frutos do Mar da Ceagesp. Até 7 de dezembro, todos os dias, exceto segunda e terça, o evento segue a linha “coma quanto quiser”. Pelo preço de R$ 69,90 por pessoa, o próprio cliente serve-se à vontade do bufê, no qual revezam-se novas receitas a cada semana.
O preço está longe de ser uma pechincha. Para as famílias grandes (maioria no salão), a brincadeira sai bem mais cara que uma pizzada, por exemplo. Mas vale lembrar que os ingredientes servidos aqui são caros.
Comer camarão, mexilhão, bacalhau, linguado e polvo em restaurantes à la carte significa desembolsar às vezes mais de R$ 175,00 por pessoa fácil, fácil. Então, vale a pena sim o preço de R$ 69,90 para comer à vontade. Basta saber o que evitar (entre mais de trinta pratos, alguns são de passar longe) e preparar-se para uma atmosfera “folclórica”, digamos assim.
O clima turístico da programação começa com a hostess. Como uma guia de viagem, ela explica o funcionamento da refeição. No primeiro salão, ficam os aperitivos. As frituras, em geral, decepcionam pela temperatura. Tanto a manjubinha quanto as iscas de merluza estavam mornas, mesmo problema encontrado no acarajé.
Bem leve no tempero e na pimenta, o bolinho baiano é montado na hora e é uma das entradas mais pedidas. A melhor opção, porém, é o caldinho bem grosso de sururu, um molusco pequeno e saboroso.
Ao entrar no segundo salão, onde ficam os pratos principais, o tacho de 1,2 metro de diâmetro onde é preparada a paella rouba todas as atenções. Ao lado dele, um fotógrafo oficial do evento clica os clientes ao lado do pratão. Sim, você leu certo, você poderá ser fotografado “gratuitamente”, como faz questão de enfatizar o profissional, e depois curtir e compartilhar a imagem na página do evento no Facebook.
Não se deixe seduzir, porém, pelo fuzuê ao redor do prato – ele é a pior opção quente. O arroz molenga demais, o tempero quase imperceptível e o ponto de cozimento muito além do ponto no caso do camarão, da lula e dos mexilhões tornam a receita mais bonita do que saborosa.
Das receitas que dão certo, a mais apetitosa é o camarão pistola na brasa. Diferente dos outros pratos, os crustáceos circulam pelo salão em espetos e são servidos direto no prato – à vontade, lembre-se. Dessa forma, ficam mais quentinhos e não perdem o ponto de cozimento.
Agradam também o dourado recheado de farofa bem úmida e o pintado assado inteiro. Em formato similar ao de um bife rolê, o linguado tem pedaços do filé mais secos e outros melhores, macios e molhadinhos. Para ficar numa receita com jeitão de caseira, fique no saint peter (sim, o festival não adota o nome tilápia para o peixe) ao molho de alcaparra e cogumelo-de-paris em conserva.
Tanto as bebidas quanto as sobremesas são pagas à parte. Para fechar a refeição na mesma tônica gulosa, peça uma gigantesca taça de morango com suspiro, chantili e calda de groselha. Custa R$ 15,00 e satifaz até três pessoas.