Novos planos da Cinemateca incluem modernização e mostra itinerante
"A Cinemateca precisa se mostrar ao público para que entendam o que ela é", diz Dora Mourão, diretora geral da instituição
A Cinemateca Brasileira, localizada na Vila Mariana, vive momentos positivos e com perspectivas cada vez mais amplificadas desde sua reabertura, que aconteceu em maio de 2022. De lá para cá, 125 mil visitantes foram recebidos no espaço.
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E a programação, sempre gratuita, segue firme e forte em 2023: os cinéfilos já puderam conferir mostras sobre Jean-Luc Godard, Cinema Novo Britânico, Cinema Alemão e clássicos do cinema nacional, entre outros. No entanto, os planos da direção vão além de montar boas programações na sede.
Em cerimônia realizada no último dia 7 de junho, a instituição anunciou o Projeto Viva Cinemateca, que contempla uma série de investimentos – incluindo a modernização e ampliação do espaço da Vila Mariana, projetos de recuperação, catalogação e digitalização de seu acervo fílmico e, para completar, uma programação cultural que vai passar por São Paulo e 12 cidades do Brasil.
“O Viva Cinemateca é uma junção de projetos que leva essa nomenclatura, no sentido de que estamos retomando o local. Este é um momento de renascimento”, afirma Dora Mourão, Diretora Geral da Cinemateca, antes de destacar que todos os responsáveis envolvidos, incluindo a Sociedade Amigos da Cinemateca, se envolvem com afeto e dedicação no trabalho de restauro e difusão de filmes.
Dora também diz que a restauração de clássicos é essencial para a memória. “No Brasil, não existe uma faculdade de preservação. Quem se dedica a essa área do audiovisual são pessoas de formação mais ou menos similar, que terminam de se formar aqui dentro. A Cinemateca é uma escola para técnicos especializados.”
O projeto será lançado em uma campanha que tem o objetivo de resgatar o papel do audiovisual na memória dos brasileiros e ressaltar a função da Cinemateca de ressaltar a história do Brasil. Nela, são feitas referências a dez grandes filmes e produções de TV nacionais, como Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto, Central do Brasil (1998), de Walter Salles, e a novela Mulheres de Areia (1973), da TV Tupi.
“Devemos sair daquela máxima de que aqui é um lugar onde se guardam filmes velhos. São filmes antigos, sim, mas fundamentais para a cultura e a formação da sociedade”, aponta Dora. A diretora diz ter consciência de que a instituição não é tão conhecida como deveria: “o local precisa se mostrar ao público, para que entendam o que de fato é uma Cinemateca.”
De agosto a dezembro deste ano, haverá ainda a mostra itinerante “A Cinemateca é Brasileira”. Uma seleção de 17 filmes, incluindo Bacurau, Ilha das Flores e Macunaíma, vai percorrer Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Canaã dos Carajás (PA), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luiz (MA) e Vitória (ES).
Cinemateca Brasileira. Onde: Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana. Horários do cinema: conforme grade de programação. As sessões de filmes são gratuitas. Site: cinemateca.org.br.
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de junho de 2023, edição nº 2846