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Em “A Mesma História Nunca é a Mesma”, você se sente dentro da pintura

Exposição de Luiz Zerbini em cartaz no Masp, a primeira grande mostra do artista em sua terra natal, expõe sua visão crítica em relação à história do país

Por Tatiane de Assis Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
14 abr 2022, 06h00
Pintura de Luiz Zerbini
 (Pat Kilgore/Reprodução)
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A exposição de Luiz Zerbini, A Mesma História Nunca é a Mesma, com curadoria de Guilherme Giufrida, está localizada no 2º subsolo do Masp.

Observá-la de cima das escadas que conduzem os visitantes até aquele pavimento pode despertar uma epifania — tem-se a impressão de entrar numa pintura do artista. As estruturas de ripas usadas para apresentar as obras, desenvolvidas pela arquiteta Lina Bo Bardi em 1970, lembra o grid, ou grade, muitas vezes visto nas telas dele. E as cores desse suporte remetem ainda à paleta de Zerbini, o que reforça essa sensação.

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O diálogo entre o arranjo expográfico e as obras é um dos pontos altos da mostra. A seleção de trabalhos, que conta com telas e monotipias, processo que congrega pintura, desenho e gravura, também é certeira e evidencia a verve crítica do artista em relação à narrativa oficial da história brasileira.

A visão de Zerbini contrária à romantização da colonização é percebida em A Primeira Missa (foto; 2014), que tem no primeiro plano uma mulher indígena da etnia krenak, imponente. Trata-se de uma releitura da pintura histórica de mesmo nome, de Victor Meirelles, datada de 1860, onde se vê uma pequena multidão de portugueses e representantes de povos originários em harmonia, como se a conquista do território não tivesse sido violenta.

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Essa mulher surge ainda em Canudos Não Se Rendeu (2021). Inédita, a tela foi elaborada a partir de uma imagem feita por Flávio de Barros num momento anterior ao desmantelamento físico da ocupação da Bahia, em 1897. Em uma tentativa de não tratar as pessoas que viviam naquele lugar como uma massa uniforme, Zerbini as individualiza por meio de cores e texturas.

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Notam-se diferentes personagens e estilos de retratar a figura humana, com referências a Portinari e a Picasso. “Eu fui pintando essa tela sem pensar muito. Muita gente trouxe essa comparação com Guernica (de Picasso). Acho possível fazê-la, mas se pensarmos que, na nossa história, essa (o fim de Canudos) foi a nossa Guerra Civil Espanhola”, diz o artista paulistano, radicado no Rio de Janeiro. Finalmente, depois de quarenta anos de produção, ele tem sua primeira grande exposição em um museu de sua terra natal.

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Masp. Avenida Paulista, 1578, Bela Vista, ☎ 3149-5959. Ter., 10h/20h. Qua. a dom., 10h/18h. R$ 50,00 (grátis às terças). Até 5/6. masp.org.br.

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Publicado em VEJA São Paulo de 20 de abril de 2022, edição nº 2785

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